Pela primeira vez, estamos verdadeiramente ansiosos pelo próximo filme dos Vingadores

Matheus Ferreirinha
Água de Salsicha
Published in
5 min readApr 29, 2018

Ninguém pode negar que a maioria dos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel é envolto de grandes expectativas. Entretanto, após 10 anos e um total de 18 longas, é natural que nos acostumemos com esse ritmo frenético de estreias, fazendo com que tudo pareça mais do mesmo. Felizmente, ‘‘Vingadores: Guerra Infinita’’ foi mais do que capaz de renovar nossa antiga ansiedade adolescente de chegarmos na última página de um quadrinho e não aguentarmos esperar a próxima edição.

Tendo acumulado os acontecimentos dos 18 filmes que o precedem, o novo longa é uma espécie de homenagem a toda a história da Casa das Ideias. Finalmente trazendo aos cinemas um dos maiores vilões nos quadrinhos, fica evidente seu protagonismo independente de dividir seu tempo de tela com um total extravagante de 56 heróis. Mesmo tendo aparecido brevemente em “Os Vingadores” e em “Guardiões da Galáxia Vol. 1”, pouco sabíamos sobre os interesses de Thanos nas Joias do Infinito. Com isso, ficamos com a sensação de promessa cumprida ao sermos apresentados a um vilão real, profundo e crível que é quase capaz de convencer o público para seu objetivo de destruição.

Além de ser uma jornada de busca por poder, o filme traz um enredo muito mais dramático do que qualquer outro do Universo Cinematográfico da Marvel. Conhecendo o passado de Thanos com sua filha adotiva, Gamora, somos apresentados a uma trama complexa de amor e ódio entre os dois. Esse aspecto revela claramente a participação de Anthony e Joe Russo, repetindo o tom mais sério de “Soldado Invernal” e “Guerra Civil”. Isso traz ainda mais comoção aos acontecimentos em tela que faltou na maioria dos filmes anteriores. A despeito disso, os Irmãos Russo não deixaram de aproveitar os personagens cômicos de forma precisa e necessária.

Com a união de todos os heróis em um só filme, era natural que os encontros mais inesperados gerassem inúmeras gargalhadas. Seja pela competição entre o arrogante Tony Stark e o misterioso Dr. Estranho ou pela naturalidade de Peter Parker em brincar diante do perigo, o longa suaviza a imensa quantidade de núcleos paralelos e torna tudo compreensível mesmo para os fãs menos ávidos. Além disso, temos o carismático Senhor das Estrelas tentando esconder de forma não muito eficaz sua insegurança frente ao musculoso e viril Deus do Trovão. Se não bastasse, ainda há as pequenas atualizações para Bruce Banner de tudo que ocorreu desde sua partida, sendo uma espécie de piada com a extensa trajetória da Marvel Studios nos últimos dez anos.

Mesmo assim, “Vingadores: Guerra Infinita” é consciente dos erros ocorridos nos filmes anteriores. Restringindo a comédia apenas ao encontro inicial dos personagens, o longa mescla de forma ideal os gêneros que representam de forma fiel o tom de um quadrinho de super-herói. Aliado a multiplicidade de heróis, poderes e cenários, o público parece ser guiado pelas diversas revistas que compõem uma saga da Marvel. Enquanto alguns heróis tentam proteger as Joias do Infinito, outros lutam em missões paralelas para buscar um modo de derrotar o Titã Louco. Desse modo, a expectativa para o confronto final aumenta a cada minuto, trazendo ainda mais impacto às belíssimas cenas de batalha saídas diretamente das splash pages dos quadrinhos.

É evidente o esforço por parte dos Irmãos Russo para equilibrar o tempo de tela dos diferentes heróis. De fato, todos os personagens tem algum destaque sem perder sua identidade vista nos filmes anteriores. Entretanto, alguns dos nossos protagonistas deixam a desejar. Mesmo como líderes de um dos núcleos, Capitão América e Pantera Negra não mantém a importância esperada pelos fãs. Além disso, novamente as personagens femininas são eclipsadas pelo enredo. Enquanto a Viúva Negra e Okoye são apenas lutadoras para comporem o cenário, a Feiticeira Escarlate sofre com seu papel de esposa indefesa mesmo sendo uma das mais poderosas de toda a equipe.

O maior problema de “Vingadores: Guerra Infinita” é também seu maior acerto. Como muitos temiam, o longa funciona como a primeira parte na luta contra o tirano Thanos, deixando grande expectativa para o próximo encontro dos heróis. Porém, isso foi feito de modo impecável, conseguindo encerrar o arco apresentado de forma dramática sem parecer que a história foi contada pela metade. Deixando os fãs ansiosos por seu trágico fim, a Casa das Ideias foi capaz de tornar o filme ainda mais épico sem desrespeitar os fãs.

Talvez não seja o melhor filme da Marvel, mas com certeza é um marco de uma nova fase com mais seriedade e qualidade. Independente do futuro, é preciso coragem para tornar o filme mais aguardado de super-heróis de todos os tempos em uma jornada do vilão. Agora podemos apenas contar os dias para os próximas estreias para vermos novamente esse incrível universo!

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Matheus Ferreirinha
Água de Salsicha

Amante de livros, quadrinhos, séries e filmes. Jogador em tempo integral. Escritor amador. Médico nas horas vagas.