Notável evolução de Gibson, escrita superior a de Neuromancer

Count Zero (William Gibson)

Diego
Ver mais… Textão!
2 min readJul 29, 2016

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Talvez o melhor argumento esteja em Neuromancer, que criou o universo Cyberpunk da trilogia do Sprawl (ou não, já que entre 1981 e 1982 o autor já havia escrito 3 contos, os quais ainda não li: Johnny Mnemonic, New Rose Hotel e Burning Chrome), mas no quesito escrita e narrativa, Count Zero se sai melhor, proporcionando uma leitura muito mais aprazível (e olha que já li Neuromancer duas vezes!). Eu até poderia arriscar e dizer para galera que não leu nada, começar por Count Zero, é inegável que Neuromancer contém uma importante base. Mas se você já tentou ler o primeiro e não conseguiu terminar, experimente Count Zero e, se gostar, considere Neuromancer como um livro “prólogo”.

O grande “upgrade” está em trazer uma narrativa, de forma paralela, por meio de 3 personagens diferentes, quais sejam: Turner (um mercenário), Bobby (aspirante a cowboy, “hacker”) e Marly (gerente de galeria de arte). O alternância destes personagens ao longo dos capítulos não deixa, em momento algum a leitura cansativa, sempre prendendo o interesse do leitor a respeito de para onde irão convergir.

O livro preenche bem áreas diversas, ação, investigação e mistério, incursões na matrix e uma intrigante relação entre tecnologia e religião, criando espécies de “cyber orixás” (para fazer uma analogia). Pequenos detalhes secundários de Neuromancer são aprofundados e melhor explicados neste segundo livro da Trilogia do Sprawl.

Na parte final, o livro fica bem empolgante. Isto aliado aos capítulos curtos e constante alternância de pontos de vista, que vão “descobrindo o véu” da trama, só deixará o leitor sossegado ao virar a última página.

Obviamente, para melhor entendimento, o livro exige uma familiaridade do leitor com os termos utilizados. Portanto, é altamente recomendável ler o Glossário antes de iniciar a leitura e sempre consultá-lo quando algo não estiver claro.

Ficha Técnica:

Título: Count Zero
Autor: William Gibson
Tradução: Carlos Angelo
Edição: 1ª
Editora: Aleph
Ano: 2008
ISBN: 978–85–7657–050–9

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