Entenda as reflexões que levaram a tecitura deste seminário.

SEMINÁRIO NACIONAL: 100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA

Confronto de Ideias
100 Anos da Revolução Russa
3 min readSep 7, 2017

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Debates sobre Democracia, Socialismo e Anarquismo.

O físico e historiador da ciência Thomas Khun nos lembra na obra clássica que o consagrou internacionalmente, A Estrutura das Revoluções Científicas, que foi nas revoluções políticas que ele encontrou as pistas que o levaram a construir, por analogia, um arcabouço teórico consistente sobre o processo que levou a ciência moderna aos seus próprios movimentos de ruptura e reinvenção do novo, o que abalou o prestígio da filosofia positivista da ciência com a sua visão linear do desenvolvimento científico.

A ideia que anima este seminário segue este preceito: afirmar a dialética que move as relações entre o campo intelectual-acadêmico e o campo da política stricto sensu, entre o campo do pensamento crítico, reflexivo e o campo das lutas revolucionárias e emancipatórias, das utopias políticas; o campo do confronto de ideias de diferentes matizes e do confronto entre ideias e imaginários e experiências históricas vividas, enfim o campo dos embates que os homens travam na história. Não na história do pensamento fechado em si mesmo, mas do pensamento que se lança sobre/na história, é por ela provocado e dela é parte constituinte.

Entendemos que oportunizar um espaço de debate público entre intelectuais sobre acontecimentos singulares, extra-ordinários, da história da modernidade, como é o caso da revolução russa ou das revoluções russas, é uma oportunidade única, haja vista que este centenário coincide com a eclosão e também o aprofundamento de várias crises institucionais mundo afora, crises de representação política, crises sociais, econômicas, migratórias, ambientais, cenários de guerra, mas também de micro-revoluções e revigoramento de lutas tendo à frente novos movimentos sociais, novas formas de organização, como é emblemático o caso do movimento feminista e de movimentos étnicos que colocam este ano de 2017 como um ano potencialmente revolucionário.

Num contexto de crises profundas e enigmáticas quanto a seus desfechos, o desafio que os intelectuais públicos, críticos, são chamados a enfrentar, pode ser colocado nestes termos: se, como nos ensina Khun, as revoluções políticas foram inspiração para pensar com criatividade os movimentos revolucionários da ciência, numa via de mão-dupla poderíamos indagar: o que a intelectualidade tem a dizer sobre a experiência e os significados desta revolução paradigmática no campo político, passados cem anos do seu acontecimento e no decurso da qual uma vasta gama de questionamentos, inquirições, investigações, interpretações, narrativas foram e não param de ser elaboradas, construídas/desconstruídas? Em que medida os embates teóricos e os investimentos de pesquisa nesse campo temático têm contribuído para enriquecer nossa visão social do mundo, da política, numa via de mão-dupla do pensamento que transita entre ciência, política, arte & cultura?

É por esse universo de questões ricas, provocadoras, instigantes, reveladoras, controversas, que pretendemos levar os participantes do Seminário a transitar. Nossas(os) convidadas(os) são pensadores inquietos, especialistas consagrados e também jovens estudiosas(os) das lutas revolucionárias e emancipatórias da humanidade.

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