Egon Schiele: um artista polêmico, um filme nem tanto assim

Caio Simão
Água de Salsicha
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4 min readJul 20, 2018

Por Arthur Ferraz

Hoje (dia 19 de junho) teremos a estreia de Egon Schiele: Morte e Donzela. O filme conta a história do pintor austríaco Egon Schiele, um dos maiores de sua época e responsável, junto com seu mestre Klimt, por contrapor o conservadorismo da época. O longa é dirigido por Dieter Berner, além de ser estrelado por Noah Saavedra (Egon Schiele), Valerie Pachner (Wally Neuzil), Maresi Riegner (Gerti Schiele), dentre outros.

Sinopse

Egon Schiele é um jovem artista que, cansado dos padrões estilísticos de sua época, larga a escola de artes e resolve traçar seu próprio caminho. Cercado por muita polêmica, incluindo até mesmo uma breve passagem pela cadeia, o pintor vai lutar contra todos para poder se expressar como deseja.

Pontos fortes:

O filme é muito eficiente ao estabelecer sua ambientação. Desde fotografia até trilha sonora, tudo contribui para a trama de forma inteligente. Cores quentes e vibrantes acompanham a vida boêmia e sonhadora do início da carreira de Egon. Ao decorrer da trama, tons frios e pastéis vão tomando conta da tela, porém tudo sem perder o tom idílico.

A trilha sonora não só acompanha a dramaticidade da história como é fundamental para nos ambientar na Viena do início do Século XX, ponto para André Dziezuk, que assina a trilha. Além disso, as cenas que utilizam drones são muito interessantes, nela percorremos as ruas da capital austríaca de forma a nos aproximar daquele ambiente.

O elenco é outro ponto forte do filme. Noah Saavedra está muito bem no papel de Egon, um personagem bastante complicado devido a frieza do pintor. Outro destaque fica para as atrizes Valerie Pachner e Maresi Riegner, que são muito precisas em ditar o tom dramático do longa. Além disso, Noah e Valerie possuem uma química invejável, que torna quase impossível não torcermos para o casal.

Pontos fracos:

Dieter Berner, diretor e roteirista, parece ter se perdido um pouco ao escrever o roteiro. É notável que Dieter admira Egon, o trabalho histórico é realmente admirável. Entretanto, o excesso de acontecimentos torna a trama inchada e até mesmo um pouco enfadonha. Schiele possui diversos aspectos interessantes em sua vida, porém estes são apenas pincelados e possuem pouco, ou nenhum, peso dramático. Se houvesse um maior foco em questões específicas da vida do artista, certamente teríamos um filme mais redondo.

Outra questão bastante complicada é como o filme lida com as questões polêmicas de Schiele. Além do problema já citado de superficialidade, existe uma espécie de condescendência com atitudes do pintor que são, no mínimo, questionáveis. Para um filme que se propõe a falar de arte e permear temas tão complexos, faltou ousadia.

Saldo Final:

De forma geral, o saldo é positivo. Egon Schiele possui uma estética muito interessante e técnica apurada, embora peque em questões fundamentais de roteiro. O filme fica em cima do muro ao se decidir entre ser popular e ser cult, de forma que ele irá agradar praticamente qualquer público, apesar de não ser muito memorável.

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Caio Simão
Água de Salsicha

Crítico de Cinema e apaixonado também por diversos tipos de esportes. É vascaíno fanático e ama o Marvin, seu cachorro. Nas horas vagas, é Engenheiro Químico.