Top 50 Álbuns Nacionais (10–1)

Água de Salsicha
Água de Salsicha
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8 min readOct 2, 2016

Enfim, chegou o grande dia! Em dia de eleição, elegemos nossos 10 maiores álbuns da música brasileira! Sem mais delongas, vamos aos álbuns:

10. Dois (1986) — Legião Urbana
Dois é o segundo álbum da banda Legião Urbana, que era comandada pelo cantor e compositor, Renato Russo. Bem diferente do primeiro álbum da banda, Dois revela uma qualidade poética nunca vista nas bandas de rock brasileiras até então. Repleto de letras filosóficas, Dois é o tipo de disco que coloca o ouvinte para pensar, mas ao mesmo tempo, suas canções tem um poder chiclete de grudar e a partir daí, nunca paramos de cantar. A banda pode não ser um exemplo de banda com qualidade musical espetacular, mas o que Renato fazia ao cantar suas letras, é de uma qualidade sonora difícil de comparar. O disco que é formado por lado A e lado B, tem canções como “Daniel na Cova dos Leões”, “Quase Sem Querer”, uma das canções mais adoradas pelos fãs da banda, “Eduardo e Mônica”, que já foi inspiração para muitas histórias de amor, “Tempo Perdido”, um hino da dor da juventude brasileira, e para fechar com chave de ouro, uma das canções com mais teor poético da história do rock brasileiro, “Índios”. Um trabalho perfeito, só ouvir uma vez para perceber a falta que Renato Russo faz na música brasileira.

9. Chega de Saudade (1959) — João Gilberto
Um dos criadores da Bossa Nova, João Gilberto lançou em 1959 seu primeiro álbum “Chega de Saudade”, nome da principal música da obra, composta por, nada menos, que a dupla Vinícius de Moraes e Tom Jobim. O álbum conseguiu permanecer em catálogo por 31 anos consecutivos, um dado que mostra a relevância da obra e uma marco na música brasileira. Repleto de clássicos, “Chega de Saudade”, traz músicas como: Lobo Bobo, Desafinado e Bim Bom. Aclamado pela crítica, João foi pioneiro ao levar a música brasileira para todo o mundo, sendo uma das influências do Jazz americano no século XX. Com sua genialidade, voz e violão, João Gilberto tem vaga cativa nos 10 melhores da música brasileira.

8. Expresso 2222 (1972) — Gilberto Gil
Em 1972, após 3 anos exilado em Londres, Gilberto Gil desembarca no Brasil. Consigo, trouxe a guitarra elétrica e a mesclou genialmente com o forró. O primeiro álbum pós-exílio foi justamente um dos melhores de sua carreira e mais importantes do Brasil. “Expresso 2222” traz um Gilberto Gil saudoso e inspirado, eletrizando o forró e abordando temas nunca antes abordados pela música popular brasileira, como a homoafetividade. Com esse álbum, ficamos diante da genialidade de um músico tão eclético como Gilberto Gil, sem dúvidas um dos maiores ícones da cultura brasileira.

7.Secos e Molhados(1973) —Secos e Molhados
Se na década anterior a música brasileira tinha sido marcada pela evolução da Bossa Nova para a Tropicália, a década de 70 seria lembrada eternamente pelos primórdios do rock brasileiro. Iniciada com um movimento mais psicodélico por parte de Os Mutantes, grande parte da sua evolução pode ser atribuída a Secos e Molhados. Assim como o nome da banda que tem o intuito de ser vago e abrangente, a musicalidade desenvolvida por esse conjunto tenta alcançar todos os cantos do que era tocado na época. Idealizado por João Ricardo, o álbum traz uma mistura de ritmos tipicamente do folclore brasileiro com o jazz, o folk e o rock progressivo americano. Tudo isso com um som e um visual pesado remetendo ao glam rock e todos os seus questionamentos sobre sexo, gênero e identidade social. Em todos os sentidos, uma revolução para o Brasil durante uma época de repressão!

6. Tribalistas (2002) — Tribalistas
Dois homens e uma mulher: Arnaldo, Carlinhos e Zé.

A MPB,o Samba, o Pop e o Rock adoraram a união esporádica de 3 grandes nomes de nossa música: Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Um álbum feito minuciosamente que estourou no Brasil em 2002 e não tem só alguns destaques. O álbum todo é excelente e é o destaque por si só. Não cai a qualidade jamais. A musicalidade e o uso de instrumentos não convencionais é a marca do álbum, que fala sobre coisas diversas, desde carnaval até músicas de ninar. Os vocais de Arnaldo Antunes e Marisa Monte se completam perfeitamente, suportados pelo incrível talento musical e ginga de Brown. Um trio cheio de química e ritmo, esses foram os Tribalistas. Os saudosistas do futuro. Pé em Deus e Fé na tábua.

