Caminhar no Centro

Maria Helena Alvim
1 min readFeb 1, 2018

Precisei ir ao Centro renovar minha identidade. Como estava com o dia livre, inventei de ir da Paulista à Sé a pé. Sete km de caminhada, com trechos feios, de fazer cara de mau e colocar a mochila pra frente. Mas também com almoço baratinho no Sesc do Carmo e problemas resolvidos em 10 minutos no Poupatempo. A segunda parte da aventura era uma nova caminhada, agora até a Vila Madalena, mas não deu. Virei a curvinha do Solar da Marquesa e tinha uma exposição de velhos folhetos. Aquela casa linda, o sol filtrando, um silêncio. Estava, mais uma vez apaixonada pelo Centro. Depois cruzei o Pátio do Colégio, fotografei o obelisco, os prédios antigos. Namorei a ideia de ir ver o Picasso no CCBB mas a fila era enorme. Eu estava no Centro, porque parar? Continuei andando e quebrei na ruinha que dá no Largo do Café. Lá onde tem um dos meus cafés preferidos, escondido entre uma loja de doces e o Restaurante dos Bancários. E era, como sempre, lindo, calmo, o jazz tocando, gente namorando. E eu fiquei aqui pensando em como conhecer o Centro é como conhecer uma pessoa. Conhecer os seus perigos, suas estranhezas e seus defeitos. Mas também a sua beleza inesperada, os tesouros guardados, suas ruas escondidas. O risco é só o de acabar se apaixonando.

--

--