Top 10 Filmes de 2017 que você não viu
Na semana passada vocês acompanharam nossa eleição dos melhores filmes de 2017. Hoje faremos algo um pouco diferente, vamos eleger os melhores filmes que você não viu de 2017. Para que você não nos ache prepotente, o termo “você não viu” significa apenas que a produção não teve muita repercussão ou, no mínimo, não tanto quanto merecido. Então se você quer montar uma listinha para assistir, impressionar a/o crush ou apenas pagar de cult no bar, segue com a gente!
10. Bom Comportamento (Good Time)
Se Robert Pattison ficou marcado como o sensível vampiro Edward, seu mais novo personagem quebra radicalmente com essa imagem. Connie é um criminoso que alicia o próprio irmão, Nick, para realizar um assalto a banco. Porém Nick sofre com transtornos psicológicos e acaba se atrapalhando na fuga. O que se segue é uma sequência de infortúnios para que os irmãos saiam impunes da situação. Embora a trama seja simples, o senso de urgência está presente o tempo todo. Bom Comportamento é daqueles filmes com ritmo tão intenso que não permitem um respiro ao espectador.
9. Primeiro Mataram o Meu Pai (First They Killed My Father)
Uma das coisas mais interessantes que a Netflix tem feito nos últimos tempos é o investimento e distribuição de obras regionais. Nesse contexto surge o cambojano First They Killed My Father que, apesar de ser dirigido pela Angelina Jolie, conta com todo o elenco local. Na história acompanhamos Loung, uma menina de família abastada que vai perdendo tudo após a tomada do poder pelo grupo radical Khmer Vermelho. A trama se desenrola na década de 70 pós-guerra do Vietnã e com o Camboja se tornando palco de conflito entre grupos armados cambojanos e vietnamitas. Embora o filme seja pouco informativo em relação aos fatos históricos, ele é eficiente ao mostrar a visão de uma criança sobre os terrores de uma zona de conflito. Mesmo com uma trama simples, o filme choca e escancara uma realidade que estamos pouco acostumados de forma humana e muito delicada.
8.Marjorie Prime
Marjorie Prime é um filme independente baseado em uma peça de teatro de mesmo nome. Nele temos a história de Marjorie, uma senhora de 86 anos que é acompanhada por uma simulação de seu falecido marido, Walter. A trama se desenrola com Marjorie contando histórias para ele de forma a melhorar sua programação. Porém ele está se tornando uma simulação de Walter ou das memórias que ela tem de Walter? A trama explora essas e muitas outros questões relativas a memória, perda e passado. Marjorie Prime é difícil de digerir e nos faz repensar diversos aspectos da nossa vida. Embora a história seja extremamente bem desenvolvida, ele peca em utilizar pouco o potencial cinematográfico, se limitando a ser uma peça de teatro filmada. De qualquer forma, é um filme obrigatório para quem gosta de refletir sobre assuntos espinhosos.
7. Natureza Selvagem (Wind River)
A questão do índios americanos já foi representada diversas vezes em produções sobre velho oeste. Porém poucas vezes é falada sobre essa população nos dias de hoje e Natureza Selvagem procura corrigir esse defeito. A trama se inicia com um assassinato de uma menina na reserva indígena de Wind River. Cory, que é uma espécie de guarda florestal, ajudará a agente do FBI Jane a resolver o caso. A história principal gira em torno da investigação do caso e seus reviravoltas. Porém o mais interessante do filme está em sua construção de ambiente. Ele se passa em um local que convivem índios e o homem branco de forma amigável, porém existem diferenças culturais e até mesmo uma espécie de desconfiança entre eles. Natureza Selvagem é mais um daquele filmes que até possui uma trama interessante, porém o mais legal é o ambiente que envolve a trama.
6. Colossal
O uso de monstros para representar problemas humanos é um artifício bastante comum, porém poucas vezes ele foi usado de forma tão direta como em Colossal. Aqui temos a personagem Gloria, estrelada por ninguém menos que Anne Hathaway, uma jornalista que volta a sua cidade natal a fim de tirar um tempo para si. As coisas começam a ficar estranhas quando ela percebe as semelhanças suas atitudes e um monstro gigante que aparece atacando a cidade de Seoul. O filme consegue mostrar com delicadeza as nuances do problema do alcoolismo, porém sem perder a firmeza no discurso. Com o sério risco de ser moralista, ele se sai muito bem colocando em primeiro plano a aventura com as criaturas. Com uma divulgação fraca e estreando no Brasil na mesma semana que Mulher-Maravilha e Baywatch, Colossal passou batido para grande parte do público, merecendo seu lugar nessa lista.
