#LiçãoDoMédio 2: Ander Guevara
A formação da Real Sociedad é um viveiro inesgotável de talento e faz parte da essência do clube. De Xabi Alonso, agora treinador da equipa B, não são necessárias apresentações. Voltou como referência máxima do sucesso do projecto Zubieta (nome da academia), que continua a revelar médios centro de valor indiscutível. Ilarramendi, outro dos exemplos, chegou a afirmar que, na base txuri-urdin, “os bons costumam ser colocados nessa posição”.
A geração actual tem em Mikel Oyarzabal o nome mais sonante, mas Ander Guevara (22 anos, acabado de chegar à primeira equipa) é outro dos projectos que merece a maior atenção. Apesar de estar a fazer a época de estreia na liga espanhola, demonstra uma maturidade notável e tem um perfil que encaixa a 100% na ideia de jogo de Imanol Alguacil, onde a qualidade técnica e a actividade cerebral importam. Como o jovem já admitiu em entrevista, todos os fundamentos necessários para desempenhar a função de médio centro são exaustivamente trabalhados na formação do clube. Vendo o jogo com o Valladolid, percebe-se que existe tradução. Roda a cabeça constantemente para analisar e decidir, procura movimentar-se para ser opção e facilitar a jogada, orienta o corpo para receber, tem jogo de cintura e privilegia o passe vertical por dentro. Garante maioritariamente a melhor decisão e executa muitas vezes a um toque. Foi apenas a quinta vez que actuou no campeonato.
Tal como outros jogadores com escola na Real Sociedad, Ander Guevara não se dedica apenas ao futebol. Está a fazer um curso de Direito, juntando os estudos à vida de atleta profissional, porque existe a perfeita consciência de que esta não dura para sempre. Além disso, e seguindo as pisadas de Xabi Alonso, tem uma cultura acima da média e serve de exemplo para contrariar o preconceito associado aos futebolistas — na viagem de regresso após este jogo, passou o tempo a ver “The Irishman” e a última série que viu foi “The Crown”. A carreira ainda é curta, mas o jovem da Real Sociedad diz que os adversários que mais lhe agradaram foram José Campaña e Nabil Fékir. Vem aí Messi e companhia.
