Ao jovem de todas as idades — 5 pontos sobre não ser engolido pela vida. Ou a busca pela Liberdade.

Cesar Yojiro Matsumoto
5 min readJun 20, 2015

Desde que escrevi o artigo "5 considerações sobre propósito de vida" tive a honra de ser convidado para conversar com muitas pessoas. E todas elas jovens — alguns de 20 e poucos e outros entrando nos 50 — , que, independente de idade, mantinham o brilho da inquietação, da busca pela felicidade genuína.

Dessas conversas alguns assuntos foram comuns e originaram estas reflexões, que sintetizei em 5 pontos, embora cada um deles valha um livro à parte…

1. Realizar os sonhos e desejos não traz felicidade

Todos, ou a grande maioria de nós, busca em algum nível a felicidade. Mas nessa busca, há muitos equívocos. Um deles é acreditar que realizar nossos sonhos traz felicidade.

Digo de boca cheia, porque realizei todos os meus. Trabalhei com os projetos dos sonhos, ganhava bem, sentia que estava sendo útil para as pessoas (essa era a única parte que dava mais "alegria"), conquistei os bens materiais que queria e realizei meus desejos sexuais e de relacionamento.

E quando realizei tudo isso, me perguntei "é isso? cadê a felicidade? cadê os fogos de artifício que iam estourar no céu quando realizasse meus sonhos?"

2. A felicidade não é algo que se busca. Você é a Felicidade

Você já teve a sensação de acordar alegre e contente, sem motivo? E tudo parecia ótimo?

A alegria e a felicidade não são coisas que dependem das circunstâncias externas. Só parece. Algumas vezes os eventos podem ser o gatilho para uma emoção positiva (assim como uma negativa). Mas alegria é algo que brota espontaneamente, sem causa aparente.

Satyavan dizia que nós somos a felicidade, a suprema alegria, totalidade. E essa alegria que sentimos espontaneamente de vez em quando é só um perfume, uma amostrinha do grande esplendor que somos em realidade. É inerente a nós, mas obscurecido por ignorância, apegos e condicionamentos.

3. A felicidade anda junto com a Liberdade

Talvez já tenha percebido que você é escravo. Mas não da sociedade, da mídia ou de alguém (talvez também o seja em algum nível), mas essencialmente é escravo dos seus condicionamentos, ou melhor, nossos condicionamentos (porque estes são também coletivos). Somos condicionados/escravos das nossas amarras psicológicas. Das necessidades de nos sentirmos seguros, confortáveis, amados, aceitos, reconhecidos e até admirados.

O caminho do autoconhecimento é a libertação desses condicionamentos. Se observar suas atitudes, suas falas, seus investimentos de tempo, esforço e trabalho, o quanto disso tem uma raiz no medo? O quanto aquelas coisas que quer ter e o jeito que quer ser/parecer para os outros e para si mesmo são em função de ser aceito e corresponder às expectativas do seu grupo social, da sociedade, da família?

O medo de um mundo hostil, onde precisamos ganhar o respeito e aceitação das pessoas, onde o dinheiro parece estar na iminência de faltar, onde é preciso batalhar para poder ser merecedor, são crenças que parecem totalmente reais e inquestionáveis. Mas são apenas crenças. Necessitam ser questionadas.

Mas uma vez parando de se questionar, ficando imerso nesses pretextos e expectativas da "sociedade", sem perceber, o jovem fica velho, escravo dos medos e condicionamentos, anêmico na alma. Acaba a espontaneidade, a inocência, o brilho e o senso de maravilhamento.

Não se permita ceder ao medo de ser diferente do outro, de pensar diferente do padrão vigente, de não ser um filho(a) obediente que orgulha os pais, um cidadão "correto", ou um funcionário "produtivo". De fato é provável que na busca pela liberdade, se tudo correr bem, muita gente ficará frustrada por você não corresponder às expectativas delas. Se isso for feito de um lugar de clareza e compreensão, então é uma rebeldia com sabedoria.

4. A verdadeira rebeldia é fruto da compreensão

Existe a rebeldia que é ignorante e violenta. É uma revolta contra algo, está à serviço de ideologias, ideais e filosofias. E opera na lógica do certo vs errado, dos bons contra os maus.

Mas existe uma outra qualidade de rebeldia, que não está à mercê dessas dualidades. É a rebeldia que vem da sabedoria, do desprendimento dos condicionamentos, de quem já curou suas feridas e está em paz consigo e com os outros. E sua ação vem do amor, está à serviço da vida.

Esse rebelde não é um nacionalista, ambientalista ou ativista, mas um Ser Humano sem nação, bandeira ou causa. Sua preocupação é com a totalidade da vida.

Osho Zen Tarot

A figura de poder e autoridade desta carta é, visivelmente, de alguém que é senhor do seu próprio destino. Em seu ombro, há uma representação do sol, e a tocha que ele segura na mão direita simboliza a luz da sua própria verdade, arduamente conquistada. Rico ou pobre, o Rebelde é de fato um imperador, porque quebrou as correntes do condicionamento repressivo e das opiniões da sociedade. A sua própria maneira de ser é rebelde — não porque esteja lutando contra alguém ou contra alguma coisa, mas porque ele descobriu a sua própria natureza verdadeira e está determinado a viver de acordo com ela. O rebelde nos convida a ser suficientemente corajosos para assumir responsabilidade por quem somos, e para viver a nossa verdade.

5. Aposte todas suas fichas na Liberdade

Para alguns que lêem este texto, será apenas mais um artigo. Mas para os que estão insatisfeitos, confusos, sem respostas, e não se deixam vencer pelo conformismo, mesmo sem entender direito, é porque existe fogo, desejo de liberdade dentro de si. Essa é a coisa mais preciosa a ser cuidada. E que se juntada com persistência e sinceridade, tem o sucesso como GARANTIA.

Às vezes lemos ou ouvimos coisas que soam maravilhosas, mas aparentam ser muito distantes da gente. Parecem ser coisas para mestres de algum lugar distante no oriente. Isso é só mais um condicionamento equivocado!

Hoje olhando para trás, mesmo quando eu era cético com relação à questões espirituais ou ignorante no autoconhecimento, vejo como todas as situações, na época improváveis e sem correlação nenhuma entre os fatos e "coincidências", foram tecidas para eu estar aqui hoje. O que quero dizer é que, sabendo disso ou não, acreditando ou não, existe uma guiança interior que nos leva na direção certa. O único porém é que quando não ouvimos essa guiança, batemos num trecho sem saída e aí o sofrimento cumpre seu papel de nos obrigar a rever nossas ações e retomar a rota.

Mesmo estando com medo, se dizemos SIM para a busca, a vida cuida de nos prover com orientação adequada a cada momento necessário. É uma lei que responde à sinceridade do buscador. E aí os desafios virão feitos à medida.

Essa é a maior aventura feita para nós, jovens rebeldes: o encontro com a suprema felicidade. "Não se contente com nada menos do que isso", dizia Satyavan…

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