11. Nicolina Vaz de Assis

(Campinas, 1874 — Rio de Janeiro, 1941)

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54 Artistas Brasileiras
2 min readJun 27, 2019

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A escultora campineira é considerada a primeira artista a realizar uma obra pública no Brasil. E todos que frequentam o centro de São Paulo ou já deram uma voltinha ali pela praça Júlio de Mesquita devem ter visto a Fonte Monumental, de 1923, em que sereias tentam seduzir um pescador. De temperamento mais conciliador do que o de Julieta de França, de quem já falamos aqui, Nicolina Vaz, segundo biógrafos, se dava bem em geral com os colegas homens do circuito de arte. Mas claro que no começo não foi assim.

Ao receber uma bolsa do governo do Estado de São Paulo para estudar na Escola Nacional de Belas Artes, houve quem questionasse se uma mulher poderia receber o auxílio. O caso foi parar no Congresso, que decidiu em favor de Nicolina. O aval de homens para que as artistas pudessem exercer o ofício no Brasil era o padrão entre os séculos 20 e 19. E muitas precisavam ainda do apoio do marido e/ou da família. Com Nicolina não foi diferente. Casada com o médico Benigno de Assis, ele chegou até a acompanhá-la em Paris em seus anos de estudos entre 1904 e 1907. De acordo com Ana Paula Simioni:

“poucas artistas de sua geração foram fecundas, produtivas e puderam como ela viver do próprio ofício”

Depois da morte de Benigno, em 1909, ela passou a se sustentar de seus rendimentos como artista. No entanto, embora tenha alcançado sucesso profissional grande para uma mulher na época, Simioni destaca que as críticas de seu trabalho sempre trazem comentários sobre a feminilidade ou “obra tecnicamente masculinizada e cheia de formosura”, como escreveu o escritor Carlos Rubens. Estima-se que em toda a sua carreira, Nicolina tenha produzido cerca de 500 obras e, entre elas, uma obra pública de grande escala. Mas mesmo assim, poucos livros de história da arte brasileira trazem seu nome.

Fonte: Profissão Artista, Pintoras e Escultoras Acadêmicas Brasileiras, de Ana Paula Simioni

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