A enorme e crescente variedade de valores, conhecimento, experiências e ideias cria oportunidades de discussão e crescimento. Na sociedade aberta em que vivemos, conhecer e interiorizar as ideias de outras pessoas é um exercício necessário e saudável — sendo, para tal, importante estarmos abertos a essas ideias, lendo ou sabendo escutar, compreendendo-as e exercendo pensamento crítico antes de as tomarmos como nossas. E todos esperamos que, assim, nos tornemos mais conhecedores, cultos e inteligentes.
Em nenhum outro momento da história da humanidade estivemos, sequer, próximos da situação atual no que diz respeito ao volume e variedade de informação disponível. Anualmente, são publicados em todo o mundo vários milhões de novos títulos de livros. Em agosto de 2021, existiam 1.900 milhões de websites na internet. As redes sociais são utilizadas por mais de metade da população mundial. Os utilizadores do YouTube veem mais de mil milhões de horas de vídeos todos os dias. Com a exceção das audiências de televisão, que têm diminuído ligeiramente, estes indicadores estão em constante crescimento e esta tendência irá continuar, à medida que cada vez mais pessoas, em todo o mundo, têm acesso a mais informação e às ferramentas necessárias para contribuir para a sua criação.
Sabemos que a maioria desta informação está relacionada com o entretenimento. Mas será que esta quantidade e variedade se traduz, também, em maior conhecimento, compreensão e inteligência? Queremos acreditar que sim, principalmente em quem já revela abertura a novas ideias. Parece existir uma consciência de que estamos todos ligados em algumas crenças e valores — levando a um alinhamento de uma diversidade de temas que atravessam as nossas comunidades de forma global. De facto, e apenas como exemplo, parece existir uma partilha crescente de perspectivas de vida no sentido da procura de maior liberdade pessoal nos mais diversos assuntos, incluindo direitos humanos, contra a discriminação, e até em comportamentos que, até há pouco tempo, eram considerados desviantes.
Esta evolução não se revela de igual forma já que, em muitas outras pessoas, a capacidade de abertura a novas ideias aparenta ser mais limitada. Ao depararem-se com um volume crescente de informação que contradiz os seus mapas mentais, rapidamente atingem a saturação. A variedade crescente de novas ideias com as quais não estão familiarizados pode assustar, criando desconforto, desconfiança e distância. Como tal, em vez de se abrirem, fecham-se; em vez de compreenderem, ignoram; trata-se de comportamentos que atravessam barreiras demográficas, económicas e culturais.
A realidade encontra-se entre estes dois extremos, num espectro tão diverso como o próprio número de indivíduos. Cada um de nós encerra em si uma combinação única de ideias, um universo próprio, multidimensional, fraturado, claramente incompleto, possivelmente incongruente e repleto de paradoxos. Em suma, o que faz de nós humanos! Estas diferenças parecem ser tão tangíveis como visíveis, desde os temas mais mundanos e subjetivos aos mais profundos e marcantes. O seu impacto nas nossas vidas e na forma de nos compreendermos a nós próprios, aos outros e ao mundo, é notório e profundo.
O que sucede, então, a uma sociedade quando não é possível chegar a um consenso sobre o que significa uma sociedade melhor e como esta pode ser construída? Ou quando não conseguimos chegar a um consenso sobre o papel da ciência e da tecnologia? Qual a importância da expressão artística para o desenvolvimento humano? Qual o valor da imigração e quais os benefícios de uma sociedade sem fronteiras? Em que situações se justifica uma guerra? Existem limites para a liberdade de expressão?
As diferenças de perspetiva são um reflexo necessário da subjetividade destes assuntos e alcançar consenso, nestes e noutros temas centrais para as nossas vidas, será certamente uma utopia. Ainda assim, todos beneficiaremos de diálogo e de fluxos de informação que permitam maior compreensão entre todos.
Quando éramos crianças, tudo parecia simples. Sem obrigações nem preocupações, perguntando incessantemente “Porquê?”, não nos apercebemos das realidades dos outros — nem sequer consideramos que a diferença exista. Atualmente esse padrão mantém-se, seja por excesso de simplificação, credulidade ou ingenuidade.
Para tal, precisamos de abandonar crenças e valores que nos impedem de aceitar a mudança. Ao derrubar muros e a construir pontes, as sociedades tornam-se mais abertas e sofisticadas. Se abrirmos os braços à diversidade de ideias e pessoas, juntos podemos criar prosperidade e abundância para todos, com maior sentimento de justiça e bem estar, com menos desigualdades e com maior empatia.
PONTES é o tema da próxima edição do TEDxPorto, que se realiza a 4 de março de 2023. Irás conhecer ideias e projetos disruptivos e inovadores, com impacto real na comunidade. Ideias e projetos que te irão fazer questionar, refletir, expandir horizontes e, acima de tudo, reforçar a esperança de um futuro positivo e partilhado entre todos. Vem mudar o mundo, uma ideia e uma pessoa de cada vez, começando por ti!
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