Prefácio do livro- Manual de Sobrevivência ao PBL
Este texto é o prefácio do meu primeiro livro, nomeadamente, Manual de Sobrevivência ao PBL. O livro está em processo de revisão e deve ser publicado na primeira quinzena de agosto. Se, você estiver interessado em comprá-lo, não deixe de me avisar por mensagem direta no meu instagram, @tiagoleal4virtudes.
Há muitas formas de se começar um livro, decidi começar este parabenizando você. Se adquiriu este livro, muito provavelmente acabou de ser aprovado no curso de medicina, em especial, em uma faculdade que adota a metodologia PBL. Então, aqui vai: PARABÉNS! Meus parabéns também valem para você que está um pouquinho mais avançado no curso e quer remodelar os seus métodos de aprendizagem e estudo.
Passar no vestibular de medicina não é nada fácil, e você fez muito bem até aqui, no entanto, novos desafios surgem no horizonte. Perto do fim da caminha você perceberá — assim como eu percebi no ponto de parada do oitavo semestre — que passar no vestibular é a parte mais fácil da jornada até o diploma médico.
Todavia não tema, estou aqui para ajudar. Vou te passar o básico de um sistema de estudos funcional, que me permitiu ser aprovado em matérias difíceis enquanto eu dormia bem, encontrava com meus amigos, e me dedicava à minha paixão de escrever.
Não foi sempre assim. Meus conselhos são especialmente úteis, porquanto, durante o curso eu já experimentei os ápices das boas notas, e os vales sombrios da reprovação. Diante de cada derrota busquei me reformular e aprender, até que enfim, encontrei um método funcional de estudos que pode levar qualquer pessoa à aprovação tranquila no método PBL. Sei disso porque funcionou comigo, e sou um caso especialmente difícil. Deixe-me contar um pouco da minha história, e porque você deve me ouvir.
Medicina não é a minha primeira graduação. Quando passei no vestibular eu já era um filósofo formado, com muito orgulho, na Universidade de Brasília. Durante meu período na UnB trabalhei com Filosofia da Ciência, e o desejo de me tornar um cientista crescia a cada dia em meu coração, por essa razão, dentre outros fatores, decidi fazer o vestibular de medicina. Quando entrei no curso estava extasiado. Dediquei-me firmemente a cada conteúdo, conseguindo SS (a menção máxima no UniCEUB) em todas as matérias.
Não obstante, nem tudo eram flores. Minha forma de estudar era muito ruim, e contava apenas com força bruta. Isto é, longas jornadas de estudo intenso. Eu era desorganizado, e por isso deixava a matéria acumular. Virava noites sem dormir, não passava mais tempo com meus amigos. Eu era um bom aluno na superfície, mas na prática, eu era apenas um aluno ruim se torturando para ter boas notas. E quando eu digo tortura, estou sendo relativamente sério, já que sofro de fibromialgia, uma doença que traz intensas dores crônicas ao seu portador, especialmente se este, resolve viver um estilo de vida sedentário no qual passa a maior parte de seus dias sentados.
O intenso estresse físico e psicológico ao qual me submeti, culminou no meu primeiro surto psicológico. Debilitado me vi obrigado a trancar a faculdade. A partir desse momento, passei a ter uma aversão ao curso, pois o culpava pelo meu adoecimento emocional. Essa mentalidade atrapalhou bastante meu desempenho acadêmico. Eu não queria estudar, achava todo o processo bastante chato e cansativo. Continuei em frente, somente para provar para mim mesmo de que eu era capaz de realizar algo difícil. Contudo, não aprendi minha lição, permanecia estudando de forma errada, contando apenas com força bruta, dormindo mal, e deixando a matéria acumular devido a minha desorganização.
Apesar de ruim, minha forma de estudar conseguiu me lavar, aos trancos e barrancos, até o sétimo semestre. O semestre amplamente reconhecido em minha faculdade como o mais difícil do curso. Eu falhei no sétimo período em quase todos os sentidos. Foi como um furacão encontrando um castelo de cartas. Não alcancei a média em praticamente nenhuma prova que fiz. Fui para a recuperação em todos os módulos — nos próximos capítulos explicarei o que é um módulo — e, mesmo com a ajuda e compreensão de todos os excelentes professores que tive, acabei reprovando o módulo de Dermatologia.
