A magia de sentir o personagem com você.

sarah
10barra10
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6 min readJan 26, 2019

Muito se sentem felizes quando se identificam com seus personagens, seja de forma de caraterísticas físicas ou comportamentais e da mesma forma tem pessoas que acabam não gostando disso ou se sentem mal quando isso ocorre, porém eu particularmente me sinto bem quando tenho essa sensação pois sai daquela fantasia, fica mais humano e não existem mais a opção que é algo impossível, que sou errada ou diferente do resto, eu percebo que tem alguém como eu ou alguém que mesmo não sendo daquela mesma como o seu personagem tentou passar um sentimento de não solidão.

Entrando nesse assunto venho compartilhar minhas duas experiências de livros nacionais, que eu me identifiquei com (quase) todos os personagens e que foram leituras que eu pisquei e terminei e não queria largar mais. Tem outro texto também que falo minha experiência com a leitura.

Um Milhão de Finais Felizes” do Vitor Martins e “Céu Sem Estrela” da Iris Figueiredo. São livros distintos e iguais ao mesmo tempo pela questão de proporcionarem a mesma sensação de conforto, pensamento e WOW! Tanto que foram os livros que mais usei flags e marca texto (viva aos marca textos!!!!) desde que comecei a fazer isso em livros físicos (só tinha o hábito no kindle).

essa foto é LITERALMENTE os meus livros pós leitura.

Começando por CSE que eu li primeiro. Eu já tinha lido os dois primeiros capítulos no Kindle, eu já imaginei que iria ser vixe quando o primeiro acontecimento que envolve o dia do aniversário da Cecilia já foi quase igual ao meu então já peguei as dores e abracei e no caso do Bernardo eu digo o mesmo. É difícil você se identificar com os dois narradores, mas aqui aconteceu e muito (sério, muito), Cecilia por ser uma menina gorda, que gosta de livros e se sente deslocada em vários momentos eu me vi na adolescência, me vi até um pouco hoje e conforme eu ia lendo eu sempre pensava: Eu já tive esse pensamento. Eu já fiz isso. Eu já quis fazer aquilo e isso já aconteceu comigo.

E parece uma base de flashback que ao mesmo tempo parece que é tua vida só que não é, com o Bernardo foi a mesma coisa, no momento ali de refletir sobre coisas da vida, vontade de ir atrás de algo (e de pessoas) e com relação a faculdade etc, já tinha passado por quase tudo aquilo, na verdade muitas pessoas na verdade passam por isso ainda mais na faculdade (para alguns uns a etapa piorada do ensino médio).

Tudo o que eu desejava era aquieta meus pensamentos, mas passei uma longa noite escutando minha voz interior. Eu já disse que minha voz interior é uma merda?

No final eu simplesmente cheguei a conclusão que se eu tivesse lido ele mais nova ou até a alguns poucos anos atrás seria uma leitura de uma ajuda absurda e que talvez tivesse me “orientado” por um caminho melhor mesmo que inconscientemente. Outra coisa que fez que me sentir perto dos personagens foi ler os livros citados por cada um, eles se aproximam por conta da leitura e a Iris foi fantástica com as indicações pois foi uma sacada ótima. E nem preciso comentar como foi bom o FUSCA AZUL. E nem tenho que falar da escrita MARAVILHOSA da Iris não é mesmo? (leiam os outros livros e coletâneas que ela participa).

— Não existe um céu sem estrelas, Cecília. Mesmo quando estão cobertas pelas nuvens, ainda estão lá. A gente só não consegue enxergar. — E como a esperança — ela comenta, pensativa. — Sempre existe uma saída, mesmo que a gente não consiga enxergar. — Sim, sempre existe uma saída. Sempre existe estrelas.

Agora vamos com UMDFF, eu só queria abraçar o Jonas. FIM. Na verdade quase fim pois realmente eu queria abraçar ele por sentir cada angustia, dúvida e desespero nos pensamentos, momentos e conversas. Com atitudes eu me senti o Jonas, eu ali no inicio da era jovem e querendo viver e se retraindo por medo da família, por medo das pessoas e por medo de você. Questões sobre igreja, amizades, sexualidade e assim vai. Teve uma frase que eu sempre pensei EXATAMENTE como o Jonas e quando eu li o dialogo entre ele e a Karina eu não sabia se eu abraçava ou matava o Vitor. Outro que eu tenho que falar que a escrita é SENSACIONAL de fluida, da até raiva desse menino.

