Querido Futuro Ilustrador
“Desenho é uma forma de se expressar, assim como a sua fala e as roupas que veste.”
Querido futuro ilustrador,
Você, assim como eu, provavelmente tem momentos de questionamento quando vê trabalhos magníficos dos artistas que admira. Escrevo esta carta para te dar um empurrãozinho quando você quiser jogar tudo pro alto, além de ser um lembrete para mim também, quando eu estiver nesses momentos.
Quando você ver um desenho incrível, começar a se comparar, se sentir inferior e entrar no vórtex da ansiedade e paranoia, PARE. Pare e pense. Há quantos anos essa pessoa desenha? Quero dizer, há quantos anos essa pessoa desenha seriamente, com propósitos profissionais, e não apenas rabiscos de canto de página? Talvez você, como eu, desenhe desde que se entende por gente, mas há quanto tempo seu hobbie se transformou em uma ambição profissional? Se você também está começando, não se compare com quem está no ramo há anos. Olhe para eles como referências, mentores, amigos, e não como seu competidor. Os artistas que você admira já percorreram muito chão para chegarem onde estão. Permita-se crescer com calma. Dê tempo a si mesmo.
Lembre-se, também, que o jeito que alguém desenha reflete sua personalidade, sua história, seus sentimentos e suas crenças. Portanto, forçar um estilo é abolir sua autenticidade. Afinal, desenho é uma forma de se expressar, assim como a sua fala e as roupas que veste. Seus traços devem fluir. Não se imponha regras, certos ou errados. Deixe as linhas do seus traços flutuarem pelo papel.
Pense positivo. Pode soar cliché, mas no momento em que você diz que sua arte é terrível e que você não consegue fazer nada decente, uma barreira se ergue. E é difícil derrubá-la. Seus olhos e suas mãos estarão condicionadas a produzir peças das quais você não se orgulha, porque estarão bloqueados pelos seus pensamentos. É como o experimento do poder das palavras sobre os grãos de feijão: palavras de ódio suprimem a saúde e o crescimento da planta, enquanto as de amor fazem-na crescer com vigor.
Por fim, permita-se ser quem é. Você não deve acreditar em tal coisa, pensar de certa maneira ou agir daquele jeito para ser aceito ou ter valor. Você é você. Seus rabiscos, suas obras primas, o sketchbook que você não deixa ninguém ver. Existe uma infinidade de maravilhas dentro de você, e uma capacidade magnífica de transmitir tudo isso — na ponta do lápis.
Com amor,
Amanda.
Semana que vem o texto é do Antonio Salgado sobre acessibilidade. Fiquem ligados!
Até a próxima :)