Programação orientada ao design
Projetar interação demanda interagir!
É bem comum encontrarmos empresas que trabalham com equipes de design dissociadas de equipes de desenvolvimento, mais comum ainda encontrarmos no mercado as vagas que procuram por desenvolvedores querendo na verdade web designers, ou o contrário.
Vamos neste artigo tentar desconstruir essa estrutura criada pelo mercado que facilita pro RH, mas prejudica os principais objetos de um negócio, seus projetos.
Como designer, acredito que os melhores projetos da minha vida foram os que incluíram de alguma forma experimentações no código bem no início do desenvolvimento. Como empreendedor, posso dizer que os projetos mais frustrantes de que participei, foram aqueles que onde as pessoas não entendiam que o desenvolvimento de uma plataforma ou serviço precisava estar envolvido com o processo de design.
Isso não significa que designers precisam aprender a programar. Significa que se você trabalha com projetos digitais, a programação te permite pensar cada experiência, cada interação, cada pixel da sua criação de forma livre.
Com o crescimento da web, é importante conhecer o prisma de interações que você como designer ou como desenvolvedor pode utilizar. É impossível para um designer trabalhar em um ambiente estático e conseguir articular em seu layout cada dispositivo, cada configuração do usuário, e cada variável na experiência que deveriam ser justamente os efeitos obtidos a partir daquele projeto.
Um design efetivo é aquele realizado com real colaboração e comunicação entre o design e as outras áreas que tornam um projeto real. Sempre foi assim e sempre será. O design fechado em suas próprias questões e entregas se torna frágil, basicamente o que vemos quando entramos no Dribble ou Behance. Muito conceito, pouca pesquisa, nenhuma materialidade.
Propósito é a chave do bom design.
Este é um problema estrutural na base desta área tão nova. Marcas e agências têm seus “criativos” ¯\_(ツ)_/¯ em um departamento e seus “colaboradores de TI” em outro, muitas vezes em outros andares, outras vezes em outros países. Dentro de seus próprios egos inflados, designers e programadores sacrificam o processo ao definir suas áreas como intocáveis. Eu sei que é difícil para um programador em toda sua onisciência procedural ouvir que seu código não se comporta do jeito que deveria, ou para o designer senhor do pixel-perfect, escutar que a interação que ele quer é impossível de implementar pois atrasaria o projeto em 4 semanas.
Só é possível quebrar esse panorama expansivo nas plataformas digitais implementando uma cultura que favoreça a horizontalidade das relações e a multidisciplinaridade dentro dos projetos. Num mundo tão individualizado, a colaboração e a comunicação é difícil e parece mais como um gargalo no processo do que uma ferramenta. É um sarrafo difícil de ser superado, mas necessário para continuar evoluindo.
Na semana que vem a Amanda Pierantoni vem aqui escrever sobre “Comparações vs. Autoconfiança quanto a Ilustração”. Até a próxima!