Apocalipse Instagram

Lembra daquela vez que a rede social avisou que limitaria o alcance das postagens e elas seriam classificadas por relevância? E aí, bateu um pânico e várias pessoas, blogueiros e algumas marcas pediram que seus seguidores ativassem as notificações “para não perder nada”?

Mariana Klein B
4 min readMar 29, 2016

Parece com estes dias, fim de março de 2016, né? Mas estou falando de março de 2014.

Na época, fontes ligadas ao Facebook declararam que um novo algoritmo entraria em funcionamento, o que barraria o alcance orgânico das páginas em 1% a 2 %. E, da mesma maneira que estamos vendo agora, quem pouco entende do assunto correu para tentar garantir seu lugar ao sol. Só que, em algum momento, a estratégia deu errado.

Imagine só: você assina notificações das suas 5 marcas preferidas e dos seus 5 blogs preferidos. Vamos considerar que as marcas postem 1 vez ao dia, isso já dá 5 notificações a mais diariamente. Até aí tudo bem. Mas os blogs postam, em média, 5 vezes ao dia, o que garante mais 25 notificações, 30 no total com as das marcas.

Assim, não leva mais que uma semana para os seguidores desativarem as notificações, afinal, quem quer ter seu dia invadido por alguém querendo vender algo?

Em 2014 foi isso que aconteceu, com o tempo os usuários acabaram desativando as notificações e se afastando daquelas páginas, e não adiantou espernear.

O Facebook se profissionalizou e forçou as páginas a se profissionalizarem também. Dois anos depois, é praticamente impossível pensar em uma estratégia 100% orgânica para uma marca no Facebook (no Twitter um algoritmo semelhante também já entrou em funcionamento há algumas semanas), e isso passará a valer para o Instagram.

Dizem que lá em 2014 uma dessas fontes do Facebook disse “The free ride is over” ou seja “Acabou o almoço grátis”, e não há razão para acreditar que nas outras redes gerenciadas pelo Facebook isso seria diferente (já pensou quando chegar ao WhatsApp? E vai chegar).

A questão é que qualquer empresa precisa trabalhar dentro de um modelo economicamente sustentável, e todo mundo já está pagando para usar seus serviços, mesmo quem pensa que usa de graça. Toda vez que você usa o Facebook para conversar com um amigo, usa o WhatsApp para comentar a novela, usa o Instagram para fazer check-in em um restaurante, curte uma página e compartilha um vídeo de gatos (cabritinhos, bebês, cachorros ou ursos) fofos, você está pagando pelo serviço com os seus dados, interesses e comportamentos. E isso vale muito.

Essa moeda é tão valiosa que não tem como ser entregue de graça para as marcas.

Então, para quem não aprendeu a lição há dois anos, vai a dica de como lidar com este momento de forma profissional¹:

Trabalhe seu produto ou serviço de forma estratégica nas redes sociais, invista em bom conteúdo, mobilize sua equipe e embaixadores de marca para contarem da melhor forma a história do seu negócio. Não existe fórmula mágica e há vários profissionais preparados para te ensinar o melhor caminho a seguir.

Invista em compra de mídia. Quando comparada aos meios tradicionais (offline), a mídia digital requer verbas menores para resultados ainda mais qualificados — justamente porque todos os usuários pagam pelo uso com seus dados.

Pense sua estratégia de comunicação em múltiplos canais: redes sociais, blog, e-mail marketing, site, landing pages, etc., e entenda que, quanto mais fácil for para o consumidor te encontrar, maior é a chance de criar um relacionamento com ele.

E, por favor, para de pedir para as pessoas ativarem notificações. Se não mudou nada em 2014, por que mudaria agora?

¹ Vale lembrar que praticamente nenhuma mudança em sites de redes sociais acontece com data marcada, pode levar de 6 meses a 1 ano para que qualquer mudança valha para todos os usuários. Dizer que 29/03 é o dia em que tudo vai mudar para todo o mundo é um alarmismo que representa desconhecimento do funcionamento básico desses sites e seus serviços, e representa um desserviço para todos os usuários das redes.

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Mariana Klein B

professora, empreendedora, social media analyst, cantora de chuveiro e cozinheira.