O que é inovação social e como ela pode melhorar o mundo?

Negócios que solucionam problemas sociais podem ser a melhor estratégia para o futuro

Aerochimps
7 min readOct 28, 2014

Quando éramos crianças, queríamos ter super poderes. Amarrávamos uma toalha no pescoço e dizíamos que aquele pedaço de pano era, na verdade, uma capa que nos tornava capazes de voar. Acreditávamos que poderíamos salvar o mundo, antes mesmo de saber o que precisaríamos fazer para conseguir isso.

E então nós crescemos. Hoje, o que somos são seres humanos reais e de poucos poderes, que nada podem fazer para tornar o mundo um lugar melhor, certo? Errado.

Melhorar o mundo é possível sim, e a partir de agora. É, inclusive, uma tendência mundial, que tem ganhado cada vez mais espaço desde o surgimento da internet e das novas mídias. O cenário é favorável e dispensa super poderes (mas se você descobrir alguma forma de ficar invisível, não se esqueça de nos contar).

Pensa com a gente: o Brasil é um país conectado. Mais de 70 milhões de brasileiros têm acesso à internet e existem cerca de 70 milhões de smartphones no país. Até 2025, haverá mais coisas conectadas na rede do que pessoas no mundo.

Então, por que não usar toda essa tecnologia para ajudar a acabar com as dificuldades e injustiças? Construir um negócio que soluciona problemas sociais pode ser a melhor estratégia para o seu futuro e para o futuro da sociedade em que você está inserido.

Para contextualizar tudo o que estamos falando e trazer esse raciocínio para a prática é que existe o conceito de inovação social, que te apresentamos agora.

O que é inovação social?

Estamos acostumados a ouvir — e já até repetimos algumas vezes — que o propósito de todo negócio é exclusivamente gerar lucro. Herdamos esta máxima do século XIX, quando foi tomada como uma espécie de verdade absoluta e inquestionável. Até que alguém, veja só, finalmente a questionou. A partir daí, o que era imposto foi reavaliado e transformado.

É claro que o lucro é essencial para qualquer negócio, até para que ele seja sustentável. Mas esse não é — e não deve ser — sua única motivação, sua razão de existir. Segundo premissas da inovação social, os negócios devem ser baseados em um propósito maior, em algo que gere valor para a sociedade e que possa melhorar o mundo (olha aí!).

Outra coisa que fazemos com facilidade é associar inovação à tecnologia. Essa linha de pensamento não está toda errada. Porém, a inovação social ultrapassa os limites da inovação tecnológica.

A inovação social parte do princípio de que é preciso compreender as necessidades da sociedade para criar soluções inovadoras. São produtos, ideias e ações que afetam positivamente setores como educação, saúde, lazer, economia e tantos outros.

Este conceito estabelece um novo paradigma no capitalismo e faz com que negócios feitos por pessoas e para as pessoas se transformem em reais sistemas de troca. Daí, surge uma relação benéfica que corre em via de mão dupla e constrói soluções que respondem às necessidades sociais.

Ou seja, inovação social significa criar sistemas onde todos ganham. Uma lógica sustentável à longo prazo.

“A grande diferença entre inovação social e outros tipos de inovação é que ela é baseada em valores sociais como fator primordial ao invés do lucro.” (Big Society – Young Foundation)

É um conceito tão simples e tão óbvio que, muitas vezes, passa desapercebido aos olhos da maioria. Cabe um desabafo aqui? Lá vai: isso aconteceu até com a gente, no nosso texto mais lido aqui no Medium — um artigo que revela o modelo de negócio de startups de sucesso, como Uber e Airbnb. E se a gente te contar que essas duas empresas praticam a inovação social? Pois é.

Quer dizer… Tem gente fazendo inovação social sem nem saber o que isso significa. E, apesar de ser um tema ainda em crescimento, seu conceito não se limita a simples palavras. Quer ver só?

Inovação social na prática

Selecionamos alguns exemplos de inovação social que dependem total ou parcialmente de uma inteligência de desenvolvimento de software para funcionar.

