casualmente, dedicado

(8 poemas dedicados, por acaso)

André Frazão
2 min readJun 24, 2024

COMO

como vou dizer que te amo
se não estou nos teus planos
se não sou mais parte de ti

como posso insistir
em te ver e te escrever
se o que sinto por você

tenho agora que oprimir
como irei sentir teu cheiro, teu sabor
se preciso lidar com o amargor

de não mais te encontrar
como irei te amar
se nem sei onde você está?

MUDANÇAS

é que tudo que era não virou um não sei
estranho mudar para talvez
o que outrora era negação.

mas não quero te cobrar escolhas
antecipar decisões
saberás lidar com tudo
sem precisar das minhas pressões.

nada posso te prometer
é duro, eu sei
mas algo há de se fazer.

CAMINHO

meu amor por ti é mansinho
não grita, não corre
anda bem devagarinho
sem pressa de chegar

sabe ele que todo caminho
se acaba quando se chega.

CASUALMENTE

Se meus poemas tu continuares lendo
Vendo em mim sentimentos crescendo
Por uma outra pessoa

Se notares fluir à toa
Algo casualmente
Casos que não escolhemos
Mas que escolhem a gente

Se surge em mim um novo amor
A quem tudo dedicarei
Poemas, contos, escritos avulsos
Meu dia, minha vida, minha lei

Te encherás de felicidade
Ou a amargura tirará de ti a verdade
Que nunca tiveste coragem de antes me falar?

CONDENADO

Agora, qualquer filme francês com legenda me lembra você
Quando vejo um casal compartilhando cigarros imagino que poderíamos ser nós
Ouço Gal e lembro de você
Leio Clarice e lembro de você
Toda arte que consumo me leva a você ou traz você para mim
E eu não sei viver sem arte!
Estou condenado a não te esquecer
Por mais que te evite.

PASSADO VIVIDO

Haverá o último presente, a última presença
Veja só que dura crença
Que por mais que digas ser banal
No fundo sabemos que é real

Haverá o último beijo, o último abraço
Desatados estamos, não resta mais laço
Mas temos ainda o que não se destrói
O passado vivido, que o tempo corrói

No entanto, não altera.
Passam-se eras, mas o que foi vivido se mantém.

SATURNO

Tantas precipitações, escolhas cruéis
Ao fim, bom para Saturno, que manterá os anéis
Que não mais roubarei para você

Apesar de toda encrenca
De todo o auê
Seremos sós com os nossos alguéns

Tudo é constante, eu sei
Nada se mantém
O futuro há de se desenrolar.

UM AMOR

tem um amor no meu peito
preso
trancafiado
com um pano na boca

que felicidade
sinto em tê-lo

que amargo
que ele não possa berrar quem se ama.

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