#LiçãoDoMédio 1: Oleksandr Zinchenko

Tomás da Cunha
11 Médios
Published in
2 min readOct 16, 2019

Inauguramos a primeira rubrica do 11 Médios, precisamente dedicada a esses artistas. Poderemos destacar aspectos particulares ou exibições globais de jogadores que nos encham as medidas, tentando explicar aquilo que nos seduziu. A #LiçãoDoMédio está à vossa disposição no Twitter para críticas ou sugestões.

Analisar, decidir, executar. Esta é a ordem da acção de um jogador de futebol. Onde estão os adversários, qual é o espaço que posso invadir, que opções tenho para dar continuidade à jogada? Não haverá acerto nas decisões sem uma interpretação prévia do contexto do lance. Não se chega ao sucesso só com boas decisões, faltando qualidade na execução. Seguindo esta lógica, a exibição de Oleksandr Zinchenko encantou-nos. É do ucraniano que falaremos nesta estreia.

Para um jovem de 22 anos, tem um conhecimento do jogo fora de série. No vídeo, vemos frequentemente a preocupação de rodar a cabeça e analisar o que se passa à volta. Fazer o “mapa mental” é exigente, desgastante, mas trata-se de uma condição obrigatória para se distinguir. O cérebro como músculo diferenciador, certamente treinado até à exaustão com Guardiola. Se chega pressão nas costas, Zinchenko toca de frente e não perde a bola em zona comprometedora. Foi fundamental para atrair os médios portugueses e permitir que a Ucrânia esticasse o jogo com vantagem. Na segunda parte, destacou-se pela segurança que deu à posse da equipa (em conjunto com Malinovskiy, outro talento entusiasmante). Apareceu nos espaços certos, dando sempre uma linha de passe.

As acções do lateral/médio do Manchester City não foram particularmente exuberantes, bem pelo contrário. Jogou de forma “simples”, quase sempre com poucos toques, mas o nível de leitura dos acontecimentos roçou a perfeição. E essa, no fundo, é uma das principais virtudes de um médio: melhorar quem o rodeia, fazendo tudo parecer mais fácil. É um jogador de colectivo, cuja prioridade passa por cumprir os objectivos da equipa. A notoriedade pessoal virá depois, como comprova este texto.

Há quem diga que Guardiola só ganha pelo valor do plantel. Nada melhor do que observar o crescimento de Zinchenko — um jovem contratado ao colosso Ufa. Apesar de ser médio de origem, foi convertido num lateral-interior e interpreta com tremenda qualidade essa função. Nesta altura, o ucraniano é um dos polivalentes mais credíveis do futebol mundial. Anda a trabalhar o músculo indispensável.

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