Eu, o direito e o design
Em 2018 completo 30 anos de idade. Além disso, esse ano é o ano que me formo na minha segunda graduação. Me sinto satisfeito e realizado, por isso resolvi começar o ano escrevendo esse relato, desabafo, biografia… tanto faz.
A verdade é que desde novos recebemos uma enorme pressão. Os pais querem investir desde cedo nos seus filhos, com boas intenções, colocando-os em escolas bi ou trilingues, que aprova 10 mil alunos por ano em 1º lugar na mesma faculdade de medicina etc.
Terminei meu 3º ano do ensino médio com 17 anos. Quando comecei a planejar o meu futuro, a partir do 1º ano, eu ainda estava com 14 anos. Comecei a ler revistas como “guia do estudante”, perguntar parentes e conhecidos sobre seus empregos e carreiras. Quis ser oficial da PM, engenheiro mecatrônico, arquiteto, delegado, diplomata etc.
Nota: É claro que há no país situações piores do que ser pressionado a se preparar para uma carreira desde jovem. Há crianças que não tem oportunidade alguma.
Optei pelo Direito. Em parte por influência da família e outra por ignorância e medo em relação às outras opções. A faculdade teve seus altos e baixos, meu interesse e desempenho aumentaram muito quando comecei a estagiar na defensoria pública criminal, tanto que fui aprovado na OAB antes de formado.
Após formado resolvi fazer uma pós e estudar para concurso. Cheguei a trabalhar em um escritório por um tempo e também a pegar algumas ações. Nesse período fiz provas de diferentes níveis e concursos, mas novamente me encontrava na encruzilhada da minha época de vestibular, o que eu quero ser quando "crescer"?
Delegado, Defensor Público, Juiz, Promotor, Policial, Fiscal? Foram cargos que passaram pela cabeça e alguns eu tentei. Mas quanto mais eu pensava na questão mais ficava evidente para mim que na verdade eu não queria nada daquilo. Eis que surgiu uma proposta dos meus pais, que sempre me ajudaram/apoiaram e resolvi "seguir meus sonhos".
Comecei a pesquisar novamente e estudar o que eu queria fazer e ser. Sempre fui inquieto e apaixonado por criar e curioso. Novamente pintou a dúvida, surgiu arquitetura, design etc. Sempre fui apaixonado por jogos e resolvi pesquisar cursos, vi escolas nacionais (que não me inspiraram muita confiança) e pesquisei até algumas estrangeiras(como a DIGIPEN — recebi deles inclusive cartas aqui no Brasil e muito material legal). Acabei me deparando com o curso de jogos da faculdade Anhembi Morumbi, SP, mas seria muito custoso viver lá e pagar a faculdade. EM um último suspiro encontrei a graduação em desenho industrial com foco em mídia digital da PUC-Rio.
Bem, não vou narrar toda a minha vida acadêmica. O início foi "estranho", eu não sabia o que estava fazendo ou porque estava aprendendo certas coisas, mas hoje vejo uma clara evolução, não apenas do ponto de visto de design. Acredito que o curso me tornou um cidadão mais socialmente engajado e ativo.
Quando fiz o vestibular a primeira vez eu ainda não sabia o que era desenho industrial. Quando fui pesquisar, para fazer meu segundo vestibular, eu acreditava que era uma faculdade para se fazer máquinas. Hoje ainda acho difícil definir o Design. Projetar? Ok, mas ao mesmo tempo acho que design é tudo e me pego tentando prestar atenção aos mínimos detalhes do mundo ao meu redor.
Sinto que fiz a escolha certa porque me sinto apaixonado pelo o que faço. Projetar para mim e para os outros, pensar em como melhorar as coisas e o mundo ao meu redor. Não me arrependo das minhas outras escolhas e acho que foram experiências válidas para o presente. Além disso, como diria o meme "what a time to be alive", há muita tecnologia nova e interessante para se trabalhar.
Bem, o nome original do artigo era "eu, o direito, o design e o desenvolvimento", mas dedicarei um artigo único futuro para falar sobre a minha entrada no mundo do desenvolvimento. Espero que o meu relato sirva de reflexão para alguns, distração para outros e quem sabe até inspiração. Lembrem-se sigam e acreditem nos seus sonhos. (agradeço meus pais, família, amigos e namorada por acreditaram e incentivarem os meus)
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