Wes Anderson acerta em cheio em "A Ilha dos Cachorros"
Longa animado em stop-motion é um dos grandes destaques do ano
Wes Anderson divide opiniões. Alguns amam, outros odeiam. O que é inegável é sua coragem e esmero na hora de fazer um filme. Seja por sua paleta de cores inconfundível ou propostas de temas sensíveis e ao mesmo tempo bem-humorados, o diretor vem cada vez mais conquistando espectadores.
Até a aclamação(o filme venceu 4 Oscars)com Grande Hotel Budapeste(2014), sua trajetória foi marcada por altos e baixos. Agora, ele chega com Ilha dos Cachorros(2018), uma animação de aventura dublada por nomes consagrados de Hollywood.
O estrelado elenco de dubladores conta com: Bryan Cranston, Scarlett Johansson, Edward Norton, Bill Murray, Bob Balaban, Jeff Goldblum, Frances McDormand, Harvey Keitel, Greta Gerwig, Tilda Swinton, Ken Watanabe, Liev Schreiber e até Yoko Ono. Pouca gente conhecida né?
O filme foi roteirizado por Wes Anderson e contou com a participação de Roman Coppola, filho do lendário diretor Francis Ford Coppola, na elaboração do enredo.
Sinopse
A cidade de Megasaki é governada pelo corrupto prefeito Kobayashi(Kunichi Nomura). Sob a tutela dele, vive Atari Kobayashi(Koyu Rankin), um garoto japonês de 12 anos de idade. O político aprova uma lei que obriga a expulsão de todos os cachorros da cidade, fazendo com que eles sejam enviados a uma ilha próxima repleta de lixo. Entretanto, o pequeno garoto não aceita se separar de seu cachorro Spots. Ele rouba um jato em miniatura e parte em busca de seu melhor amigo.
A trilha e a tensão
O filme é marcado por uma trilha sonora presente em quase todos os momentos de tela. Percebe-se que o célebre compositor Alexandre Desplat não economizou neste trabalho e entregou algo poderoso e atraente.
A trilha é sincronizada com as cenas e essa comunicação é parte fundamental para um filme que ao mesmo tempo é tenso e interessante. Destaque para os tambores acelerados impulsionados por lutadores de sumô. Eles iniciam e terminam o longa como um grande ato teatral.
O esmero e o resultado
O time de Wes utilizou 240 sets feitos à mão e 1.000 fantoches para, em stop-motion, produzir um visual deslumbrante, como é usual em filmes do diretor. A simetria está presente em doses consideráveis e as cores variam de acordo com as localidades no filme. Na Ilha dos Cachorros, um tom triste na paleta. Na cidade japonesa competitiva, um tom mais vívido e animado, apesar de preocupado.
Aliado à dublagens excelentes de grandes atores, o resultado é um espetáculo de entretenimento. O roteiro é lotado de diálogos e mudanças de pensamento, exigindo assim concentração por parte do espectador, mas seu tom irônico e formal atrai e prende a atenção. Essa também é uma marca registrada do diretor.
Manipulação Política
A mensagem do filme é clara: a manipulação política é capaz de fazer pessoas agirem e pensarem de maneiras reprováveis. Com dados e informações escondidas, quem está no poder pode manipular e fazer públicos e mais públicos de massa de manobra. Os tão amados cachorros são expulsos da cidade e a população é manipulada a concordar com este absurdo. É só um exemplo de vários outros absurdos que decorrem de manipulação política de pensamento e ação.
O saldo
Ilha dos Cachorros(2018) é uma obra que vai ser lembrada daqui a muito tempo. É um dos melhores filmes desse ano, até aqui. Tem um tema sensível, uma execução bela e uma proposta de reflexão interessante. Wes Anderson acertou em cheio e merece todos os elogios que vêm recebendo, além das premiações, já que o diretor levou o Urso de Prata de Melhor Diretor no Festival de Berlim.
Todo o trabalho que a produção e o diretor teve com esse filme valeu a pena. O resultado visual é maravilhoso. Se você não leva animações a sério por achar que é gênero infantil, vá assistir a esse filme.
Se acha que Wes Anderson é um excelente diretor, aplaude(clicar na mãozinha) o post para ajudar o AdS! Obrigado!