Teriam as premiações de Música se tornado obsoletas?

Felipe Alves
300 Noise
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3 min readNov 25, 2021

Não é de hoje que premiações como o VMA ou GRAMMY vêm sofrendo críticas. Sempre que uma lista de indicados aparece na internet as redes sociais se transformam em grande ringue de discussão sobre artistas que ficaram de fora ou que não deveriam estar na concorrência. Nessa luta, quem leva K.O. é a própria premiação.

Na última edição do GRAMMY o artista The Weeknd não ficou nada contente com a lista de indicados, visto que seu álbum, After Hours e seu hit ‘Blinding Lights’ ficaram de fora da premiação. O Artista acusou a Academia da Gravação, responsável, através de seus membros, pelas indicações, de corrupção e liderou um boicote contra o prêmio. Já neste ano o artista teve 3 indicações por conta de parcerias com Kanye West e Doja Cat. Seu boicote continua, mas na indústria da música, como sabemos, nem tudo, ou melhor, quase nada, está nas mãos do artista.

Mas a era das premiações de música (e não só neste setor) pode estar sofrendo sérias avarias. Não é apenas The Weeknd e seu tamanho que assustam, mas a quantidade avassaladora de fãs que constantemente apontam as falhas nos tradicionais prêmios do ano. Artistas que não conseguem espaço, artistas que têm espaço demais e artistas e gêneros musicais que já estão enquadrados e rotulados em uma marginalização racista e sexista.

A música como conhecemos vem mudado de forma significativa. A internet e a facilidade de se consumir um fonograma estão transformando o mercado e criando cada vez mais ramificações para nossos ouvidos e para os bolsos daqueles que controlam o mercado. Gravadoras agora detém selos para suprir a demanda por artistas alternativos e independentes, gêneros musicais ganham mais popularidade e as comunidades se fortalecem em circuitos paralelos que cada vez pedem mais. Mais shows, mais representatividade, mais espaço, mais música. O problema é que as premiações não conseguem acompanhar a nova dinâmica e nem se mostram muito preocupadas/interessadas nisso. Pensar em uma forma justa para acoplar a vasta gama de estilos, expressões e ritmos em uma premiação parece algo extremamente complicado, mas condensar a identidade musical na mão de um seleto grupo de pessoas ou em uma votação de público é mais complicado ainda.

O problema está na falta de compromisso, claro, mas, sobretudo, o problema também está na velha engrenagem da indústria que ainda não superou a grande era de ouro das gravadoras. O sistema segue em frente, mas não está mais firme e nem forte. Está capengando e prestes a cair. O que virá? Não sejamos tão otimistas, quando se trata de poder estas máquinas sempre andam com um estepe no porta-malas.

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Felipe Alves
300 Noise

Este perfil é uma obra ficcional e o autor não se responsabiliza pelo conteúdo postado. Criador da @300noise escritor e coordenador de um certo prêmio de música