Ajuste de foco: uma jornada em busca de um caminho a seguir

Bruno Vilela
Editorial 20 21
Published in
4 min readNov 21, 2020

Nunca sabemos ao certo sobre o que vai acontecer em um futuro próximo. O que seremos? Como seremos? O que iremos fazer? Perguntas como essas rondam nossas mentes e, muitas vezes, nos deixam inquietos, principalmente quando você tem algo queimando dentro do seu coração. Aquilo que você sempre achou que era deixa de ser um horizonte comum e passa a ser algo distante, contraditório, em relação àquilo que você busca. Bom, eu vivi algo parecido, como uma metamorfose pessoal.

Por muito tempo me vi perdido daquilo que queria fazer da minha vida, tanto profissionalmente como uma personalidade própria. Nesse tempo, estive dentro do IFF-Macaé, fazendo Técnico em Automação Industrial. O IFF, sem dúvidas, é um lugar mágico… Em meio a esse turbilhão, me deparei com uma grande oportunidade no meu último ano de técnico, irrecusável para os moldes em que estava situado: comecei a trabalhar em uma empresa off-shore. Ainda indeciso do porvir, me debrucei nesta jornada e aprendi muito com o ambiente, com as pessoas e o trabalho que desenvolvia. No entanto, ao mesmo tempo que eu “crescia”, eu me engessava na mesma proporção. Isto me intrigava. Por que estou sentindo isso?

Durante esses um ano e meio em bases e embarcando, me embarquei em outra viagem, a dos meus próprios pensamentos. Me questionei, me perguntei, me debrucei, me vi consolidando espaços, mas perdido no tempo. Percebi que nunca tinha sido algo somente meu quando escolhi tudo isso. Que espaço era esse que estava? O que eu estava fazendo lá? Essas perguntas me inquietavam ainda mais, até que eu me fiz a seguinte pergunta: eu gosto do que eu estou construindo pra mim? Estou feliz? Eu sentia falta de algo que não imaginava que sentiria… sentia falta de seguir minha vida com minhas próprias pernas. Queria estudar e fazer algo que me tocasse.

Foi nesse momento em que eu me decidi: vou estudar para o vestibular. Eu tentava muito enquanto trabalhava, mas estava se tornando cada vez mais difícil, não só pela dificuldade de conciliar, mas a dificuldade de manter algo que não estava fazendo tanto sentido assim pra mim, além de várias questões pessoais envolvidas nesse bolo. No entanto, tomei uma decisão: saí do trabalho e foquei no que desejava. “Você é louco?” Foi muito louco! Não sabia o que estava fazendo e como as coisas fluiriam. Ainda assim, mesmo nessa doideira, foi um dos momentos em que mais me senti próximo do que eu desejava e do que gostaria pra mim. Aí que entra a segunda parte deste foco.

Não sabia ao certo a área a seguir, o curso, tudo mais. Eu sabia de uma coisa: a natureza me acalmava. Ela sempre trouxe algo diferente pra mim. O contato com ela sempre me trouxe as mais diversas viagens comigo mesmo. Me fazia sentir vivo. Isso não é algo estranho, fazemos parte de tal. Somos ela. Daí, por que não estudá-la? Todo o contexto que vivemos no país e a benção de viver em um país com tamanha biodiversidade e riqueza natural me fez despertar esse sentimento que me guia até hoje. Nesse momento, me inclinei para as áreas ambientais.

Ainda confuso, não sabia o curso em si, busquei primeiramente a Engenharia Ambiental. Estudei muito, pois queria ir para o fundão, UFRJ, e a nota de corte era alta. Me sentia em uma obrigação de fazer isso. Deixei uma certa “certeza” pra trás e comecei a caminhar em incertezas, mas com muita fé e apoio daqueles que acreditavam em mim. Nesse vai e vêm, muito próximo da prova do Enem, eu conheci um lugar, tão pertinho de onde moro, chamado NUPEM-UFRJ e descobri que lá existia o curso de Bacharel ou Licenciatura em Biologia. Achei legal, mas era isso por enquanto. Muito próximo a esse tempo, minha namorada me ligou e falou: “menino, você tem que fazer biologia! Conheci um professor hoje e é a sua cara!” Aquilo me desestabilizou. O que faço agora?? Passei meses querendo algo e agora vou mudar? Conhecendo um pouco mais a Biologia, me identifiquei, e o melhor: existia a ênfase em meio ambiente. Assim, percebi que eu estava buscando algo que ainda não era o que eu realmente precisava e desejava, podia ir mais além! É isso, Biologia!

Hoje me encontro no terceiro período do Bacharel em Ciências Biológicas do NUPEM-UFRJ Macaé. O dia que entrei naquele lugar pela primeira vez como aluno me fez sentir que estava no caminho que eu queria seguir. Atualmente, participo de diversos espaços na universidade, como Iniciações Científicas e Extensões. Isso me levou a oportunidades e experiências incríveis, como campos em diferentes ecossistemas da região como florestas e restingas imprescindíveis para as dinâmicas ecológicas da região litorânea brasileira. Conheci Reservas Biológicas, Parques Municipais e Nacionais, na presença de profissionais excepcionais da biologia, da educação e de outras áreas interdisciplinares. Pois é…algo que eu não imaginava vivenciar. Outro tipo de embarque. Vivendo o outro lado da moeda. O que eu precisava era um ajuste de foco.

Amo o que faço, amo todas as experiências que tenho vivido e que vivi. Todas elas me fizeram ser como sou hoje e continuam me moldando, sempre inacabado. Me reconheço como uma pessoa ativa e sujeito de minha própria história, uma história de amor à natureza, sem fim. Portanto, abra sua mente e seu coração. Escute o que você tem a se dizer. Existem muitos caminhos por aí! Busque o seu.

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Bruno Vilela
Editorial 20 21

Estudante de Biologia que deseja promover conteúdos e reflexões sobre a natureza e nossa relação com ela, nossa Mãe Terra 🌱🌳🍃