10 coisas mais legais da minha viagem de estudos à África do Sul

Lizandra Bays Dos Santos
4Amigas
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10 min readFeb 18, 2018

Essa história está sendo contada 9 anos depois de minha viagem para a África do Sul. Foi adorável reler minha agenda de anotações, rever as fotos e pesquisar na internet sobre todos os lugares que visitei. Foi a minha primeira viagem internacional e eu ainda não tinha o hábito de usar diário de viagem, mas mesmo com as anotações super resumidas na agenda e vendo as fotos, eu consegui lembrar de tudo.

Eu fui para Cape Town em 2009 fazer um curso de inglês. Contratei tudo em Porto Alegre por uma agência chamada Sem Destino, a qual eu acho que não existe mais, mas me foi recomendada e deu tudo super certo. Fiz um curso de 5 semanas na Good Hope Studies do subúrbio, no bairro Newlands, e me hospedei na casa da família Saxon no bairro Kenilwoth.

Nessas minhas lembranças, acabei anotando todo o roteiro da viagem, com os links que encontrei na internet dos lugares que visitei e os nomes de várias pessoas que conheci. O texto ficou ótimo para eu reler e lembrar de tudo, tipo daqui há uns 9 anos, mas muito grande para um post escrito com 9 anos de atraso. Então resolvi me desafiar e listar as 10 coisas mais top dessa viagem.

1 - Vista no Cape Point e no Cape of Good Hope

Fiz um passeio com amigos da escola organizado pelos host parents de uma colega suíça. Eles tinham formação e credenciais de tour guides na cidade e levavam os estudantes a passeios ótimos, confortáveis e com preço justo. Em um sábado rodamos 180 km e passamos por Fish Hoek, Simon’s Town e Boulders, até o Cape Point. Todo o trajeto foi incrível, mas o Cape Point é demais! A paisagem e a vista são estonteantes, principalmente no alto do farol. É possível subir com um funicular até o farol, mas nós subimos andando. Mesmo com sol do meio dia, super valeu a pena. São muitos penhascos e muito vento, motivo pelo qual o lugar também é conhecido como Cabo das Tormentas.

Cape Point

O Cape of Good Hope é mais famoso, principalmente pela confusão que há sobre o encontro dos oceanos. Muita gente pensa que é ali que os oceanos Índico e Atlântico se encontram, mas na verdade, não é. Quando os portugueses contornaram o Cabo, acreditaram que estavam no ponto mais meridional da África e que estariam a caminho das Índias, por isso o nome Cabo da Boa Esperança. Só que o ponto mais ao sul do continente é Cabo das Agulhas, e é lá onde os oceanos se encontram mesmo. Abstraindo essa parte, o lugar é lindo, tem muito vento (é onde o vento faz a curva, literalmente) e os visitantes costumam empilhar pedras para deixarem sua marca no local.

Cabo da Boa Esperança

2 - Pôr do sol na Table Mountain

Minha primeira tentativa de subir na Table Mountain não foi possível por causa do vento muito forte, o que fez com que o funicular ficasse inoperante. Em uma outra tarde, depois da aula mesmo, finalmente conseguimos subir até o topo da montanha. Ficamos um bom tempo lá em cima, até a chegada do pôr do sol e pegamos o último funicular para descer.

Do alto da Table Mountain, o porto lá no fundo

A Table Mountain é incrível porque ela é plana, tem cerca de 3 km de comprimento. Lá de cima dá para ver toda a cidade, pois ela se situa praticamente no meio da Cidade do Cabo. Da mesma forma, de praticamente qualquer ponto da cidade você vê a Table Mountain, por isso ela é tão importante.

3 - Pôr do sol na praia de Bloubergstrand

Num final de tarde fomos à praia de Bloubergstrand, que tem um pôr do sol incrível do outro lado da cidade, ao norte. Essa foi uma atração que não apareceu em nenhuma das minhas pesquisas antes de viajar e eu fui para lá por acaso, a convite de meus colegas. Foi uma grata surpresa! De lá é possível ver o sol se pondo bem no meio da Table Mountain e é de onde são feitas as fotos mais incríveis de Cape Town, de cartão postal mesmo. Lanchamos no Blue Peter Restaurant, com uma vista estonteante.

