Dias do Rock
O meu primeiro Dia do Rock foi o dia em que descobri um LP da Janis Joplin do meu pai.
Era o Cheap Thrills, um disco de rock bem anos 70. Lembro que fiquei encantado com a capa do disco, maravilhosa, feita pelo Robert Crumb. Aquilo tudo me enfeitiçou, depois da primeira escutada a minha vida não foi mais a mesma.
As outras músicas não tinham mais tanta graça, não eram empolgantes, ou não tinham o clímax que eu esperava. Depois daquele disco a minha visão da música ficou diferente. Eu ainda não entendia o porque, mas não via graça. Meus pais deviam achar que era a adolescência chegando e todo aquele desejo por autonomia e rebeldia que vem com esta fase. Não era.
Fui conhecendo mais bandas, mais sobre som, outros estilos, variações do tema e entrando cada vez mais fundo nesta história de rock. Neste momento da minha vida eu já usava o rock para me definir como pessoa. Era uma premissa básica para um bom relacionamento. Eu simplesmente não tinha outro assunto. Isso dificultava a relação com que não curtia nada sobre o assunto.
Em determinado ponto da minha vida eu decidi que só escutar rock não era o suficiente, eu precisava mergulhar ainda mais, não dava pra ficar só como expectador, eu precisava ser protagonista também. Cismei de aprender a tocar guitarra para ter uma banda e ter meu próprio rock. Foi um processo longo, mas a persistência era recompensada com mais conhecimento e mais empolgação sobre o assunto.
No fim das contas foi uma decisão permanente, eu não tinha entendido, mas havia decidido fazer parte de uma cultura e não só escolhido um ritmo preferido.
Este texto foi só pra mostrar como esse som teve impacto na minha vida.
E também para fazer um paralelo, já que você pode estar pensando que ele não teve impacto na sua: você consegue imaginar um mundo em que o rock nunca existiu? Sem tudo que veio depois e por causa dele? Eu não.
Thiago Machado, Coordenador de Social Media da FOUNDERS.