Game Design: o fator replay

Antonio Salgado
2mldesign
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3 min readNov 15, 2017
Comparação dos gráficos de Fallout 4 entre as plataformas

O universo gamer é bipolar. O holofote sempre foi dividido entre duas forças poderosas (não estou falando que sempre tenha existido apenas duas forças), SEGA vs Nintendo, SONY vs Nintendo, SONY vs Microsoft e atualmente nos encontramos na guerra dos Consoles vs PC.

As “guerras” dos consoles foram vencidas por diferentes motivos. Tais como a pirataria ajudou o PS1, PS2 e XBOX360 em suas respectivas gerações, enquanto que os jogos exclusivos (e alguns nostálgicos) tem ajudado os consoles (principalmente da SONY e Nintendo). Mas na geração atual o debate rola muito acerca do poder gráfico.

Evolução gráfica da série Witcher

Eu seria hipócrita em dizer que os gráficos não importam, é claro que importam. The Witcher é uma das minhas séries favoritas de jogos, comecei a jogar pelo 2, quase dois anos depois de lançado, fui tentar jogar o 1 e não consegui. Um dos motivos foram os gráficos do jogo, apesar de o vilão maior ser a jogabilidade.

Porém há coisas mais importantes. Por exemplo, Crusader Kings 2 é um dos meus jogos favoritos, ele já é velho, seus gráficos não são bonitos, mas mesmo assim consigo gastar horas lá, assim como no seu irmão Europa Universalis 4. Por quê? O que me leva gastar mais tempo nesses jogos do que em outros mais recentes e bonitos?

Eu, como Game Designer, diria que conquistar o público é igual construir um relacionamento. Se você o fizer com base em elementos superficiais, quando o cliente ver que aquilo é tudo que você tem, te trocará por algo que tenha mais conteúdo. Daí está a importância do fator replay.

Mas o que faz um bom fator replay? Eu diria que é a soma de tudo, mas um elemento separado. É o que determina minha vontade de jogar aquele game mais de uma vez ou de nunca mais jogá-lo. Há jogos que nos envolvem pela sua narrativa, que pode ser embutida ou emergente, outros que parecem obras de arte completas ou que simplesmente inovam.

Zelda: Breath of the wild

O novo Zelda é um bom exemplo de um jogo completo. Uma trilha sonora envolvente, belos gráficos, uma "pegada" survival e um mundo aberto, com muita coisa ser explorada. Simplesmente é um dos melhores jogos que já joguei em todos os tempos.

Por outro lado temos uma das maiores decepções da minha vida de jogador, Dragon Age Inquisition. Eu jamais havia jogado os outros jogos da série, mas sempre fui fã de Mass Effect, e sempre ouvi comparações. Comecei o jogo altamente interessado, mas me vi terminando-o por obrigação. Muitos bugs, uma história fraca e algumas questões de jogabilidade me frustraram demais com o jogo e não tenho a mínima vontade de retornar a Thedas.

Team Liquid, campeão do International de Dota 2017

Antes dos jogos se transformarem em esportes eles foram desenvolvidos como diversão. Há diversos tipos de jogadores, com diferentes personalidades e formas de encarar os jogos. Algumas pessoas são competitivas, outras querem desestressar.

Cabe a nós designers entendermos o nosso público e as suas necessidades para criar. Não poderia ser diferentes para os jogos. Um jogo bem feito terá um bom fator replay( ou um jogo com bom fator replay será um jogo bem feito?) e consequentemente uma vida útil/notoriedade maior.

Em tempos de realidade virtual e inteligência artificial realmente inteligente, o que me prende na cadeira é uma boa história ou a possibilidade de poder criar a minha própria narrativa.

Obrigado! curtam, compartilhem e debatam. Sintam-se livres para me procurar ou comentar aqui. Na próxima semana teremos Mauricio Melo falando sobre As mazelas da geração do gimmick.

ps: está rolando votação pública no Game Awards, passem lá e deixem seu voto!

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Antonio Salgado
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I am a brazilian Designer, graduated at PUC-Rio. I love working with digital media projects, learning new things and meeting new people