Presença Feminina nas Profissões Criativas

Amanda Pierantoni
2mldesign
Published in
4 min readNov 8, 2017
Guerilla Girls

No Brasil, menos de 20% dos empregos em departamentos criativos são ocupados por mulheres.

90% das mulheres que trabalham com publicidade já ouviram comentários depreciativos de colegas homens, e 60% escutam todo mês.

54% já sofreram assédio em suas carreiras.

89% dos cargos de liderança de departamentos criativos de publicidade ainda são ocupados por homens.

Apenas 32.5% dos vencedores da medalha de ouro do Caldecott Awards, de ilustração, são mulheres. A premiação existe há 79 anos.

O valor mais alto pago por uma obra de arte de uma mulher foi 44,4 milhões de dólares, por uma pintura Georgia O’Keeffe. Para uma obra de um homem, Francis Bacon, foram 142,4 milhões de dólares. A diferença de quase 100 milhões de dólares foi comentada pela própria Georgia O’Keeffe: “Os homens gostavam de me colocar como a melhor pintora feminina. Eu acredito que estou entre os melhores pintores.” E ponto.

É estranho pensar que mulheres estão fortemente presentes nas salas de aula dos cursos criativos, mas são poucas trabalhando no departamento. Como alguns exemplos, 80% dos alunos da Rhode Island School of Design (RISD), nos Estados Unidos, e 72.5% dos da Central Saint Martins (CSM), na Inglaterra, são mulheres. Para onde vão tantas profissionais? E o que as escolas de artes, design, publicidade e etc podem fazer para mudar essa situação?

Rebecca Wright, diretora do programa de Comunicação Gráfica da CSM, acredita que os cursos devem discutir abertamente a disparidade de gênero na indústria, as hierarquias estruturais e o machismo impregnado no cotidiano. Ela acredita que devemos ser mais honestos sobre onde há resistência e potenciais desigualdades para melhor prepararmos os alunos para o futuro e para fazê-los refletirem, transformando o atual cenário.

Quando uma mulher diz que algo é machista geralmente ouve resmungos de “ahh pelo amor de Deus…” Mas será que os homens não deveriam dar mais ouvidos a elas? Afinal, cada um sabe aonde aperta o sapato. Deveriam perguntar por que uma mulher sente isso e iniciar um diálogo. Pode ser um mal entendido, pode ser algo que o homem nunca pensou que poderia ser ofensivo. Muitas vezes os homens simplesmente não sabem o que as mulheres passam e o que sentem, e é necessário abrir a oportunidade para o entendimento de tal situação.

É importante lembrar que o machismo não existe apenas nas atitudes explícitas mas, quiçá principalmente, nas pequenas coisas do dia a dia. “De piada em piada se gera uma cultura”. E é verdade.

Kate Jones (2014)

Às vezes, tanto homens quanto mulheres, são tendenciosos e nem percebem. Empresas poderiam oferecer treinamentos para ajudar seus funcionários a enxergarem seus preconceitos e mitigar seu efeito no escritório. Além disso, poderiam exigir a presença de candidatas mulheres nos processos seletivos. Líderes de empreendimentos devem estar atentos para não permitir que o machismo se instale nem se perpetue, mas é essencial que todos façam sua parte, independente de sua posição na empresa.

Mais mulheres […] serão boas para a indústria. Forçará mais diversidade, o que é bom para o sucesso a longo prazo. Qualquer departamento com uma falta crônica de mulheres, incluindo mulheres em cargos seniores, deve considerar como mudar as condições para garantir que as mulheres não apenas ingressem na empresa em condições igualitárias, mas que consigam ter a mesma chance de sucesso.” - Sue Unerman, MediaCom

Brigitte B

Algumas plataformas para mulheres em profissões criativas:

Women Who Draw, Women Who Design, Hall of Femmes, Graphic Design Women, She-Form, Women of Graphic Design.

Fontes dos dados:

Meio e Mensagem, 2016 / 3% Conference, Nova York, 2016 / Carol Baicker, McKee, Route 19 Writers / Lucinda Hitchcock, professora de Design Gráfico da Rhode Island School of Design / Rebecca Wright, Central Saint Martins, University of the Arts London.

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