Entenda como funciona o Artesão Digital
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Plataforma on-line vai ajudar artesãos com a personalização de peças em MDF
“Ele perguntou se eu sabia desenhar, me deu um papel e uma caneta e disse: ‘Me desenhe’. Fiquei bem nervoso, mas o desenho saiu. Ele fez uma cara bonita e pediu pra eu começar a trabalhar”. Quem conta é Artur Oliveira, 21 anos, que aprendeu a ser artífice depois de atender um convite de Belarmino Alcoforado, dentro de um projeto derivado de ideias de artesanato e internet das coisas que ele toca desde 2012 no prédio da Elógica, em Olinda (Região Metropolitana do Recife). Desse laboratório, a cabeça inquieta de Belarmino tirou o Artesão Digital, empreendimento social baseado em uma plataforma que vai ajudar artesãos a criarem peças customizados em MDF.
As origens da ideia de trabalhar com manufatura não são tão definíveis na jornada do empreendedor, mas são fundadas em sua vontade de empoderar artesãos, autônomos e outros trabalhadores, dando-lhes acesso a tecnologias gratuitas ou de baixo custo. Belarmino entendeu a dinâmica do artesão que trabalha com MDF quando comprou a primeira máquina de corte a laser e instalou no prédio da Elógica. Erhard Cholewa Júnior — ou Mucky, como é mais conhecido — tem acompanhado o laboratório de artesanato de Belarmino desde a instalação, há cinco anos.
A oficina de artesãos
Mucky explica que artesãos que trabalham com MDF em geral dependem de peças prontas, compradas no varejo ou no atacado, para pintar, ornamentar e vender. Quando querem uma peça específica, costumam recorrer a oficinas com máquinas de corte a laser, onde também encontram pessoas que “sabem mexer” em softwares que geram os arquivos para orientar os cortes nas placas.
Inicialmente, Belarmino queria que as máquinas servissem de treinamento para a comunidade do bairro de Peixinhos, onde a Elógica está instalada. Foi quando Artur e outros cinco jovens chegaram. Foram desenvolvidas peças pouco prováveis em MDF, como um óculos para projeção de realidade virtual via smartphone e um aparelho para escanear documentos com a câmera do celular. Mas os planos mudaram e a estrutura virou um laboratório para novos projetos. Assim, Belarmino convidou o sobrinho Francisco (Chiquinho) Alcoforado para ajudá-lo a moldar um software que servisse a esse propósito.
A plataforma
O próprio Belarmino fez parte da programação em VBA (Visual Basic for Applications), linguagem escolhida por ser de fácil implementação no Windows e no Corel Draw, usado para criar arquivos vetoriais compreendidos pelas máquina de corte a laser. A meta é que o artesão possa escolher um tipo de peça (caixa, cone, etc) e customizá-la com medidas específicas. Feito isso, ele recebe em seu e-mail um arquivo pronto para ser entregue a quem vai fazer os cortes. Chiquinho vem desenvolvendo o software, que já tem um protótipo: http://mosaico.artesaodigital.com.br.
No futuro, o Artesão Digital também poderá ser ampliado para um marketplace (site on-line que reúne vendedores), em que os artesãos possam vender as peças diretamente aos clientes. Os próximos passos envolvem uma parceria com o Porto Digital, a definição de um modelo de negócios e de um gestor que toque o barco.
Enquanto isso, Belarmino vai colocando tudo para a frente com um novo lema: #paunamáquina!