Robôs industriais são vilões?!

Nicolas de Souza
Editorial 20 21
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4 min readSep 21, 2020

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A primeira vez que um braço robótico foi utilizado em uma indústria foi ainda na década de 1950. O braço, desenvolvido pelo engenheiro George Devol, foi batizado de Unimate e tinha como objetivo a automatização de tarefas em uma fábrica da General Motors em Nova Jersey.

Contudo, a ideia de uma máquina que fosse capaz de auxiliar na realização de tarefas é muito mais antiga. Em alguns dos mitos gregos, é feito referência a máquinas animadas, que até pensavam, essas máquinas eram chamadas de Autômatos, estátuas metálicas animada. E em 1920 o termo robô foi introduzido pelo escritor checo Karel Capek.

Karel Capek, utilizou o termo robô em sua peça fazendo referência a palavra eslava robota, que significa algo como trabalho monótono ou forçado e é aqui que vamos começar a entender o porquê de serem especiais e necessários.

Inicialmente os robôs foram de fato pensados para a execução de tarefas comuns em uma linha de produção. Estes robôs eram totalmente dedicados, ou seja, não havia a possibilidade de reutilizar um mesmo robô para duas tarefas, seria necessário montar um novo robô com aquele propósito. Por exemplo, se um robô fosse projetado para apertar um parafuso no topo de um carro, dificilmente ele poderia ser utilizado para apertar um parafuso no lado esquerdo.

Com o progresso da computação, passou a ser possível a reprogramação destes robôs e naturalmente houve um aumento da sua complexidade, possibilitando a realização de multitarefas. São amplamente empregados em indústrias de fundição, pintura, montagem e tantas outras tarefas.

Graças aos avanços da indústria 4.0, principalmente conceitos como IoT e Inteligência artificial, percebemos que a cada dia a robótica estará mais presente nas linhas de montagem e fora delas. Máquinas inteligentes já são realidade em muitas indústrias e vem crescendo em todo mundo. Hoje as máquinas não são apenas capazes de realizar tarefas diferentes, são capazes de tomar decisões.

Assim como os primeiros robôs e máquinas impactaram a vida da sociedade no passado, novamente vemos seus efeitos em nossa sociedade. Para além do aumento da eficiência e produtividade, o principal ponto levantado por todos na sociedade é o desemprego. Demissões em massa e empresas funcionando com um número mínimo de funcionários são notícias frequentes em telejornais e redes sociais. Por essa razão muitos olham com desconfiança o avanço do uso de robôs.

Porém há um ponto que as vezes é deixado de lado, a segurança. É importante lembrar que durante a primeira revolução industrial, acidentes nas indústrias eram diários, tudo era muito rudimentar. Máquinas não eram testadas, não havia regras para sua fabricação, operadores não eram treinados, não havia normas para o uso de equipamentos de proteção individual, o ambiente em si era insalubre…

Muita coisa melhorou com a criação de leis e normas regulamentadoras, tanto para trabalho quanto para a fabricação de equipamentos, entretanto o grande salto na segurança veio com a segunda revolução industrial que iniciou o processo de automatização dos processos industriais. As máquinas tiram o homem da situação de risco, não é mais necessário que o funcionário se exponha já que existe um robô capaz de realizar aquela tarefa de risco.

É nítido que há muito o que se debater sobre os avanços da tecnologia, principalmente no aspecto social, mas não podemos perder de vista os benefícios que a tecnologia pode nos proporcionar a curto e longo prazo.

Eu fiz o ensino médio integrado ao técnico de automação industrial, e lembro que um dos pontos que muito me preocupava sobre a minha área era algo repetido inúmeras vezes por conhecidos “Ah seu trabalho vai ser desempregar os outros”. Essa ideia me assustava ao ponto de eu não querer trabalhar com isso, achava um absurdo trabalhar com o algo que fosse desempregar outras pessoas.

Tudo mudou no meu terceiro ano, especificamente nas aulas de instrumentação industrial. O professor desta disciplina mudou a minha forma de ver a automação, em suas aulas fazia questão de falar não somente sobre os instrumentos e seus aspectos técnicos, falava muito sobre a importância que estes instrumentos faziam na vida das pessoas. Foi assim que percebi o quão vital é a automação.

Automação não é apenas sobre eficiência e ganho de produtividade, há muito sobre segurança e qualidade de vida. Esses aspectos devem ser lembrados e valorizados por salvar vidas.

Os GIFs são do filme Tempos Modernos, obra cinematográfica de Charlie Chaplin. Neste filme é retratado um pouco da realidade de um homem trabalhador, buscando se estabelecer profissionalmente e como indivíduo, numa sociedade cheia de inovações tecnológicas.

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Nicolas de Souza
Editorial 20 21

Um engenheiro por formação se aventurando no mundo do desenvolvimento de software!