— Ai Jonas — Karina começa a dizer, soltando um suspiro longo como se eu fosse uma criança dizendo uma grande bobagem. — Você acha que Deus tem uma planilha no Céu onde ele equilibra a alegria e a desgraça na vida das pessoas? E a barriga com o seu nome está muito verde e ele está pensando “hm, esse aqui parece que esta acumulando muita alegria nos últimos meses, vou mandar um raio na cabeça dele pra manter o equilíbrio?” — Karina faz uma voz grossa tentando imitar Deus e eu rio.

Enquanto eu imaginava as coisas no decorrer da leitura eu imaginava o narrador da sessão da tarde:

Jonas trabalha em uma cafeteria e um dia entra um cliente misterioso que faz um pedido, porém não tem a chance de pegar o nome do menino de barba ruiva e assim começa a saga de pensamentos e dilemas da vida, com amor, família e amizade e a procura do seu pirata.

Só que tudo isso gay BEM GAY, chegaria a ser uma comédia romântica com temas relevantes (não sei se ainda continuaria comédia romântica, ENFIM) pois você fica com querendo um sorriso no copo ou fazer um sorriso no copo para alguém, chega a ser igual quando falam pra colocar seu número na nota de sei lá, qualquer valor e deixa rolar e quem sabe seu próximo amor te mande um sms? (ninguém usa mais, não me importo!). TEM COISA MAIS LINDA QUE ISSO? A resposta obviamente não. E o Vitor também tem outros livros e participou de coletâneas também, desenha e faz você ficar desejando bullet tudo pela internet.

É então que me dou conta de que, sem que a gente perceba a vida continua acontecendo. O mundo nunca vai parar para que eu resolva toda a minha vida e recomece do zero. (…) Porque eles precisam de mim da mesma forma que eu preciso deles, e tudo na vida acontece ao mesmo tempo.

Com ambas as leituras eu percebi que não estava sozinha, que meus pensamentos não eram horríveis, que meu jeito não era horrível, eu amar ler e não gostar de sair tanto assim ou não saber o que eu quero ser pelo resto da minha vida, simplesmente esta tudo bem ser dessa forma. Eu vi que com o tempo vem uma amizade sem você perceber ou aguardar que vai estar ali de todas as formas possíveis, que muitas vezes onde muito se procura o amor não se acha e que alguém que você também sempre teve o famoso “crush” pode retribuir um dia, que existe alguém que um dia vai querer dividir algo com vocês, porém tudo na sua hora, infelizmente nem tudo, se um dia te empurrarem pra fora do armário, vai acontecer (porém espero que ninguém seja arrastado do armário contra sua vontade) e que a questão família é complicadíssima por um e um milhão de motivos que seriam infinitos nessa postagem.

O sentimento que se sentir o personagem ou desejar que ele seja real é uma das maravilhas na leitura, pois você entra em um plano de fundo na leitura além do você imaginar os lugares, as pessoas, você sente elas e sentir o livro é um dos sentimentos mais gostosos e sentir que o livro foi feito para você é mais gostoso ainda.

E um pedido, leiam mais nacionais, amém os autores nacionais e leiam YA, YA não tem idade e você pode ter mil anos e sentir o Jonas quando era jovem e pensar em como eu queria ter lido isso antes para me sentir confortável. E conheçam esses dois autores INCRÍVEIS (sim, você leu a palavra incrível mil vezes no decorrer desse texto). Eu claramente finalizei 2018 com duas leituras MARAVILHOSAS.

E para finalizar esse texto, aquele link básico para você comprar esses dois livros sensacionais. Um Milhão de Finais Felizes” e Céu Sem Estrelas”, disponível em físico e e-book.

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sarah
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tentando transformar desgraças da vida em ensinamento.