A sonzera revolucionária de The Strokes volta ao Brasil

Rafael Barreto
Água de Salsicha
Published in
4 min readMar 25, 2017

A música rock do século XX passou por diversas revoluções. Chuck Berry, Elvis Presley, The Beatles, The Rolling Stones, Velvet Underground, Led Zeppelin, Black Sabbath, The Smiths, Nirvana. Bandas geniais que abriram portas, marcaram época e criaram um estilo, influenciando dezenas de outros aspirantes artistas a pegarem seus instrumentos e explorarem os novos ramos criados. O rock sempre se reinventou, mesmo quando alguns o davam como morto. Colocar The Strokes nesse rol não é nenhum exagero. É aonde ele merece estar. E com honras.

O grupo nova-iorquino abriu o novo século trazendo de volta algo que o rock há muito tempo havia esquecido: o rock de garagem. Sem devaneios e sem o glamour da fama popularizado pela MTV, The Strokes trouxe de volta a música pela musica. Sem pressões do mainstream, sem ter que fazer videoclipes para se vender, eles surgiram prontos, preparados para a mudança que iam fazer e o mundo comprou a ideia.

A situação financeira ajudou, é inegável, mas apesar de membros da elite, as portas não se abriram tão facilmente. Conteúdo é necessário e Julian Casablancas, o líder da banda, já tinha escutado Lou Reed e Ramones o suficiente para saber o que estava fazendo e o quão original aquilo era. Perfeccionista comparável a gênios como Bruce Springsteen e Brian Wilson, Casablancas só queria mostrar sua música ao mundo quando estivesse perfeita. Foram meses de prática e ensaio antes mesmo de fazerem o primeiro show. Quando estrearam no palco já tinham todo o material de Is This It pronto. E que material!

Considerado como um dos melhores álbuns de estreia da história e talvez o álbum mais importante da primeira década dos anos 2000, Is This It deixou a crítica de boca aberta, sendo chamado de o “álbum que salvou o rock”. Exagero? Talvez, mas é uma obra-prima. Músicas simples tocadas de forma complicada, o vocal único e flutuante de Casablancas que o rock precisava e guitarras que duelam de forma original e agressiva fizeram Is This It marcar época e ainda se manter atual, desde as batidas trovejantes de The Modern Age até o riff provocante de New York City Cops.

Is This It não só colocou a banda no mapa como começou um movimento que inspiraria diversas outros grupos que viriam a seguir, como Arctic Monkeys e The Killers. Trouxeram o cool de volta em época de bandas alternativas que já não eram exatamente jovens. O segundo álbum, Room of Fire apenas bateu o martelo para as dúvidas que dividiam as plateias: The Strokes não são apenas um grupo de meninos ricos que estão brincando de fazer música, mas uma banda de verdade que veio para acrescentar qualidade às trilhas sonoras do planeta.

Ultimamente a banda tem feito apresentado um som totalmente diferente, misturando elementos do indie com o new wave, sem abdicar da sua notável posição vanguardista. Os últimos álbuns emplacaram hits como Under Cover of Darkness e Taken for a Fool, mas não tiveram o mesmo impacto que o início da carreira. Desde 2011, Julian Casablancas e sua trupe vem se reunido pouco, tocando em alguns festivais quando não atrapalham os projetos solos dos músicos.

The Strokes em 2016

Quem for no Lollapalooza esse domingo terá a oportunidade de presenciar algo raro e especial. Será o segundo show dos The Strokes que não têm tido o costume de fazer turnês para promover seus trabalhos e pode muito bem ser a última vez que veremos o quinteto em atividade. Os felizardos serão presenteados com uma noite que entrará para a mitologia da música rock internacional no Brasil. O show será curto mas marcante e se fizer alguém pegar uma guitarra para começar uma banda, eles terão mais uma vez cumprido seu trabalho.

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