Capa e projeto gráfico sensacionais da genial Luciana Steckel.

[biblioteca: amando o amor de alguém]

monica march
a panaceia

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Que tema polêmico. Nem consigo contar as vezes em que fui julgada, criticada e maltratada por ter sido personagem de uma história de amor que envolvia uma pessoa já comprometida e - muito pior - ainda ter tido a audácia, o descaramento, de escrever um livro sobre o tema.

Amando o amor de alguém — quando a história pode dar certo e garantir felicidade para todos os envolvidos foi meu primeiro livro. E se engana quem acredita que não foi doloroso escrevê-lo, mesmo que (contrariando todas as estatísticas e expectativas) minha história tenha sido uma das que teve um final feliz para o que a sociedade estabelece como felicidade - já que fui casada com essa pessoa por algum tempo.

Assim como estive do lado traidor, também fiz parte do time dos traídos por diversas vezes. É difícil aceitar que não temos o controle nem sobre o outro, nem sobre qualquer outra coisa em nossa vida. Mas a verdade é que, a partir do momento em que vivemos uma relação a dois, passamos a correr o risco de que uma terceira pessoa apareça e complique tudo. Ou não. Demorei muito para entender que, mais importante do que fidelidade, o que realmente conta ao estarmos nos relacionando com alguém é a lealdade.

Veja, são coisas bem diferentes. Uma pessoa não precisa necessariamente ser fiel para ser leal. Tudo depende do que ela e a outra pessoa acordaram quando começaram um compromisso. Ficou combinado que iriam sair apenas os dois, que se bastariam? Muito bem. Então que sejam leais a esse acordo. Se desde o primeiro momento fica determinado que podem existir outras pessoas, então quando isso acontece não há traição, a lealdade continua intacta. Mas isso é tema para um outro artigo.

Ninguém no mundo está isento de se apaixonar por alguém que já tem uma outra pessoa a seu lado. Eu vi muita gente me julgando e caindo na mesma armadilha. Um dia você percebe que se apaixonou e - voilà - não há mais tempo para fugir.

Meu livro esteve no 9º lugar na lista de mais vendidos em uma grande rede de livrarias por algumas semanas depois do lançamento e imagino que teria vendido muito mais se tivesse tido uma distribuição melhor ou se eu estivesse em um país de língua inglesa. Credito esse sucesso à falta de discussão sobre o assunto, à lacuna do silêncio instituído pelo medo do preconceito. É difícil colocar a cara a tapa e admitir aquilo que muita gente passa uma vida inteira escondendo. A ideia, quando escrevi, foi trazer isso mais para a superfície, mostrar que dá para minimizar os estragos se as pessoas, em primeiro lugar, aceitarem o que está acontecendo. Nada de varrer para baixo do tapete. É o meme ~aceita que doi menos~ em uma das suas mais fortes representações.

Direto do Facebook de uma amiga em comum. Surpresas que me fazem pensar que acertei de alguma maneira ao escrever o livro.

Eu me expus e não me arrependo. Recebi olhares de julgamento, ouvi comentários maldosos. Mas nada se compara aos abraços apertados e lágrimas emocionadas. Até hoje, pessoas — mulheres e homens (sim, homens também) — que leram o livro me enviam mensagens de agradecimento por dividir o que vivi com elas, por entender que tudo tem dois lados, por mostrar caminhos para que a história possa terminar, se não bem, pelo menos da melhor maneira possível, com menos sofrimento. Isso é extremamente gratificante. Saber que minhas palavras ajudaram de alguma forma a aliviar a dor, a diminuir o medo.

O livro infelizmente não está mais disponível nas livrarias, mas é possível comprar diretamente comigo clicando aqui.

Conhece o livro? Leu? Me conte, por favor, o que achou.

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monica march
a panaceia

ando descalça pela vida • editora do a panaceia ••• i walk barefoot through life • editor of her view