5. Doente de Amor (The Big Sick)
Não é de hoje que a Amazon vem investindo em produções originais e Doente de Amor foi provavelmente seu maior sucesso de 2017. O filme funciona como uma autobiografia do ator Kumail Nanjiani que, após um de seus shows de stand-up, conhece a bela Emily. Rapidamente o casal se forma e a química é impressionante, porém as questões culturais acabam abalando o relacionamento. Aqui temos todos elementos que formam uma boa comédia romântica: momentos engraçados, o conflito é muito real e todos queremos que o casal fique junto no final. Se estiver com vontade de assistir algo leve porém com muita qualidade, Doente de Amor é a sua melhor escolha.
4. Okja
Segunda produção que dificilmente teria existido se não fosse o ramo de produção originais da Netflix. Okja é uma co-produção sul-coreana-estadounidense que conta a história da menina Mija e de seu super-porco Okja. O filme aborda questões relativas a indústria da carne e o faz de forma quase cirúrgica. É impossível não se emocionar com a relação da menina com seu bicho de estimação, elevando a crítica para um nível quase pessoal. As características marcantes do cinema coreano são a fotografia impecável e o design de produção extremamente meticuloso, aqui não temo só essas características como o filme é extremamente estiloso. Ainda que tenha atingido razoável sucesso, Okja foi esquecido e ignorado por uma grande parcela do público, o que justifica sua presença na nossa lista.
3. Seu Nome (Kimi no na wa)
Os japoneses sempre foram muito bons em fazer animações adultas, porém apenas nos últimos tempos esse tipo de obra parece ter caído nas graças da crítica. Além disso, Seu Nome caiu tanto na graça do público que atingiu a marca de produção japonesa com maior bilheteria da história, ultrapassando A Viagem de Chihiro. Mitsuha é uma adolescente japonesa que mora em um pequeno vilarejo no interior porém deseja se mudar para a cidade grande. Após ter sonhos estranhos ela começa a trocar de corpo com Taki, um jovem estudante morador de Tóquio. Embora a premissa seja parecida com o brasileiro “Se eu fosse você”, aqui temos uma desenvolvimento interessante de como os personagens começam a se envolver um na vida do outro. O filme brinca o tempo inteiro com o contraste novo/velho, questão muito presente na cultura japonesa, chegando até mesmo a mesclar elementos de ficção científica com espiritualidade. Seu Nome é uma das animações mais tocantes e visualmente bonitas dos últimos anos, merece ser conferida! Para facilitar ainda mais está disponível na Netflix.
2. Uma Mulher Fantástica (Una Mujer Fantástica)
A alguns anos o cinema chileno vem pipocando nas grandes premiações e dessa vez vem forte para levar o Oscar de melhor filme estrangeiro. O diretor Sebastián Lelio é bastante conhecido por tocar em assuntos considerados tabus e dessa vez não foi diferente. Uma Mulher Fantástica conta a história da transexual Marina que, após perder seu companheiro, terá que encarar a família do ex-namorado para conseguir viver seu luto. Falar sobre um tema desses requer extrema sensibilidade e o filme consegue ser muito preciso nesse sentido. Além de explorar diversas nuances do preconceito, desde o violento até o mais discreto, ele é capaz de nos colocar dentro da cabeça da personagem e compreender suas dúvidas e anseios. Existe ainda um lobby, bastante merecido, para que a atriz Daniela Vega concorra ao prêmio de melhor atriz, sendo a primeira atriz trans a participar da premiação.
1. A Criada (Ah-ga-ssi)
Sexo, suspense, violência e principalmente vingança. Quem assistiu o clássico Oldboy já está familiarizado com os temas recorrentes na filmografia do diretor sul-coreano Chan-wook Park. O filme conta a história da jovem Sooke que começa a trabalhar como criada para a herdeira de grande fortuna, porém tudo não passa de um plano para colocar a mão na herança de sua senhora. Se estamos acostumados a sermos espectadores oniscientes, A Criada brinca com nossas expectativas e nos deixa sempre um passo atrás dos personagens da trama. A fotografia é belíssima e retrata muito bem um período em que as culturas japonesa e coreana estão se mesclando. Embora o filme tenha quase duas horas e meia, o roteiro instigante e montagem equilibrada fazem com que o tempo voe. Por esses e outros motivos elegemos A Criada como o melhor filme que você não viu de 2017.
Menções Honrosas:
. Atômica (Atomic Blond)
. Columbus
. Como nossos pais
. Com amor, Van Gogh (Loving Vincent)
. Detroit em Rebelião (Detroit)
. Eu, Daniel Black (I, Daniel Blake)
. Frantz
. Lucky
. Logan Lucky: Roubo em Família (Logan Lucky)
. Mudbound: Lágrimas sobre Mississippi (Mudbound)
. O Apartamento (Forushande)
. O Cidadão Ilustre (El ciudadano ilustre)
. O Filme da minha vida
. Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe (The Meyerowitz Stories (New and Selected))
. Paterson
. Thelma
. Tonni Erdmann
. Um Homem Chamado Ove (En man som heter Ove)