Um novo canteiro — Lean Construction

Gabriela Gomes
Editorial 20 21
Published in
3 min readJan 20, 2021

Com o fim da 2ª guerra mundial, a Toyota desenvolveu um sistema de produção baseada na eliminação de desperdício e no uso consciente na matéria prima (Toyotismo). Nesse pensamento, tudo aquilo que não agrega valor é considerado desperdício.

Anos depois, foi lançado o livro “A máquina que mudou o mundo” que foi baseado em um estudo do Massachusetts (MIT), que mostra como o toyotismo revolucionou o sistema de produção. Nesse livro, o termo até então chamado “Sistema Toyota de produção” passou a ser conhecido como “Lean Manufacturing” ou então, manufatura enxuta.

Nesse sistema diversas ferramentas são tidas como pilares. Dentre eles, tem-se por exemplo o JIDOKA, que significa “automação com toque humano” e visa oferecer à equipamentos e máquinas a capacidade de detectar erros e interromper o processo de forma autônoma de modo a evitar desperdícios. Tem-se também o Just-in-time (JIT) que visa a produção “na medida certa”, sem grandes estoques, evitando assim desperdícios. Além disso, esse excesso aumenta custos de armazenamento e gerenciamento.

Tá bom, mas o que isso tem a ver com a engenharia civil? Tem a ver que tudo isso foi só para que nós pudéssemos nos familiarizar com a ideia que deu origem ao tema desse texto: Lean construction! Com o tempo, esse pensamento da manufatura enxuta se espalhou por diferentes setores industriais e obviamente a construção civil (CC) não ficou de fora.

A cada dia que se passa, aumenta a ideia de industrialização da construção civil e muito se deve ao Lean Manufacturing, que ao ser aplicado na área da CC é comumente chamado por Lean Construction (Construção enxuta).

Como se deve imaginar, esse sistema ao ser aplicado em uma diferente área, terá suas peculiaridades. Na CC, cada projeto é único e exclusivo, a fábrica é o canteiro de obras que ao fim de todo processo sai e o produto (edifício, ponte, estrada…) que fica. Essas peculiaridades dificultam muitas vezes a padronização e a industrialização de alguns processos.

Além disso, especialmente no Brasil há uma grande resistência por meio dos consumidores e até mesmo da mão de obra diante de novos métodos construtivos que visam a agilidade, a diminuição do desperdício e melhor uso da matéria prima como por exemplo o uso de wood frame, steel frame, parede de concreto, entre outros.

Uma outra grande dificuldade é a MO com baixa instrução e com muitos vícios, uma vez que as pessoas vão aprendendo umas com as outras e enquanto executam suas funções, gerando assim uma grande dificuldade na padronização dos processos. Há uma comodidade em se fazer sempre da mesma forma.

Porém, graças a ideia da industrialização da construção civil que se deu por meio da metodologia de lean construction, esse cenário vem se modificando. Hoje, muito se investe em formação para a MO, passam de peão à montador, o que gera uma valorização dessa mão de obra e faz com que os processos sejam mais seriados e repetitivos, fazendo também com que o funcionário se torne cada vez mais eficiente na sua atividade.

O uso de métodos construtivos que usam de materiais pré fabricados como já citados anteriormente contribuem para obras mais limpas, com menos geração de resíduos e mais rápidas.

Por fim, o lean construction vêm para bater de frente com os problemas mais comuns da construção civil, como o não cumprimento de prazos, baixa produtividade, baixa qualidade, grandes desperdícios, resistência por conta de funcionários e clientes e os riscos de acidentes de trabalho, uma vez que capacitando mais o funcionário, trabalhando em um ambiente mais limpo e organizado, os riscos são mitigados.

Inúmeras tecnologias vêm em auxílio à execução dessa metodologia, como por exemplo o BIM (Building Information Model), que inclusive passou a ter sua utilização obrigatória no Brasil a partir desse ano (2021) em obras realizadas pelos órgãos públicos. E aí, o que você ainda está esperando para ficar por dentro desses assuntos?

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