Mulheres maduras e invisíveis por Layla Vallias e Clea Kouri da Hype60+

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4 min readSep 13, 2018

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Muito tem se falado em longevidade, o mundo está envelhecendo, o Brasil teve uma brusca mudança no seu perfil com um crescimento exponencial de pessoas acima de 60 anos. Em 2050, o Brasil será o sexto país mais velho do mundo!

Com essa mudança tão rápida, muita gente não está percebendo que deixamos de ser aquele país jovem para ser um país de pessoas seniores e cheias de energia. A longevidade é feminina: as mulheres vivem mais a fase madura, não só pelos anos extras, mas também por sua força criativa e de liberdade que vivenciam.

Clea Kouri, sócia da Hype60+ e uma das autoras desse texto

Se elas são tudo isso, onde estão representadas essas mulheres que vivem uma fase cheia de surpresas?

Se por um lado ela assume as rédeas da sua vida, com mais liberdade, por outro começa a enfrentar a menopausa, a bunda e o peito caído, o trabalho que é difícil de achar e os relacionamentos que se tornam cada vez mais escassos.

Mas, essa mulher sempre dá a volta por cima e se reinventa: faz atividade física, se alimenta bem, experimenta novos formatos de trabalho, vira blogueira ou começa a vender aquela comidinha especial que só ela sabe fazer. Testa também novos formatos de relacionamento: aqueles só aos finais de semana, à distância ou ainda mais surpreendente, muitas cansaram de se relacionar com homens e partem para namorar outras mulheres em busca de satisfação maior. Não é maravilhoso?

Elas não podem e não vão ser mais ignoradas!

Em uma pesquisa realizada no fim do ano passado, 92% afirmam que a mídia emite conceitos equivocados sobre elas: que não gostam de sexo, não são produtivas e não se importam com a aparência.

Mas não para por aí: mais da metade, 57%, afirmam que faltam produtos para ela: moda, higiene pessoal e cosméticos.

Será que as marcas pensam que as mulheres maduras não usam desodorante? Não pintam o cabelo? não usam esmaltes? Não se perfumam? Não se vestem? Ou será que eles têm medo de incluir essa mulher madura nos seus comerciais e seus produtos serem taxados “para velhas”?

Num mundo onde cada vez buscamos a inclusão, não dá para as marcas e suas agências ignorarem esse público. Temos a oportunidade e a obrigação de mudar esse paradigma, acabar com estereótipos e contribuir para a inclusão das mulheres maduras de maneira mais ampla.

A antropóloga e escritora brasileira Miriam Goldenberg que estuda as questões relacionadas a passagem do tempo diz que antes havia uma coerção social muito mais forte para as mulheres. Hoje não. “Eu saio com a roupa que eu quero e foda-se. Essa é a palavra que eu mais escuto das minhas pesquisadas mais velhas. Foda-se o que os outros pensam. Foda-se se acharem que eu sou uma velha ridícula. Foda-se o que os outros vão pensar. É uma revolução do foda-se”

Essa mesma geração que explodiu esses modelos (tra- dicionais) nos anos 1960 é a geração que está hoje com 60, 70 e até com 80 anos. É uma geração que não restringiu a sua vida, projetos, seu corpo porque envelheceu. Gosto de dar exemplos mais públicos: Ney Matogrosso é velho? Marieta Severo é velha? Caetano e Gil são velhos? Não dá mais para chamar essas pessoas de velhas. São todos ageless [sem idade]; são inclassificáveis, porque continuam sendo como sempre foram. Essa é a grande mudança.

Queremos convidar as empresas e sua agências a olharem com mais atenção e carinho para essas mulheres.

Só com uma atitude realmente propositiva podemos ter no futuro um mundo com mais esperança, democrático e sem idades.

Layla Valliar, sócia Hype60+

Texto por Layla Vallias & Clea Klouri sócias da Hype 60+. Elas foram algumas das especialistas que ajudaram a 65|10 a construir os insights para o Mulheres (In)Visíveis.

O Mulheres (In)Visíveis é primeiro banco de imagens de mulheres que você não vê na publicidade. Criado pela 65/10 e Adobe, você pode ver e comprar as fotos do projeto aqui: https://adobe.ly/MulheresInvisiveis18

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65|10

Consultoria para melhorar a representação da mulher na publicidade, tanto nas campanhas, quanto dentro das agências.