Engenharia — Integrei-me

Gabriela Gomes
Editorial 20 21
Published in
4 min readSep 23, 2020

“Eu nunca serei da área de exatas”, “eu nunca farei engenharia”… Entre essas e outras, aqui estou eu no sétimo período da faculdade de engenharia civil. Não, isso não se deu porque meus pais que me obrigaram ou porque foi o curso que passei no vestibular. Pelo salário? Também não foi só por isso… Por que raios então faço engenharia?? Cola aí e descobre, quem sabe você não está na mesma situação!

Uma coisa era certa: Nunca fui a melhor nas matérias de exatas, entretanto, o meu ensino médio foi integrado ao técnico em automação industrial no Instituto Federal Fluminense (IFF). Essa era sem dúvida alguma a melhor opção que havia, porém, já deu para perceber que eu não tinha muito interesse em áreas ligadas às exatas. Eu pensava em ser jornalista, advogada… mas confesso que essa fase foi o divisor de águas na minha vida.

Os anos foram passando e o meu esforço parecia ser imenso para conseguir dar conta das matérias. Com o tempo fui percebendo as raízes das minhas dificuldades e isso deu um giro na minha mente. O meu ensino fundamental deixou muito a desejar, o que é infelizmente uma realidade do ensino público em nosso país. No ensino médio me deparei com situações resumidas em: Não sei resolver determinado problema de matemática porque não sei usar as ferramentas básicas que deveria ter aprendido a muito tempo atrás.

E onde entra a engenharia no meio disso? Foi aí que eu vi que todo aquele “eu nunca” que falei no início não precisava ser verdade. Eu não queria engenharia não porque abominava a profissão, mas sim porque era mais fácil dizer que eu não gostava de algo ou que não era boa o suficiente do que admitir que eu não sabia, que eu tinha pendências! Quantas vezes nós fugimos de coisas grandiosas por medo ou por esconder a verdade de nós mesmos?

Nesse momento decidi que iria encarar as coisas com outros olhos. Eu me abri a novas oportunidades e me encantei por elas. Sempre soube que seria difícil, mas eu aprendi a enfrentar. Hoje curso engenharia civil e não me arrependo da minha escolha. Tive e ainda tenho muitas dificuldades, muitas pedras precisam ser retiradas do caminho, mas quando enxergamos tudo que podemos mudar e ajudar a nossa volta com a nossa profissão, todo esforço vale a pena, toda dificuldade se transforma em algo belo.

E por que eu escolhi engenharia civil? Bom, eu diria que foi ela que me escolheu. Durante o ensino médio eu amava as aulas de desenho técnico. Nessa época eu comecei a me interessar por arquitetura pois eu gostava das matérias de arte e literatura e adorava ver como as construções acompanham os diferentes períodos da história da arte por exemplo. Guardei essa ideia até os 45 minutos do último tempo (meu último ano do ensino médio).

Na loucura do vestibular, todos meus amigos estavam decididos sobre o que queriam e eu ali sem ter certeza de nada. Fiz prova para arquitetura e fiquei na lista de espera. Pelo Enem me inscrevi para engenharia civil e também para engenharia de controle e automação pois pensava em seguir na área do técnico.

Depois de muitas pesquisas, dúvidas e conversas com meus professores me decidi pela engenharia civil. Nessa época não posso negar que a questão do salário pesou um pouco. Isso aconteceu também pelo fato de que na verdade, certeza, certeza eu não tinha de nenhum curso.

A única coisa que sei é que depois que entrei para a engenharia civil e comecei a descobrir todas as coisas que ela envolve e eu nem imaginava, me identifiquei ainda mais com o curso. Confesso que em algumas aulas eu parecia uma criança vendo alguém contar sua história favorita, sabe quando os olhos chegam a brilhar? Mas eu também confesso que na engenharia algumas histórias parecem de terror e te tiram o sono — rsrs.

Confesso também que no início as vezes pensava: “será que isso é pra mim mesmo? Será que não era arquitetura o que eu devia fazer?”. Mas com o passar dos anos a gente aprende a ver as coisas com outros olhos, e observar tudo que eu poderia ajudar no entorno que vivo com o meu conhecimento me fez ter cada dia mais certeza.

Pra que essa história toda? Para que antes de você tomar uma decisão sobre o curso que você quer seguir você se pergunte o “por que não?” de algumas coisas. Sabe aquele curso que você acha super maneiro mas diz que não vai fazer porque não é pra você? Então, será que ele não é mesmo ou você colocou isso na sua cabeça e simplesmente aceitou? Pense nisso!

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