5. Ventura (2003) — Los Hermanos
Já consolidados como uma das principais bandas indies de rock-MPB, os Los Hermanos alcançaram o máximo de criatividade e amadurecimento na obra-prima “Ventura”. Neste momento Marcelo Camelo já dividia o cargo de compositor com o guitarrista Rodrigo Amarante e a sintonia da dupla resultou em um dos melhores álbuns do nosso século. Sem tocar nas rádios populares, Los Hermanos consolidou com “Ventura” a legião gigante de fãs que os cultuam por onde passam. Pérolas como “O Último Romance” e “Conversa de Botas Batidas” passam a ser hinos na comunidade alternativa e as barbas vão ficando cada vez mais longas. Os arranjos vão ficando mais complexos e característicos, com os metais que deslizam sobre as melodias e letras sinceras dos cariocas. E assim, a banda crava seu nome dentre os ícones brasileiros. Uma verdadeira joia de nosso tempo.

4. Samba Esquema Novo (1963) — Jorge Ben Jor
O álbum de estreia de Jorge Ben Jor mostrou que aquele menino carioca não era qualquer um. Com letras fáceis e cheias de ritmo, repetições e vogais, ele conquistou a aclamação da crítica com seu sambalanço, samba jazz e bossa nova, ainda em sua fase pré samba rock. Um dos nomes mais celebrados de nossa música, Ben Jor nos brindou com um single que pode ser considerada a maior música da história da MPB: “Mas Que Nada”. Outros destaques do álbum são: “Tim Dom Dom” ; “Balança Pema”; “Chove Chuva” ; “Por Causa de Você Menina”. Ben Jor talvez seja o compositor brasileiro com mais sucessos que agradam crítica especializada e o grande público e é aí que está sua especialidade. Um gênio, sem dúvidas. Tanto que é seu segundo álbum por aqui. Merecidíssimo.

3. Transa (1971) — Caetano Veloso
Durante seu exílio em Londres com o amigo Gilberto Gil, Caetano Veloso resolveu apostar no seu talento e entrar no campo do experimentalismo em seus álbuns. Ao ser requisitado pelo governo militar para gravar uma homenagem a Tranzamazônica, a sua recusa acabou em “Transa”, o primeiro álbum experimental de Caetano, que mescla músicas em inglês e português e nos presenteia com grandes clássicos. Para os intercambistas, é um álbum fenomenal. Traduz com precisão toda a sensação de estar em um lugar diferente, sem conhecer ninguém, no melhor estilo Caetano.

2. Construção (1971)— Chico Buarque
Lirismo, poesia e críticas afiadas. Construção é o melhor álbum da carreira de um dos maiores artistas brasileiros, o mestre Chico Buarque de Hollanda. Uma obra-prima daquelas, o álbum não foi feito, e sim confeccionado, no período entre o exílio de Chico na Itália e sua volta ao Brasil. O álbum é recheado de críticas ao regime militar vigente, principalmente no que tange á censura imposta pelo governo. É nesse álbum que Chico se assume engajado e assume sua vertente essencialmente crítica. É o álbum de sua vida, que lhe trouxe fama e reconhecimento. O álbum parece uma peça de teatro, um filme, algo único, com uma mensagem e um conceito concebido. A faixa que dá título ao álbum mostra um trabalhador que morre de tanto trabalhar em uma Construção. Absolutamente de arrepiar. Outros destaques ficam a cargo de: “Cotidiano” ; “Desalento” ; “Cordão” ; “ Deus Lhe Pague” ; “Valsinha”.

  1. Acabou Chorare(1972) — Os Novos Baianos
    Poderíamos citar aqui os inúmeros motivos que levam “Acabou Chorare” ao topo da nossa lista. A musicalidade, os hits, o ritmo do álbum, a sua relevância histórica, o seu sucesso imediato ou até o melhor momento das carreiras de Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Paulinho Boca-de-Cantor, Baby do Brasil e outros. No entanto, esse fenômeno chegou ao nosso topo por um motivo mais simbólico (não que não entrasse por qualquer outro — seu lugar sempre esteve garantido no topo). Quando os Novos Baianos passaram a conviver com João Gilberto, figura mística da nossa história musical, os jovens músicos ainda eram reconhecidos pelo rock e acabaram recebendo muita influência deste grande mestre. Um dos conselhos que resultaram no Acabou Chorare dado por João Gilberto foi: “Voltem-se para dentro de vocês mesmos”. Quando seguiram o conselho, se depararam com o verdadeiro eu, algo que na verdade habita em todos nós brasileiros, amantes da música e da nossa riquíssima cultura. Enxergaram o Brasil, com todos os nossos ritmos e batucadas, nosso futebol e a paixão inexplicável, nossos pratos, nossa gente, nossa alegria. Enxergaram a bossa de Tom, o samba de Cartola, o baião de Gonzagão. Enxergaram cada nota musical existente no nosso sangue latino e tudo aquilo que torna nossos ouvidos brasileiros natos. Assim nasce “Acabou Chorare”, a ode máxima à nossa cultura, trazendo de volta o samba para as novas gerações sem dispensar a popular guitarra elétrica de Hendrix, domada pelo mestre Pepeu Gomes, fazendo o casamento perfeito entre o rock e a música brasileira. Com 10 faixas, Os Novos Baianos criam o som do Brasil e nos faz ter o imenso orgulho de sermos nacionais de um país de cultura tão rica. Quem ouve música brasileira, não precisa ouvir mais nada.

E aí? Curtiu? Concordou? Discordou?! Comente! Vamos debater a música brasileira!

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