Ah Ahá! A cabeça do Escobar!
Depois do sucesso da primeira temporada, El Patrón voltou, ou melhor, fugiu…
Em muitos casos, é difícil manter um padrão de sucesso, quando temos uma temporada de estreia arrebatadora, a pressão é grande, a expectativa se faz presente e, normalmente, a frustração é iminente. Contudo, não foi esse o caso de Narcos. Com uma trama envolvente do primeiro ao décimo episódio, a continuação da saga de Pablo Escobar conseguiu empolgar muito mais do que a primeira temporada. O desenvolvimento ocorre de forma interna, no núcleo da família de Pablo, quanto de forma externa com a introdução definitiva do Cartel de Cali e das interferências norte-americanas.
O começo da segunda temporada nos leva a continuação direta da fuga de Escobar de “La Catedral”. É nesta cena que o auge de Pablo é apresentado, ao se ver totalmente cercado por um grande grupo militar fortemente armado, seu poder de intimidação é utilizado. Pablo Escobar simplesmente segue sua trajetória livremente e logra exito em sua fuga. Daí em diante, a jornada do narcotraficante inicia sua fase descendente.
Enquanto a primeira temporada serviu para introduzir a ascensão de Escobar e sua total capacidade de lidar com o governo colombiano, a segunda nos mostra sua dificuldade de lidar com o surgimento de novos inimigos, como o grupo paramilitar/traficante Los Pepes, e sua crescente preocupação com a segurança de sua família.
Esta temporada destrói qualquer tipo de maniqueísmo da série. Teria tudo para ser uma história contada de forma simples, um narcotraficante do mal sendo combatido por agentes norte americanos e militares colombianos do bem. A primeira temporada até se aproxima um pouco desse viés, mas a segunda se afasta completamente. Por nos trazer de vez para o interior do núcleo da família Escobar, sem querer acabamos nos apegando a inocência dos seus filhos e, até mesmo, pela situação em que se encontram a mãe e a esposa de Pablo. Paralelamente, o surgimento de “Los Pepes”, que podem ser considerados os vilões do vilão, em fim mostra que alguém é capaz de eliminar Escobar. A forma extremamente maligna de realizar suas ações, automaticamente nos afasta de qualquer tipo de simpatia pelo grupo que visa acabar com Pablo.
Javier Peña, presidente Gaviria e coronel Carrillo, que tinham seu lado bem definido, passam a demonstrar, indiscutivelmente, falha de caráter ao buscar de qualquer forma a queda de Pablo, o que ajuda a enriquecer a história. O presidente Gaviria que, até então, era apresentado como bom moço, passa a ignorar a presença do grupo de extermínio em Medellín, visando lucrar com o fim de Escobar. O Coronel Carrillo retorna de Madri com “sangue nos olhos” para se vingar de Pablo e protagoniza uma das cenas mais fortes da temporada, na qual perde totalmente a razão e praticamente o descartamos da função de herói. Até mesmo o agente Peña, juntamente com Murphy, protagonista da série e grande caçador do narcotraficante, se vê bloqueado pela burocracia do sistema e por seus superiores norte americanos e resolve se aliar parcialmente a “Los Pepes” na caçada a Escobar.
O próprio Pablo que protagoniza algumas cenas até mesmo carinhosas com sua família em boa parte da temporada ao perceber que seu império está ruindo, com a captura ou morte de praticamente todos os seus mais fiéis sicários, rapidamente nos lembra da forma mais implacável qual o seu lado na história e reinicia seus planos de atentados brutais contra civis colombianos.
O PRÓXIMO PARÁGRAFO DISCUTIRÁ O FINAL DA SEGUNDA TEMPORADA E O QUE PODEMOS ESPERAR DA TERCEIRA, PORTANTO HAVERÁ “SPOILERS”
O PRÓXIMO PARÁGRAFO DISCUTIRÁ O FINAL DA SEGUNDA TEMPORADA E O QUE PODEMOS ESPERAR DA TERCEIRA, PORTANTO HAVERÁ “SPOILERS”
Os dez episódios convergem para um final esperado, mas talvez não tão breve. Como foi dito aqui mesmo nas expectativas para a segunda temporada (clique aqui), a morte de Pablo Escobar era esperada. Não sabíamos ainda de forma exata cronologicamente onde a série estava, mas a aparição de novos personagens, como o Cartel de Cali, indicava que poderia ocorrer uma troca definitiva de comando no tráfico colombiano. Talvez a construção da morte poderia ter sido feita de forma mais inesperada, para conseguir causar algum impacto maior em quem assistia, o fato de tudo ter convergido para isso, tirou um pouco da emoção. A grande pergunta que os fãs estão se fazendo é: E agora? É uma grande incógnita. A Netflix já garantiu temporadas 3 e 4 para Narcos. Há até quem está reclamando que com poucos dias de temporada 2 disponibilizada já havia anúncios nas redes sociais da própria Netflix o aviso da morte de Escobar e do prosseguimento da história. Bom, voltando a expectativa, a produção terá que fazer um milagre para manter o nível da série. Muita gente só percebeu agora que o nome é Narcos, não Pablo Escobar. O carisma de Pablo sempre teve papel fundamental. Seus sucessores até agora não apresentaram nem metade desta característica. Gilberto Rodriguez, aparentemente o grande traficante do terceiro ano de Narcos não cativou o público e tudo indica que ele terá função importante no prosseguimento da história. O que realmente empolga para a continuação é o que ocorrerá com Peña, em uma tensa situação entre CIA e o narcotráfico, que deixou pouca explicação e fatalmente será melhor trabalhada na terceira temporada. Nos resta aguardar, infelizmente um longo ano!