6. REGINA GOMIDE GRAZ

(Itapetininga, 1897 — São Paulo,1973)

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54 Artistas Brasileiras
2 min readMay 17, 2019

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Ao centro, Regina Gomide Graz

Participou da Semana de Arte Moderna de 1922. É considerada a introdutora da tapeçaria no Brasil. Esses já seriam bons motivos para conhecermos o trabalho de Regina Gomide Graz, não? Mas acontece que boa parte da obra da artista se perdeu. E com isso o nome dela também corre o risco de ficar apagado nos textos sobre história da arte.

Regina se mudou com a família para Suíça em 1913. Logo que chegou, ela e seus irmãos, Antônio e Maria, se matricularam na escola de Belas Artes de Genebra, onde Regina conheceu John Graz, com quem se casaria.

Em 1920, a família Gomide voltou para o Brasil e John e Regina firmaram a união. Integrados a cena artística paulistana, o casal participou da Semana de 1922. John, com algumas telas, e Regina, com tapeçarias. Como o mercado de arte era incipiente no país, resolveram usar seus conhecimentos artísticos em projetos decorativos para a elite paulista — trabalho que desenvolveram até 1950. John era responsável pela idealização do projeto, enquanto Regina se encarregava da execução.

Um ponto que desfavoreceu a valorização da obra o da artista foi a dedicação às artes aplicadas, no caso, a tapeçaria. Esse tipo de trabalho era considerado inferior no mercado das artes visuais, pois era associado ao artesanato. De acordo com a pesquisadora Ana Paula Simioni, “nesse momento, a imagem do artista aplicado atrelou-se definitivamente à do artesão, visto então como o protótipo do trabalhador manual em que estão ausentes dotes intelectuais”.

Outro detalhe que contribuiu para o desaparecimento do trabalho da artista foi o material têxtil. Linhas e tecidos podem ter uma durabilidade menor se não forem conservados da forma correta. Sendo peças dedicadas ao uso doméstico, como tapetes e almofadas, que estão expostos à luz, pó, lavagens pouco cuidadosas e contato humano, o trabalho de Regina acabou se perdendo. Sete anos após a morte da esposa, John Graz disse em entrevista:

“Infelizmente, sua arte se desfez, nos tapetes, nas decorações, nos ambientes que criou, quantas vezes comigo, e que o tempo desfez”.

E nem no Wikipédia há um verbete sobre a artista.

Fonte: Regina Gomide Graz: modernismo, arte têxtil e relações de gênero no Brasil, de Ana Paula Simioni.

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