Historietas Assombradas para Devs Frustrados

Maíra
1/6 de Chance
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2 min readMar 3, 2016

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Por Dev Frustrado

Entre 2010 e 2011 tive a sorte de trabalhar durante um ano em uma empresa que desenvolvia jogos digitais.

Digo sorte pois nunca foi algo que eu busquei. Uma sequência de coincidências fizeram com que em muito pouco tempo eu estivesse atuando como game designer junto a artistas e programadores incríveis. Infelizmente foi um experiência pouco frutífera, não houve nenhum lançamento expressivo até a demissão em massa de quase toda a equipe de desenvolvimento. Ainda assim o balanço da experiência foi positivo: fiz boas e duradouras amizades e tive a chance de me ambientar em algo que cultuo até hoje, esse meio gamedev.

Nesse curto período me encontrei em uma situação peculiar: estava concluindo minha graduação em design e convivia diariamente com gente competente e talentosa do ramo. Compartilhava com alguns a opinião de que o desenvolvimento nacional de jogos era deficiente naquele momento e eu, erroneamente, atribuí isso a uma falta de conhecimento geral dos envolvidos.

Ao mesmo tempo eu tomava conhecimento da existência dos hacklabs que, ao meu ver, são clubes de pessoas com interesses em comum que se juntam com o único propósito de fazer coisas legais. Olhando agora não foi surpresa a conclusão que eu cheguei: queria viabilizar algo equivalente aos hacklabs voltado ao desenvolvimento de jogos. Achei que tinha o potencial de ser mais abrangente uma vez que seria possível abarcar mais temas relevantes do que as partes técnicas envolvidas na criação de um jogo, como design, narrativa, gestão de projetos, marketing…

Cheguei a conseguir o que julgava ser o mais difícil que era o espaço físico para que acontecessem os encontros. A premissa básica era que toda a coisa fosse anárquica e qualquer um pudesse sugerir um tema a ser discutido e isso fosse regulado pelo próprio interesse que este despertasse. Bastante empolgado trouxe isso à comunidade através dos grandes canais que eu tinha acesso na época.

Para a minha surpresa e frustração a resposta imediata foi bem negativa.

Muitas pessoas apresentaram resistência a participar de algo sem uma liderança definida e alguns se incomodavam com o fato de que isso acontecesse num espaço compartilhado como o que foi cedido.

Não atribuo o não-sucesso dessa iniciativa à reação contrária das pessoas. Hoje percebo que eu não tinha na época o preparo e a disponibilidade para estar a frente de um projeto como esse, mas me marcou a forma como ideias como essas eram confrontadas ao invés de discutidas.

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Maíra
1/6 de Chance

Designer de narrativa. Escrevo (às vezes) anedotas sobre o universo, jogos e outros mistérios.