Alguns você já conhece, mas não sabia o conceito que havia por trás de sua criação. Agora que você já sabe, fica ainda mais interessante. Olha só:

1. Catarse:

Com apenas três anos de existência, o primeiro serviço de financiamento coletivo brasileiro já arrecadou mais de R$ 5 milhões para mais de 500 projetos criativos e inovadores em todo o país. Atualmente, há aproximadamente 200 projetos anunciados na platarforma, distribuídos em 27 temas, que variam de arquitetura e urbanismo a carnaval e literatura.

A plataforma não só muda a forma de interação entre produtor e consumidor, empresário e cliente, como incentiva novos produtos e serviços para mudar o mundo.

2. Rede Nossas Cidades

A rede Nossas Cidades surgiu em 2011 para reunir pessoas em ações virtuais e presenciais em torno de mobilizações para melhorar as cidades brasileiras. Presente no Rio de Janeiro (Meu Rio) e em São Paulo (Minha Sampa), a experiência já reuniu mais de 170 mil apoiadores que acreditam que cidades melhores começam com cidadãos mais ativos, conectados e engajados.

Nesta rede, qualquer pessoa pode começar uma mobilização, disponibilizar tempo e talento para dar aquela força em mobilizações iniciadas por outros, colaborar com os membros para desenvolver soluções urbanas e muito mais.

Hoje as redes vivem de macro e micro doações e esperam poder replicar o modelo para outras 15 cidades nos próximos três anos.

3. Colab

Eleito o melhor aplicativo urbano no mundo, em 2013, pela New Cities Foundation, o Colab é uma rede social voltada para a cidadania. Com mais de 50 mil usuários ativos, ele faz a ponte entre cidadãos e cidades, conectando pessoas a prefeituras e órgãos públicos.

As prefeituras de Curitiba, Foz do Iguaçu, Rondonópolis e Teresina já usam a ferramenta. Com o Colab, o cidadão pode indicar e documentar um problema ou irregularidade da sua cidade, como buracos em vias, iluminação pública queimada e falhas no transporte público. Além disso, também é possível propor soluções, sugerir projetos, apoiar causas de outros participantes, além de avaliar diversas instituições públicas.

Todas as publicações feitas no app são enviadas para as prefeituras e posteriormente respondidas ao cidadão.

4. Kahn Academy

O Khan Academy é uma entidade sem fins lucrativos que tem o objetivo de mudar a educação para melhor. Todos os recursos da ferramenta estão disponíveis para todos. Pode ser aluno, professor, diretor, criança, adulto voltando à sala de aula após 20 anos ou mesmo uma pessoa curiosa que procura uma mãozinha em biologia básica.

Com o Khan Academy, é possível aprender qualquer coisa, sem pagar absolutamente nada por isso. Basta um aparelho conectado à internet para ter acesso a todos os materiais disponíveis. São aulas de matemática, ciências, programação, história, arte, economia e várias outras. E, ainda, mais de cem mil exercícios interativos.

Felizmente, existem milhares de iniciativas sociais no mundo. Nas terras tupiniquins, o programa Social Good Brasil funciona como um grande catalisador de ideias socialmente inovadoras. É a partir desse projeto que surgem tantos outros.

Afinal, o principal objetivo do programa é conectar e apoiar indivíduos e organizações para utilizarem o poder das tecnologias, novas mídias e o pensamento inovador para contribuir com a solução de problemas sociais.

Conclusão

A inovação social parte da exploração de novas formas de pensar, conectar e organizar a sociedade. Ela pode estar presente no setor social, público ou privado. E seu principal objetivo é melhorar o mundo (simples assim), promovendo ou facilitando o acesso a produtos e serviços a quem antes não tinha (ou tinha com ressalvas).

O papel da tecnologia nesse processo é expandir o acesso à inovação social, tornando-a mais barata, replicável e escalável. Assim, mais pessoas são alcançadas e seu impacto é potencializado.

A grande diferença da inovação social para outros modelos está na forma de acesso. A inovação social surge no atendimento de uma necessidade latente que gera impacto para a sociedade, solucionando problemas que antes não eram solucionados.

Agradecimento especial

O nosso muito obrigado super sincero ao Guilherme Sarkis, do 180hub. Sem ele, este texto não ficaria tão bacana. Valeu demais por compartilhar sua experiência e conhecimento conosco. ❤

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