Hip Hop e sua Genealogia

João Pedro Mendes Pereira
9quadros
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3 min readMay 16, 2017

Se você conhece rappers como Kendrick Lamar e Eminem saiba que antes deles pessoas davam seu suor e seu talento para estabelecer uma nova cultura. Sem eles nada disso seria possível e é isso que Hip Hop Genealogia mostra. Aqui vemos as raízes do movimento hip hop de 1970 até 1981 e todas as pessoas que fizeram parte e contribuíram para tudo isso ser possível.

Ed Piskor (Os Beats) sempre foi um amante de quadrinhos e de hip hop. Ele sentia a necessidade de fazer algo sobre essa cultura e em 2012 ele deu início ao projeto. Segundo Ed, quadrinhos e hip hop tem muito em comum como podemos ver nessa entrevista http://bit.ly/1pKGmaQ

“Tanto revistas de quadrinhos quanto a cultura hip hop nasceram nos Estados Unidos, em Nova York para ser mais específico. São filhos bastardos da indústria cultural que ganharam respeitabilidade com o passar dos anos. Rappers e super-heróis sabiam falar melhor sobre o que acontecia ao meu redor do que os meus pais”

Realmente ambos tem muito em comum, inclusive, muitos discos já foram ilustrados por quadrinistas famosos. Nomes como Bill Sienkiewicz, Chris Bachalo compõem uma extensa lista.

Kid Cudi ‎– Man On The Moon: The End Of Day ilustrado por Bill Sienkiewicz na esquerda. Meth-Ghost-Rae — Wu-Massacre ilutrado por Chris Bachalo na direita.

Nesta mesma entrevista ele fala um pouco sobre como ele quis fazer a obra. Com alguns elementos ele consegue te inserir no contexto e na época em que o movimento nasceu. A arte lembra propositalmente os quadrinhos underground (Robert Crumb, por exemplo) e o papel é feito para parecer envelhecido e até a impressão do material tem este intuito.

O autor não faz um roteiro, ele realmente faz uma genealogia. Cada quadro é uma história e ela pode fazer conexão com o próximo mas isso não é regra. O trabalho de pesquisa dele é absurdo, ele coloca todos os nomes (ou quase todos?) discos, grupos e tudo muito preciso. Experimente pegar todas as referências e pesquisar sobre elas, é um exercício excelente e te dá outro panorama na leitura. Nessas referências eu consegui conhecer pérolas como Crash Crew, Freedom, Brother D, Fearless Four e a lista não para por aqui. A edição da veneta está muito bem feita e ela conta com uma introdução do Emicida. (leia aqui: http://bit.ly/2rlYavt) Todas as referências e rimas originais estão reunidas e comentadas no apêndice da edição.

“Quando li Avenida Dropsie, saí convencido de que Will Eisner era algo próximo de um bom MC. MCs são controladores do microfone, senhores das palavras que manipulam o ar em seus corpos de maneira que, juntas, a vivência e o conhecimento se tornem o fogo e a pólvora, prontos para um disparo certeiro.”

Se você viu The Get Down e ficou querendo mais, leia este quadrinho e você verá de onde saiu tantas inspirações para a série.

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Um lugar onde a nona e a sétima arte se encontram. Críticas de filmes, resenhas de quadrinhos e de tudo um pouco. O limite é não ter limites.

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Leitor compulsivo de quadrinhos, amante de filmes, louco por música e ainda escrevo esses textos aí.