Sobre a era Smart

Uma nova era, uma nova economia e novas regras

Leo Xavier
4 min readMar 27, 2017

Fui apresentado recentemente a uma batalha de eras ainda desconhecida: o embate entre os mundos Wintel e GAFA.

Explico: Wintel, representa o mundo dominado por Windows e Intel, referindo-se ao domínio da era dos PCs ou desktops, que reinaram absolutos na última década do século passado e parte da primeira deste.

GAFA é a união de Google, Amazon, Facebook e Apple. E GAFAnomics é sobre compreender o impacto e poder das gigantes da tecnologia, entretenimento, conteúdo, publicidade e comércio.

A força dos quatro gigantes impressiona em diversos indicadores: alcance, receitas, caixa e, principalmente, poder de definir e influenciar comportamentos.

Note que, por exemplo, a Amazon (com a Amazonfresh) se tornou o varejo de alimentos preferido do norte-americano em poucos anos. Ou então, como em 80 dias a Apple criou a categoria de tabletes.

Recomendo a leitura deste material para compreender melhor sua lógica de negócio, como encaram o consumidor e seus produtos.

Dentre os diversos elementos que explicam o porquê do acelerado crescimento e predominância dessas empresas, está sua lógica de criação de valor, baseada em três principais conceitos:

  • Make smart and meaningful things
  • Foster value creation rather than revenue
  • Doing away with core business

Fiquei fascinado pelo primeiro conceito: construir coisas significativas e inteligentes (numa tradução livre).

Produtos e soluções que são livres de fricção, atendem uma demanda latente e têm rápida adoção.

Ouvir música, por exemplo, após o MP3, iTunes e a nova lógica criada pela Apple, ficou 70 vezes mais rápido. Ou como o Google fez o aprendizado acontecer 25 vezes mais aceleradamente.

Portanto, nesse novo cenário, ganha a empresa com o produto que salva tempo e entrega super poderes para as pessoas.

Claro que não são apenas os 4 gigantes a jogar nesse tabuleiro, mas sua visão sobre a estrutura de negócio e produtos serve como um framework estratégico para outras iniciativas bem sucedidas.

Pensemos no Shazam, que entrega o super poder de descobrir qualquer música que está tocando em segundos. Integrado ao Spotify, permite que aquela música que você acabou de ouvir, esteja na sua playlist favorita em 2 ou 3 toques na tela do smartphone.

Construir coisas inteligentes. Esse é o ponto chave. Não é apenas sobre melhorar a vida das pessoas, mas provocar uma profunda, positiva e real mudança. Nesse sentido, desenvolver coisas, serviços e soluções inteligentes é a mais desafiante fronteira da nova economia.

Vale lembrar que no incio do século ter uma empresa na economia digital significava ter um site. Na atual década, isso passou a ser ter um app. Nos próximos anos, veremos empresas que se definirão como uma coisa (ou um produdo) conectado, inteligente.

Previsões otimistas não faltam. Segundo o Gartner, em 2020 teremos 20 bilhões de coisas conectadas, contra um universo de 7 bilhões em 2016. Uma evolução significativa num curtíssimo espaço de tempo, sem dúvida.

O efeito direto do mundo de coisas conectadas, a Internet of Things, é o surgimento de um novo consumidor, também mais inteligente. É ato contínuo. O smart phone, a smart TV, o smart watch e tudo o mais smart, acabam por criar smart pessoas, que além de mais inteligentes, tornam-se mais exigentes também.

Isto porque cada vez mais as relações entre marcas/produtos/serviços e consumidores será aplicatizada, ou seja, feita através de uma aplicação. E nesse sentido, a comparação será feita não mais em relação​ ao que oferecem marcas diretamente competidoras, mas sim com os apps que usamos diariamente.

Portanto, será imperativo entender melhor a relação do consumidor com seus apps, aqueles que formam um ecossistema absolutamente pessoal, salvando tempo e dando super poderes aos seus usuários.

Afinal, há novas regras nesta nova economia e a mais brutal delas é que marcas terão de ser mais smart para atender esse novo consumidor.

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