Table Mountain vista de Bloubergstrand, foto de Daniel Busslinger

4 - Pôr do sol em Signal Hill

A Signal Hill, na verdade, faz parte da formação da Table Mountain juntamente com o Devil’s Peak, a própria Table Mountain e a Lion’s Head. Eu fui ao Signal Hill num domingo com uma turma de amigos de Passo Fundo-RS, um pessoal muito divertido e gente boa.

Apreciar o pôr do sol na colina é um passeio simples e que vale muito a pena. De lá também dá para avistar praticamente toda a cidade. Muita gente faz esse programa para assistir ao espetáculo do pôr do sol, fazer piquenique e até celebrações. Nós vimos uma celebração muito chique que parecia ser um pedido de casamento ou noivado. Dizem que é comum acontecer isso por lá, o que eu acho justo pois, de fato, aquela paisagem valoriza muito qualquer momento.

Pôr do sol, do alto de Signal Hill

5 - Passear, fazer compras, happy hour, jantar ou fazer nada no Waterfront

Tá aí um lugar que eu adorei em Cape Town e fui algumas vezes enquanto estive na cidade. O Victoria and Alfred Waterfront é um complexo turístico localizado junto à zona portuária. É um lugar incrível. Tem hotéis, condomínios, shopping, museu, roda gigante, restaurantes, gente do mundo inteiro e uma infinidade de artistas de rua. É o lugar mais visitado da África do Sul. Tem também um food market, que é uma espécie de mercado municipal mais sofisticado.

V&A Waterfront

É de lá que parte o ferry para a Robben Island e também é um dos pontos do ônibus turístico Hop on-Hop off. No Waterfront também fica o Two Oceans Aquarium, que conta com espécies dos oceanos Atlântico e Índico.

Tem tanta coisa que é pra ser visitado várias vezes mesmo.

6 - Pinguins na praia de Boulder’s

A Boulder’s Beach fica na costa oeste da False Bay, na cidade de Simon’s Town. É a famosa praia dos pinguins pois tem milhares deles passeando na areia. Nós andamos pela areia até bem pertinho dos pinguins. Eles são pequenos e meio fedorentos, mas são muitos e a paisagem é linda. Muito legal mesmo!

Boulder’s Beach

7 - Safári

Minha experiência com Safári na África foi bem modesta, mas foi na medida que eu queria. Eu realmente não estava a fim de pagar tão caro e passar uma noite em meio a wild life. Então eu faltei apenas um dia de aula e fui com o um colega de São Paulo ao Fairy Glen Game Reserve, num passeio oferecido pelo John, o host father da minha colega que também é tour guide. O lugar é pequeno se comparado a outros, só que é relativamente perto e a experiência foi muito legal. Fica em Worcester, há aproximadamente 1 hora do centro de Cape Town, e é o game mais próximo da cidade. Dos big five não vimos o búfalo e nem o leopardo, mas o que mais me marcou mesmo foi a estória das mulas, que estavam ali para servirem de almoço para os leões. Nesse dia eu comi a coisa mais exótica de toda a viagem: carne de avestruz.

Safári no Fairy Glen

Na volta do passeio, como não tinha sido possível ver o leopardo, John nos levou ao Cheetah Outreach, um parque onde são mantidas algumas cheetahs (guepardo) e que faz campanhas de educação e preservação da espécie. Serviu para substituir a falta do leopardo, de modo que dos big five ficou faltando mesmo só o búfalo.

8 - Amassar uvas com os pés depois de um brunch com champagne

Outro programa que foi oferecido por John e Denise (os tour guides que eram host parents da minha amiga) foi uma visita a algumas Wine Farms no Valentines Day, o dia dos namorados lá na África do Sul. Visitamos Backsberg em Paarl, onde saboreamos um branch com champagne. Nessa fazenda percorremos os campos de videiras, colhemos uvas e amassamos a fruta com os pés, uma experiência ótima!

