3 fatos que nos lembram porque Design importa!

Não acreditamos em listas, mas que elas existem, elas existem…

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6 min readFeb 15, 2018

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You can’t always get what you want

Terminado o carnaval, é hora de começar o ano… Bom, pelo menos para boa parte do público. Na 2ml, não paramos um minuto e seguimos em bom ritmo de projetos e demandas! No entanto, respeitando o ritmo da folia de Momo, hoje trazemos uma leitura rápida e leve.

Listas são artifícios bastante usados contemporaneamente para organizar um pouco a bagunça informacional na qual nos metemos nesses tempos de comunicação instantânea. O revisionismo histórico superficial das listas ganhou grande força na virada do século, quando repositórios de cultura pop queriam legitimar os 100 mais, os 10 mais, os 27 maiores, entre outros títulos engrandecedores, para atestar quem merecia, na cultura popular mundial, passar do século XX para o século XXI ou quem devia ficar enterrado na poeira do esquecimento.

Não acreditamos em listas. De modo algum. Elas achatam a história. São organizações de representações em relação a eixos temáticos duvidosos… No entanto, contra todas as nossas forças, nos rendemos e trazemos aqui uma lista para iniciar reflexões acerca de nosso campo de atuação, com 3 fatos que nos lembram porque o design importa — e importa muito!

Dois desses fatos foram transmitidos mundo afora e se tornaram fábricas de memes — graças a Deus por terem acontecido! Um desses, no entanto, passa desapercebido, mas acontece o tempo todo, na nossa frente, em casa transação no varejo aí, do lado da sua casa.

1. Um pequeno erro de hierarquia, e a coroa muda de dona

“Alguém vai pagar por isso” — Miss Colômbia

Funciona assim: muitas luzes, câmeras e um concurso tradicional que ocorre a mais de 6 décadas. Contra toda a tradição, um apresentador solitário, buscando tornar atrativo o curso do programa. E é dele a responsabilidade maior de anunciar o resultado tão esperado. Afinal, ninguém passa pelo martírio do concurso — como espectador ou participante — se não for para saber seu final: quem será a Miss Universo do ano!

Em 2015, essa novela ganhou novos capítulos que conferiram a ela uma audiência e repercussão ainda maiores!

O pressionado apresentador — com problemas oftalmológicos, estresse e todos os olhos nele — recebe um cartão. E olhando contra kilowatts de iluminação e excitação, deve decifrar uma confusa ordem de informação, que destaca mais o nome do título do que seu ganhador…

A hierarquia informacional, nesse ano, derrubou Steve Harvey, que teve que voltar atrás no anúncio inicial e transferir a coroa de cabeça no reinado mais curto da história do concurso!

De todo modo, explicar isso para quem perdeu a majestade tão rapidamente não deve ter sido fácil…

2. Atrair o consumidor, identificar o artigo e informar: como equilibrar tudo?

As gôndolas de cada mercado estão cheias de estímulos visuais. Produtos nos chamam a atenção e se convidam para entrar em nossa despensa. Mais ainda: se convidam a serem consumidos, trazendo nutrientes e substâncias diversas para nosso organismo.

Se somos o que comemos, não teríamos o direito de saber, além da promessa de prazer, que presentes o artigo que se oferece ao consumo trará para a festa?

Na reportagem da Carta Capital “Alimentos processados: qual o rótulo da Anvisa?” representantes da indústria e designers debatem sobre os parâmetros que devem reger o projeto de rotulagem dos produtos:

A indústria propõe um sistema de semáforos com as cores verde, amarelo e vermelho para calorias, açúcares, gordura saturada e sódio. Trata-se de uma adaptação da ideia de adesão voluntária criada na década passada no Reino Unido.

A proposta da sociedade civil, encabeçada pela Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, é incluir na parte frontal das embalagens um triângulo preto com alertas sobre o excesso desses mesmos nutrientes. É uma referência ao padrão chileno, pioneiro no mundo ao adotar sinais de advertência, e não mensagens positivas, e ao obrigar a rotulagem de todos os produtos.

A discussão mostra outra responsabilidade da qual o designer participa: identificar os artigos à venda, ensinando o olhar do consumidor, mas sem deixar de sinalizar aquilo que é importante para que o consumo seja consciente e informado. Ingerir mais ou menos das substâncias deve ser escolha de quem compra, e o desafio é atrair e estimular o consumo, mas sem maquiar uma questão que tem impactado a saúde pública na atualidade.

3. “And the Oscar goes to… well… to another team…”

Novamente, o caso de pensar de forma pobre a organização de informações num card. Ok! Não é muita informação para ser organizada. Mas custava levar em consideração o usuário?

Não é uma leitura corriqueira e silenciosa. Não é um anúncio para uma sala. É um anúncio, divulgado naquele momento, na frente de milhões de olhares — e, novamente, kilowatts de luzes apontadas para o indivíduo que anuncia. É um pouco constrangedora a cena, mas mostra como uma aplicação simples do pensamento de Design, considerando a fruição de informação e as condições nas quais o usuário vai consumir tais dados poderia modificar tudo.

O nome dos produtores tem o mesmo peso que o nome da obra. Como são mais nomes, acaba ganhando mais pregnância sob o olhar do leitor. Considerando o suporte, a marca do evento, coisa pouco importante para quem está ali, já inserido na apresentação do evento, ganha proeminência. E para que?

Claro, alguém deve se perguntar: de onde veio o nome La La Land… Deve ter sido por default… Afinal, toda a noite de premiação tem seus grandes vencedores, então, let’s go with the flow.

Imaginem o cartão, caso ele destacasse muito mais o nome da obra e trouxesse a marca do evento no rodapé. Afinal, o apresentador já sabe que categoria está anunciando. A única informação nova ali é o vencedor. E o público não quer saber o nome de todos os produtores, quer saber qual o filme que venceu para ler no dia seguinte que “tal filme é o vigésimo maior vencedor da história do Oscar desde 1937” — ou coisa do gênero…

Ri melhor quem ri por último… Será? Harvey ainda pode se confundir em novos anúncios no futuro. Com esses designers, então…

A lista traz apenas alguns fatos, mas muitos outros mostram a importância do olhar do designer em diversas situações. Tem outros exemplos? Comente abaixo!

Esperamos que tenham curtido a lista de hoje. Deixem suas palmas para afagar um pouco nosso ego — afinal somos filhos de Deus — e deixe seu email abaixo para receber mais novidades!

Semana que vem, temos o convidado do mês de fevereiro, Rogério Souza, publicando na quarta-feira. Seu texto discute a importância das artes de capas de obras musicais para o apreciador de música. Não perca!

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