Está certo que minha vida pessoal estava um caos, o que desencadeou uma crise depressiva muito importante. Todavia, preciso dar o braço a torcer, não gostava do que fazia, não via muito propósito na faculdade, e dizer que meu método antigo de estudar não era bom, não passa de um eufemismo. Nas férias decidi me dedicar a reaprender a estudar. Passei a ler sobre a ciência da aprendizagem, até que esbarrei em um dos livros mais importantes da minha vida. Um verdadeiro divisor de águas. O livro se chama How to Become a Straight-A student. O título pode ser traduzido mantendo o sentido original para algo próximo de “Como se tornar um aluno que sempre alcança nota 10”. O autor, Cal Newport, na época um estudante universitário em Dartmouth, um dos melhores centros de ensino superior dos Estados unidos, queria encontrar um método de estudos que o permitisse tirar nota A em todas as matérias. Além disso, ele também queria ter tempo para todo tipo de diversão e relacionamentos sociais como participar das mais lendárias festas universitárias.
Pois bem, após um ano de tentativas e erros, ele finalizou seu método. Dentre as 36 matérias em que ele se inscreveu no restante do curso conseguiu 35 notas A. Em seguida, se perguntou como outros alunos classe A, das melhores universidades Americanas como Harvard e Yale estudavam. Entrevistou a todos, compilou as respostas, e colocou tudo em seu livro.
Impressionante não é? Eu também achei. Li todas as suas páginas com avidez. E posso te dizer, foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida acadêmica. Neste momento você deve estar se perguntando: “se esse tal de Newport é tão bom, por que eu deveria ler o seu livro, Tiago? Por que eu não pulo direto para o dele?”. De fato, essa pergunta é muito boa. A resposta é a seguinte: Cal Newport com toda a certeza é um homem muito inteligente, talvez um gênio, mas ele fez um curso de exatas nos Estados Unidos, e não medicina no Brasil, com o método PBL.
O que eu te ofereço é um método de estudos forte, cujos elementos foram usados pelos melhores alunos, das melhores universidades dos Estados Unidos, adaptado para a realidade das faculdades médicas de PBL do nosso país. O que eu tenho é um relato sincero. Após passar por toda a parte teórica do curso de medicina, posso te mostrar como qualquer pessoa, até mesmo eu, portador de condições crônicas de saúde, tanto física quanto psicológica, pode obter sua aprovação de forma relativamente suave. Para ter tempo de não somente se dedicar a vida acadêmica, mas também de aproveitar todas as formas de relacionamentos sociais, dormir, cultivar suas paixões, ou seja, o que você quiser fazer com o seu tempo livre. Eu sei que você pensou em festas, confesse!
Este livro faz mais sentido lido em ordem. Organizei o livro de forma lúdica, com um flavor de um mapa. No primeiro capítulo iremos sair do nosso ponto de partida, entendendo o que vem a ser o PBL. No segundo capítulo, vou te dar uma bússola, um método rápido, simples e funcional de organização, que será seu Norte em todas as suas etapas de estudos. Você pode decidir pular qualquer capítulo, mas não pule esse! No terceiro capítulo, chegaremos a nossa primeira parada, vou te dar as ferramentas básicas para que você consiga montar uma tutoria. Você pode até não saber o que é uma tutoria agora, mas acredite, é uma ferramenta que pode ser sua melhor amiga ou pior inimiga, na preparação para provas e aprendizagens durante a graduação. O quarto capítulo vou te ensinar a estudar para as provas, você irá ficar surpreso, mas revisão é um dos piores métodos de estudos, apesar de ser o método mais amplamente disseminado de todos. O quinto e último capítulo, vamos falar sobre a saúde mental e bem-estar psicológico dos estudantes de medicina. Neste capítulo você entenderá o verdadeiro significado do título deste livro.
Escrevo este livro em meio a uma pandemia mundial. O COVID-19 com certeza marcará as vidas da nossa geração, e depois de tudo, viveremos uma nova normalidade. É possível que os cursos universitários adotem uma mistura de aulas presenciais e online por um tempo. Se você estiver lendo isto durante um período de aulas à distância, saiba que todos os conselhos ainda se aplicam, já que eu também fiz uma parte do meu curso em casa. Boa leitura!
P.S. Não deixe de deixar um comentário abaixo sobre suas impressões do prefácio!