Amassando uvas com os pés

A indústria vinícola sul-africana é muito desenvolvida e os vinhos famosos. Numa aula sobre vinhos na minha escola de inglês, aprendi que o Pinotage é uma criação sul-africana, combinando as uvas Pinot Noir e Hermitage. Em outras oportunidades eu também visitei e fiz wine tasting na Rickety Bridge Winery, em Franchhoeck, e na Groot Constantia. Eu recomendo fortemente o Port Wine dessa última vinícola.

9 - Ir para as praias de trem depois da aula

Eu não sei como estão as condições de transporte na Cidade do Cabo hoje em dia, acredito que deva estar bem melhor em termos de táxi e Uber. Mas quando eu estive lá em 2009, antes da Copa do Mundo, não era muito fácil e nem seguro pegar táxi. O que se destacavam eram aquelas vans tipo “lotação”, que ficavam lotadas mesmo, e o trem. Eu praticamente só usei trem. E o melhor de tudo é que a linha da Metrorail vai do centro da cidade até Simonstown, passando pela escola que eu estudava e pela casa em que eu estava hospedada. Nesse trajeto deu para visitar as praias do subúrbio, Muizemberg, St. James, Kalk Bay, e se quisesse dava para ir de novo até Fischhoek e Simonstown.

Muizemberg

Muita gente fala que é em Muizemberg onde tem aquelas casinhas coloridas chamadas bahing houses, mas na verdade elas ficam na praia de St. James, que é imediatamente ao lado de Muizemberg. Inclusive dá para ir andando de uma praia a outra por um caminho à beira mar, entre o mar os trilhos do trem que passam bem pertinho e sem qualquer muro ou cerca de proteção.

Caminho de Muizemberg a St.James

As praias são lindas e limpas. Nessa região, são frequentadas por surfistas. Me marcou que em um dos nossos passeios por Muizemberg tínhamos a intenção de tomar uma cerveja na beira da praia, mas lembramos que na África do Sul é proibido servir bebida alcoólica fora dos restaurantes. Então nós tomamos um café quente na beira da praia.

St.James

10 - Fazer amigos de vários lugares do mundo na escola de inglês

Realmente é meio tenso chegar sozinha em um país tão longe do seu onde se fala uma língua que você não entende direito (pois está ali para aprender). Só que a maioria dos estudantes estão na mesma situação e todos muito receptivos em fazer amizades. Então, mesmo que um fale francês, o outro alemão e o outro coreano, você se enturma rápido e a tensão passa logo. No começo se usa muita mímica e desenhos, mas quando você vê, já está falando inglês. Isso é desafiador e divertido. Os estudantes realmente se ajudam e o aprendizado vai muito além do inglês. Observei que na África do Sul predominam (pelo menos naquela época) estudantes brasileiros, suíços, alemães e sul-coreanos. Mas eu também tive colegas franceses, da Reunion Island.

Minha primeira amiga foi minha colega de casa de família, que era uma moça da Suíça que já estava na cidade há um mês. Ela me ajudou muito sobre a rotina da casa, me apresentou as amigas dela e fizemos muitas coisas juntas. Nos primeiros dias também fiquei amiga de uma venezuelana que me ensinou a ir no supermercado e comprar o chip para o telefone. Ela estava no seu último dia de aula e foi embora, mas na semana seguinte era eu quem estava repassando o conhecimento: levei meus novos colegas da Suíça e Alemanha no supermercado para comprarem o chip. Esses se tornaram meus principais amigos, alemães e suíços, além da turma inesquecível de Passo fundo.

Graças à maravilha da Internet eu tenho contato com a maioria deles até hoje. Ficamos sabendo como vai evoluindo a vida de cada um, relembrando e matando a saudade do que vivemos naquele lugar.

Festa na escola no meu último dia de aula

Esses foram as top 10, segundo as minhas lembranças dessa viagem. A quem estiver planejando visitar a África do Sul, especialmente Cape Town, eu recomendo que não deixe de visitar as praias da região mais central, principalmente Camp’s Bay e Clifton, a Long Street à noite, o restaurante Moyo, fazer o passeio no ônibus de turismo Hop on-hop of e, é claro, visitar a Robben Island.

Baai!

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