sempre a ti (II)
(10 escritos de saudade)
OUTRA VEZ
queria mais de você,
te ver
sorrir.
cumprir
promessa de mil beijinhos
cheiros, carinhos
te entregar,
e te amar
uma outra vez.
TRISTE
Que triste não ter a incrível mesmice
De ter ver aos finais de semana
Não te falar de Clarice
Não te amar na minha cama
Que triste só te ver por acaso
Em um final de noite qualquer
Num trânsito já escasso
Por um retrovisor ralé
Que triste comparar o antes com o agora.
ESCOLHAS
a saudade de você
que sinto todo dia
que arde em demasia
que não para de crescer
parece não entender
que sou falho e humano
que dói esse sentir profano
que não cansa de me corroer
essa saudade de você
que foi escolha errônea, mas pensada
mostra que é emboscada
crer que tudo posso prever
essa saudade de nós dois
mostra minha fragilidade
por achar que minha verdade
é única e não pode ficar para depois
como bate essa saudade
de forma grotesca, sem piedade
no meu pobre coração
que sofre crendo na justa condenação
por tudo ser mérito do escolher
mas que é a escolha
a humanidade
o viver?
senão esse arrependimento
por em diversos momentos
achar que pensar é saber
de fim, ficam os duros sentimentos
a amargura do erro
mas a certeza que não há medo
que a mudança ainda pode ocorrer.
DERROTA
Como não extrair da derrota essa amargura?
Hei de apagar da memória o que todos me recordam?
Se todos dizem que não tenho mais a vitória em minhas mãos
Impossível fugir, fingir… meus próprios órgãos discordam
Há como discutir com o cérebro? Há como enganar o coração?
E QUANDO
evitando os “e se”
e lembrando de ti
que és o meu “e quando”
MEMÓRIAS
Vejo uma recordação
Lembro dos encontros
Das risadas, dos carinhos
Do encantos
De mansinho
Com os dedos, com a mão
Vejo uma foto com teu semblante
Teu sorriso, que emboscada!
Rememoro a gargalhada
Penso que nunca serei como antes
Feliz enfim por ser só teu
Por ter em ti, complemento meu
Por ser para ti, todo dado
Mas nosso amor, no peito ainda guardo.
ME ESPERA
me espera, amor
te espero também
em breve eu vou
logo, logo tu vens
será outra vez doce
as gargalhadas voltarão
voltarão também os beijos
nada disso foi em vão
me espera, amor
não esquece de mim não.
SE POR ACASO
Não vou seguir te procurando
Pois tenho medo de te encontrar
Mas vou torcendo para que me aches
Perdido em algum lugar
E se por acaso me achares, bem
Por via das dúvidas me encontrares bem
É farsa, podes me abraçar
Desmanchar-me-ei nos teus braços
Farei dos encontros laços
Em ti tentarei me encontrar
Aí acho que me perdi
Ai, acho que me perdi
Em ti.
CONTA-ME
Como é teu penteado
Como vai o teu humor
Que tens feito todo sábado
Onde tens buscado amor
Quem te tira boas risadas
Alguém escuta tuas mágoas
Por que mãos és acolhida
Como vai a tua vida
Encontrada ou perdida
Seguindo e traçando planos
Ou apenas improvisando
Vivendo e comemorando
Mais sorrindo ou mais chorando
Conta-me, minha querida.
MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS
Eu sei que você não é a mesma
Não vou mentir dizendo que sou o antigo eu
Negar tais mudanças seria se fechar
Abrir mão de uma maturidade necessária
Mas ainda possuo o carinho e amor por ti
O jeito de agir, as piadas sem graças, a forma de dirigir
As opiniões políticas, o jeito de escrever
O cabelo grande, o desejo por você
Todas essas formas, esses jeitinhos outrora citados
Foram mantidos, não os deixei de lado
As mudanças foram outras, necessárias e reais
Feitas no árduo dia a dia, lentas mas letais
Sei que também passas por essas mudanças
E espero que esse nosso processo seja a semente da esperança
De um futuro regresso onde possamos nos entregar
E infinitas vezes eu possa repetir: Agora unidos, felicidade há.