A jornada dos Rogue-lites

Raphael Dusi
Água de Salsicha
Published in
3 min readJun 9, 2016

Morrer e perder tudo sempre foi moda nos joguinhos.

Para falar desse gênero tão único que são os roguelites (ou rogue-lites, realmente não existe um consenso em como se escreve) é importante explicar o que é, o que são e do que se alimentam. Mais especificamente é importante diferenciar roguelite de roguelike (a diferença é grande, eu juro).

O termo Roguelike é utilizado como uma forma simples de descrever jogos que se pareçam com o Rogue. Acho que o nome dá a dica, né? (Rogue + like —“similar a Rogue”). Esse tal de Rogue, lançado em 1980, foi um daqueles casos raros no qual um jogo é responsável por influenciar inúmeras gerações de jogos, tendo sua marca forte até hoje —afinal, 2 grandes gêneros de jogos foram nomeados em homenagem a ele.

Acredite, essa coisinha verde é um aventureiro.

Neste jogo você é um simples aventureiro explorando calabouços cheios de inimigos e tesouros, até aí nada de novo (mesmo pros anos 80). O que impressionou na época foi o elemento infinito do jogo, você nunca passava pela mesma fase duas vezes. Isso foi possível porque era um dos primeiros jogos a ter fases inteiras geradas pelo computador, o que hoje é conhecido como “geração procedural”. Esse atributo de Rogue permitiu que seus jogadores ficassem horas seguidas completando fases e só terminando quando morriam (no jogo, é claro).

Rogue impressionou muita gente e criou um novo interesse no mercado de games: jogos parecidos com Rogue — os Roguelikes.

Nethack (1987) — eu não consigo nem começar a descrever o que está acontecendo.

Jogos como Nethack e Dwarf Fortress começaram a aperfeiçoar esse gênero adicionando novos temas e mecânicas, mas nunca saindo do essencial:

  • permadeath (se morrer perde tudo)
  • fases geradas por computador
  • explorando calabouços

Só que aí temos um grande ‘problema’… Esse tipo de jogo é MUITO difícil. Não é à toa que você talvez nunca tenha ouvido falar sobre nenhum desses jogos, eu mesmo nunca ousei enfrentar um jogo desses. Por isso, um novo gênero começou a nascer: jogos que fossem tipo roguelikes só que não tão difícil assim — os Roguelites.

Rogue Legacy (2013) Um dos roguelites mais divertidos que existe.

Diversos desenvolvedores de jogos passaram a explorar novas possibilidades com aquele essencial antigo dos roguelikes. Além disso o visual começou a tomar um rumo mais interessante que aqueles jogos feitos em ASCII, natural para a capacidade de processamento dos computadores de hoje. Exemplos como Don’t Starve, Darkest Dungeon e The Binding of Isaac possuem um estilo artístico inconfundível, daqueles que te dá vontade de ficar só olhando o jogo.

Don’t Starve (direita) e seus traços num estilo Tim Burton; e Darkest Dungeon (esquerda) com seu estilo tenebroso e sombrio.

Vale dizer que o roguelite não é necessariamente mais fácil (FTL tá aí pra provar), mas eles costumam ter elementos que incentivam o jogador a continuar jogando mesmo que morra. Desbloquear armas, personagens, inimigos, história e etc… são essenciais pra atrair público para um jogo desse gênero e manter o seu interesse por um tempo maior.

Existe um grande número de roguelites lançando a cada ano. Apesar de ser um gênero mais comum no PC ele tem tomado o seu espaço nos consoles e portáteis com seus jogos insanamente divertidos e mecânicas inovadoras. A minha intenção aqui era te apresentar a evolução orgânica que o mundo dos games sofre em seus gêneros cada vez mais mesclados. Num próximo post, farei uma lista com um TOP 15 roguelites mostrando as inovações em mecânica, arte e narrativa que esse gênero trouxe pros videogames.

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