Deep Tech é o novo tech

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3 min readOct 22, 2018

A tecnologia profunda se encontra com a sua essência fundamental: superar as circunstâncias mais urgentes da humanidade. Startups deep tech estão avançando fronteiras científicas, tecendo mercados inexistentes e catalisando mudanças para problemas que afetam o mundo.

Ilustração Igor Postiga

A tecnologia contemporânea, de um modo geral, sempre foi considerada alheia à essência fundamental da vida; algo aquém do homem, uma prótese. Um monte de equipamentos que, nos últimos séculos, vêm ajudando a sociedade a economizar tempo, promover eficiência nas tarefas diárias e se comunicar rapidamente com o mundo. Porém, muita gente não se atém ao fato de que “engenhosidades tecnológicas” — no sentido de capacidade de superar circunstâncias mais adversas com inteligência — sempre estiveram intimamente ligadas ao desenvolvimento mais profundo da vida natural.

Astutas, as plantas, por exemplo, usam vastas redes de sinais moleculares e transdutores para transmitir e processar informação. Uma colônia de slime mode pode descobrir a distância mais curta até comida em um labirinto complexo. Bem como a memória aguçada de um sistema imunológico animal em relação aos antígenos externos e ao que faz parte ou não daquele ser. Sem contar o DNA, as redes neurais e as mentes coletivas de insetos sociais, os quais têm mais características em comum com computadores e sistemas modernos de navegação do que se pode imaginar.

Para evoluir, o homem vem se inspirando e tornando-se simbiótico com a tecnologia. Observa-se este conceito também ao navegarmos ao recôncavo da história. O homem obteve a amplo controle do tempo, dominou o fogo, adotou a agricultura, desenvolveu antibióticos, viajou para espaço e até criou o chip — objeto mais energeticamente ativo de todo o universo. As tecnologias — materiais e imateriais — se tornaram inatas e também ferramentas de uma expressão dos sonhos e capacidades humanas. A tecnologia tornou-se “a extensão corporal para as ideias”, como disse o fundador da revista Wired, Kevin Kelly.

Neste sentido, as startups deep tech (tecnologia profunda, em livre tradução) aparecem para resgatar e reencontrar os valores fundamentais desta “simbiose”. Amparadas em descobertas científicas e inovações tecnológicas de grande impacto, essas empresas pioneiras estão provocando transformações intencionais e positivas nas mais variadas áreas humanas: saúde; meio ambiente; educação; agricultura; energia; transporte; desenvolvimento social, entre outros setores. O objetivo é buscar por soluções que vão da erradicação da fome ao tratamento de doenças genéticas. De encontrar formas de promover cirurgias delicadas sem incisão até desenvolvimento de energia renovável com baixo impacto no meio ambiente.

Essa abordagem aparece para questionar os movimentos unidirecionais e reativos presentes no mercado tecnológico atual — baseados em necessidades de informação e automação, apoiadas pela terceira e quarta revolução industrial, respectivamente. É só pesquisar a quantidade desproporcional de robôs que são desenvolvidos para resolver tarefas triviais: aspirar o chão, dobrar roupas e empilhar caixas. Longe da limitada quantidade de recursos criados para encontrar a cura de doenças como Câncer, a Malária ou Alzheimer.

O mundo não precisa ser necessariamente utópico para progredir, mas por conta dos avanços científicos dissociados da humanidade, a sociedade reivindica os mais variados tipos de reconexão: com a natureza; consigo mesmo; com o outro; com a mente e o espírito. Reconectar a tecnologia com os valores e necessidades humanas se tornou a nossa responsabilidade para guiar pessoas e organizações para um rumo viável — tendência de grande aderência do mercado.

O poder de refletir e de criar soluções tecnológicas inovadoras de startups deep tech chamam a atenção de corporações e empresas de capital de risco, que estão prontas para adotá-las. Por isso, é chegado o momento de nos reaproximar da nossa essência empática a fim de ajudar a humanidade a superar as suas demandas mais urgentes. Isto é, antes de nos tornarmos super humanos, precisamos nos tornar bons humanos. E, consequentemente, com eficiência e inteligência, com o intuito de gerar mudanças, temos a chance de evoluir com sabedoria de forma mais saudável e sustentável.

Por Mayhara Nogueira

A Deep Tech Stories foi criada para que possamos conversar sobre a essência da tecnologia como se deve: com seriedade, inspiração e profundidade. Acreditamos que o futuro precisa se alimentar de boas histórias para fazer sentido. Acompanhe a publicação e descubra o jeito 1STi de enxergar a tecnologia.

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