eventualmente, eu ainda paro e penso.

já perdemos a timidez uma com a outra: você não precisa mais de um incentivo pra tirar a máscara quando entro no seu carro e eu já deixei a porta do banheiro aberta só pra te ouvir melhor enquanto fazia xixi.

te mostrei meu lado demoníaco na arrumação da casa (talvez cedo demais) e você agora até me convida pra dividirmos o chuveiro.

num raríssimo dia desses todos, preparei meu único prato bem sucedido pra você e, em outro tão raro quanto, a gente combinou de pular o banho por causa do frio.

acordamos juntas por manhãs que ainda podemos contar quantas foram e fizemos conchinha na madrugada, essas, por um número incontável de vezes.

já comi o prato típico que a sua família prepara e você já até viajou com a minha. já discordamos e nos chateamos. já rimos até cuspir o refrigerante (essa parte só eu fiz) e elegemos algumas rotinas importantes para o futuro desenvolvimento saudável dos nossos filhos.

eu amo sua filha de 4 patas (que já me deixa sentar no banco da frente, até) e recentemente compramos escovas de dente que combinam.

já falamos sobre sonhos, frustrações, traquinagens de infância e até fantasias sexuais. já nos beijamos de um jeito tão apaixonado que eu não tinha conhecido até então. já elencamos quem nos causa ciúme e, por um mérito quase que divino, conquistamos a máquina de pegar bichinhos de pelúcia.

nem a playlist dividida ou nosso quase endividamento conjunto me anestesiou de você. tampouco as viagens e declarações matinais de afeto. nada faz eu me acostumar com a mágica e a beleza do que é é ter te encontrado.

eventualmente — enquanto você você me ensina sobre poker ou faz uma manobra no trânsito de um jeito muito charmoso — eu [ainda] paro, suspiro e penso: “meu deus! ela tá mesmo aqui. meu deus!”.

em tão pouco, já vivemos muito.

em tudo isso, ainda não foi metade.

em todo o resto, te quero comigo.