Design e Blockchain: Porque você deve começar a pensar sobre isso

Você já deve ter ouvido falar, e talvez até já seja afetado por ela, mas você sabe o que é Blockchain? E por que os designers deveriam começar a pensar sobre isso?

O que é Blockchain?

Antes de começarmos a explorar o assunto, quero deixar claro que o texto não pretende ser uma aula sobre a tecnologia nem abordar as especificidades demasiadamente técnicas que a compõem, mas sim fazer considerações das possibilidades que ela abre e convidar os designers a começarem a olhar para essa que se pretende ser a Internet 3.0.

Primeiramente, vejamos uma breve descrição da tecnologia que estrutura o que conhecemos hoje como criptomoedas, sendo a mais famosa delas o Bitcoin. De forma sucinta, o Blockchain é um livro razão compartilhado que armazena e realiza a transação segura de ativos físicos ou digitais. Em cada bloco cadeia, são armazenados o conteúdo da transação, no caso do bitcoin uma transação financeira, e uma assinatura digital — o Hash. Cada bloco posterior adicionado na cadeira, vai conter o hash do anterior mais o seu próprio conteúdo, e a partir das suas informações, calcular a sua própria assinatura digital.

E vale ressaltar também que qualquer alteração no bloco, faz com que o seu hash mude, o que torna o sistema seguro. Para saber mais, dê uma olhada no vídeo abaixo:

Uma breve introdução ao Blockchain

Muito além das moedas digitais

Mais do que possibilitar transações sem um órgão centralizado como intermediador e garantir a privacidade das partes, a evolução do blockchain afeta outros processos e modelos de governança no meio digital e que reverberam no “mundo real”. O Ethereum, considerado a cadeia de blocos 2.0, trouxe os contratos inteligentes. De forma resumida, um contrato inteligente é um protocolo para regulação de contratos. Os contratos inteligentes contém todas as informações sobre os termos do contrato e executam automaticamente todas as ações previstas. Essa tecnologia poderia ser aplicada nos cartórios, por exemplo, ou até mesmo substituí-los.

Como projetista, tenho para mim que a grande sacada dessa tecnologia é como ela afeta a relação entre as partes, mexendo num alicerce que é caro no mundo de hoje — e desde sempre, por que não? — , a confiança. Num cenário onde as instituições tradicionais, como o governo, caem cada vez mais em descrédito e desconfiança, o sistema que é regido e regulado pela própria comunidade, pode diminuir a incerteza ao passo que emerge uma relação de responsabilidade mútua na gestão descentralizada.

E é aí que entra o designer. Mais do que ajustar a configuração do produto ao seu modo de funcionamento e adequação do produto ao usuário na execução da tarefa, o papel do designer é solucionar problemas de diálogo do ser humano com os outros e consigo mesmo. É sobre interação, seja entre pessoas, pessoa e lugar, pessoa e objeto, etc. O olhar holístico do designer deve aprender a identificar as oportunidades de atuação e como uma tecnologia pode ser a alternativa de solução, ou parte dela, para a questão abordada.

Vejamos alguns exemplos de indústrias nas quais o blockchain tem grande potencial de aplicação:

Indústrias que o Blockchain pode afetar significativamente

Portanto, por possuir um caráter interdisciplinar, o processo projetual deve considerar os aportes de outras áreas do conhecimento — tecnologia, comunicação, geografia, etc. — na elaboração de soluções e fundamentações das decisões projetuais e utilizá-los como lentes na análise de cenários que receberão a intervenção do design. Sendo o blockchain uma tecnologia emergente, é importante que o designer faça parte do processo de implementação e adesão da tecnologia no “mundo real” desde o início, alicerçado sempre na relevância e no propósito, pois só assim a intervenção e impacto social do design ocorrerão de maneira significativa e consistente, sem perder o humano como norte.

E você, também acha que devemos considerar o blockchain na concepção de produtos, sistemas, serviços, etc?
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