Aproveitamento e eficiência: Impactos da indústria 4.0

Júlia Soares
Editorial 20 21
Published in
4 min readApr 18, 2021

Asistindo ao filme WALL-E, da Pixar, pensei em escrever esse texto, pois apesar de ser um filme infantil de 2008 sua temática é bastante atual e interessante. No longa, somos apresentados ao simpático robozinho WALL-E, o qual foi deixado para limpar a Terra, cujo aspecto se tornou caótico, após a longa exploração humana sobre a natureza ao ponto do planeta não dispor mais de recursos naturais, apenas montanhas de lixo e gases poluentes. Durante a trama, o robô se apaixona por outra máquina e isso culmina na volta dos humanos, que viviam numa nave espacial, para a Terra, desta vez com prioridades diferentes: A responsabilidade ambiental.

O aumento desmedido do consumo tornou-se objeto de preocupação, uma vez que este efeito está associado ao surgimento de consequências ambientais negativas. De acordo com o relatório síntese de 2007 do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC), entre 1970 e 2004 constatou- se o aumento de 70% na emissão de gases de efeito estufa provenientes da atividade industrial.

A partir do momento em que a indústria intermediária passou a ser predominante, a degradação ambiental cresceu exponencialmente. É importante observar que essas instituições não só fazem parte do grupo das indústrias poluidoras, como também os insumos utilizados em sua produção são responsáveis por grandes impactos negativos, além de aumentar a demanda de recursos naturais e consumo de energia, de forma que a expansão deste setor sempre estará relacionada a um efeito ruim sobre o meio ambiente.

Repensar os processos utilizados por este setor é imprescindível para alcançar o desenvolvimento sustentável e, desta forma, uma série de problemas presentes na indústria convencional serão resolvidos a partir do emprego de métodos associados à indústria 4.0, os quais trazem uma maior eficiência na atividade industrial.

Por meio da automação integrada a outras tecnologias , como IoT, é possível a partir do fluxo de informações, reduzir o impacto da indústria no meio ambiente e economizar recursos muito valiosos, como energia elétrica e água. Em síntese, automatização de processos é uma maneira de otimizar as etapas por meio de tecnologias capazes de reduzir gastos, erros e proporcionar o reuso de insumos.

O reaproveitamento dos resíduos também é uma das iniciativas indicadas pela indústria 4.0, pois reutiliza o material evitando a geração de lixo industrial.

Considerando estas necessidades imediatas, a automação surge como um objeto poderoso na melhoria da gestão de resíduos, pois além de gerar um maior dinamismo, promove o controle preciso e redução da aquisição de novos insumos. Este gerênciamento é um grande desafio indispensável para a sociedade, visto que as perspectivas ambientais demonstram a grande necessidade em cuidar do solo, das águas, florestas e também da atmosfera.

A perspectiva atual mostra que menos de 2% das indústrias brasileiras contam com essas tecnologias, contudo a expectativa é que este dado suba para 15% em dez anos.

Ademais, o uso consciente desses materiais pode ser conseguido através de softwares específicos que tenham comunicação entre si, ao passo que o produto pode ser pensado de forma mais inteligente e eficaz evitando que seja confeccionado novamente e , consequentemente, deixando de desperdiçar matérias primas.

O utilizador pode desenvolver o seu produto de forma mais inteligente e funcional através do uso de softwares de simulação e identificar melhor suas necessidades e redefinições, evitando o uso de matéria prima nova.

Por meio do controle da produção e o emprego de sistemas capazes de identificar com exatidão as demandas da indústria, consequentemente diminui-se a quantidade de insumos estocados; menos transporte, menos material estocado, menos perdas.

A fim de alcançar tal objetivo os equipamentos produtivos estão sofrendo otimização a partir da integração de funcionalidades como o monitoramento e processamento de dados; permitindo, por conseguinte, o melhoramento do processo. Tal controle pode ser entremeado por sensores; dispositivos sensíveis a determinado tipo de estímulo do ambiente, aptos para realizar a associação dos valores captados a uma grandeza física e fornecer dados para a saída. Ao adicionar sensores e empreender uma coleta de dados e uma análise posterior, é possível efetuar a assistência remota, posto que uma mínima alteração num dos parâmetros do processo produtivo pode originar uma intervenção na cadeia.

O manejo descuidado de energia elétrica também deve ser analisado com atenção, por isso, o monitoramento de forma automatizada ajuda ainda na redução do consumo desse bem por meio de processos inteligentes que ligam e desligam equipamentos e luzes de forma autônoma. Em um levantamento realizado pela McKinsey, líder em consultoria empresarial, foi constatado que a aplicação desses conceitos pode provocar uma redução de 10 a 20% no consumo de energia, da mesma forma, a produtividade do trabalho sofrerá expansão de 10 a 25%.

A partir da articulação das máquinas é possível observar a expressa melhoria não só na cadeia de suprimentos mas também nas etapas do processo industrial, otimizando a cadeia, acarretando na economia de recursos naturais e eficiência energética. É possível também fazer com que os estágios da cadeia de valor estejam integrados trocando informações e tomando decisões autônomas em tempo real cuja funcionalidade atende, de forma objetiva e eficaz, às demandas exigidas por cada instituição e diminui o uso irresponsável e incorreto tanto da energia quanto dos materiais.

É fundamental produzir, gerar renda e fortalecer a economia, no entanto é preciso, ao mesmo passo, diminuir a carga de poluição na atmosfera, preservar os recursos hídricos e acabar com o desmatamento irresponsável; assim sendo, torna-se essencial um bom gerenciamento de todas as atividades que integram o processo industrial, a fim de minimizar as decorrências sofridas pelo meio ambiente.

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