Mudando de ares: As vicissitudes de um jovem no ensino superior

Matheus Campos de Barros
Editorial 20 21
Published in
4 min readJul 15, 2020

A escolha

2017, está aí um ano que jamais esquecerei. Tudo aconteceu tão depressa que quando paro para relembrar, eu ainda consigo sentir o êxtase que senti nos dias de junho daquele mesmo ano. Ingressar no curso de Engenharia de Controle e Automação e tornar-se aluno de uma instituição de Ensino Superior tinha virado realidade. Foi naqueles dias em que meu relacionamento com o Instituto Federal Fluminense começou. Entretanto, havia um problema, eu morava em Duque de Caxias e, o campus do Instituto era, e ainda é, em Macaé (cerca de 200 quilômetros de distância). Ou seja, era totalmente inviável estudar em um lugar que se encontrava distante de onde eu residia. Tendo em vista isso, as opções eram, não cursar a graduação ou, sair de casa e ir morar em algum lugar perto do Instituto. Da mesma forma em que eu estava enfrentando esse dilema, minha irmã, há alguns anos antes de mim, também enfrentou. Tal qual ela, eu optei por sair da zona de conforto e adentrar em novos rumos. Com muita ajuda e esforço dos meus pais, parentes, e amigos, eu consegui me instalar em um apartamento em Rio das Ostras, uma cidade vizinha à Macaé. Porém, morar sozinho e administrar um imóvel é uma realidade em que nenhum garoto esperava ter aos 17 anos. Apesar das inúmeras regalias (e realmente são muitas) de morar sozinho, infelizmente, existem os deveres para consigo mesmo e com o lar que devem ser realizados, pois já dizia Ben Parker: “Com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. E para completar, cursar engenharia se tornou a cereja desse bolo de deveres e responsabilidades.

A realidade

Desde os primórdios, a engenharia é amplamente aplicada nos segmentos de construção e mecânica. Todavia, há alguns séculos, uma concepção de Engenharia Moderna surge de uma revolução científica iniciada por Galileu Galilei e continuada por Isaac Newton. Esta “nova” Engenharia visava explicar sistematicamente e solucionar, por intermédio de uma abordagem científica, problemas práticos. Mas aí você, caro leitor, me pergunta: “Onde você quer chegar com isso?” Então, essa tal “abordagem científica” em que os Pais da Ciência Moderna conceberam, não é nada mais nem nada menos do que o pesadelo de qualquer aspirante à engenheiro, ou engenheira.

“Caí pra trás”. Acredito que esta expressão descreva perfeitamente o susto que eu senti nos primeiros meses da graduação. Nesse período é que me foi apresentado os principais conceitos e princípios da Engenharia Moderna, os tão famosos Cálculo Diferencial e Integral, a Álgebra Linear e a Mecânica Newtoniana. Apesar dessa “Santíssima Trindade da Engenharia” ser composta de conteúdos complexos, eu já tinha uma leve previsão do que poderiam ser, contudo, durante os meus primeiros dias de Engenharia de Controle Automação, eu conheceria algo em que me tiraria noites de sono ao longo na minha caminhada como estudante, a infame Lógica de Programação.

É evidente que todos os temas e tópicos pertinentes a física e matemática, exigiram de mim muito estudo e, consequentemente, neurônios “queimados”. Dado que, antes de ingressar no Ensino Superior, eu era aluno de um colégio estadual e, portanto, não dominava muitos dos conceitos básicos que eram requisitos de um amplo entendimento de uma matéria avançada. Não somente isso, estudar algo totalmente inédito para mim como Lógica e Linguagem de Programação, foi extremamente árduo e cansativo. Já perdi as contas de quantas horas fiquei na biblioteca do Instituto para poder estudar os novos conteúdos vistos em sala de aula, seja de qual fosse a matéria. Fora as madrugadas passadas em “claro”, para que eu pudesse aprender de última hora tópicos de um determinado assunto antes de uma avaliação, ou até mesmo, para que eu pudesse finalizar alguma atividade avaliativa. Seria mentira minha se eu dissesse que desistência não era uma opção. Ao longo dessa fase inicial do curso, o que eu mais pensei foi em desistir de tudo, principalmente, por estar sendo subjugado emocionalmente pelo cansaço físico e mental em que estava submetido. Minha longa trajetória mal tinha começado, mas eu já vislumbrava um apressado final para ela.

Um bálsamo

Se não fosse a amizade e o companheirismo, a pessoa que aqui vos escreve, teria abandonado a Engenharia e seus caminhos. Nos momentos mais difíceis do meu cotidiano de estudante, diversos colegas de curso amparavam-me e me inspiravam a continuar. Eles diziam: “Tudo vai dar certo! Nós estamos juntos!”. À vista disso, eu afirmo a vocês, sou muito grato ao Instituto Federal Fluminense por me dar oportunidade de formar grandes laços de amizade com essas pessoas, pois me apoiaram e continuam me apoiando. Existe um provérbio que diz o seguinte: “Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo.” Não obstante, eu continuo e digo, se quer ir além do possível, vá com amigos.

Por fim, mesmo com incontáveis dificuldades e contratempos, eu continuo caminhando nessa jornada de acadêmico, porém com a certeza que não estarei sozinho…

“O melhor estímulo para conseguir mudar o que não está ao nosso alcance é unir-se com aqueles que partilham do mesmo sentimento de mudança.”

Autor Desconhecido

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