10. Angelina Agostini

(Rio de Janeiro, 1888–1973)

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54 Artistas Brasileiras
3 min readJun 15, 2019

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Filha do caricaturista Angelo Agostini e da pintora Abigail de Andrade, Angelina Agostini foi a última artista a receber o prêmio viagem da Escola Nacional de Belas Artes, em 1913. Depois de tanto esforço das pioneiras, como sua mãe, que abriram espaço para as gerações futuras, Angelina conseguiu algum destaque entre os críticos da época, como saiu no Correio da Manhã, de 1913, embora ainda destaque o fato dela ser mulher:

“Nada lhe falta, nem mesmo paciência e perseverança, para a vitória final: técnica tem-na ela bem sua, a serviço de uma fatura comedida e inteligente. Sua obra denuncia grande capacidade de trabalho a que se entrega sem arrojos, mas também sem desfalecimentos. […] É verdade que d. Angelina tem como concorrentes três moços trabalhadores e, pode-se dizer sem receios de que nos taxem leviano ou bendizente, já assaz experimentados nos mistérios da Arte, que escolheram.”

Completou seus estudos em Paris, depois em Londres, onde serviu na Primeira Guerra como voluntária da Cruz Vermelha, recebendo o reconhecimento do governo britânico. Durante esta temporada no exterior, expôs na na Royal Academy of Arts, na Society of Women Artists, no Imperial War Museum e na Huddersfield Gallery, em Londres; e na Société Nationale des Beaux Arts, no Salon des Tuileries e no Salon de l’Amérique Latine, em Paris. E mesmo assim foi difícil encontrar uma pesquisa sobre ela nos bancos de tese. Em geral, encontram-se apenas citações em pesquisas sobre o pai.

Quando a artista volta ao país, provavelmente nos anos 1950, já gozava de algum prestígio. Em 1953, ganhou a medalha de ouro no Salão Nacional de Belas Artes (SNBA) e, quatro anos mais tarde, participou do júri da mostra.

A obra prima da artista é Vaidade, de 1913, que lhe rendeu o prêmio viagem. Na pintura, Angelina retratou uma mulher se olhando no espelho, com o espartilho no primeiro plano — essa peça que servia para conferir a mulher uma cintura mais fina e também dificultava a entrada de ar nos seus pulmões. Na penumbra, na intimidade, ainda confortável, a mulher ajeita seus cabelos na cena escura. Na luz, o molde. A roupa obrigatória para se apresentar à sociedade.

Não encontrei ainda informações se Angelina casou ou teve filhos.

FONTE: ANGELINA Agostini. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Acesso em: 15 de Jun. 2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978–85–7979–060–7

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