O PT criou Bolsonaro, parte 4

A dominação cultural

Ariel Paiva
A Dissidência
5 min readOct 27, 2018

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>>> O PT criou Bolsonaro, parte 1

>>> O PT criou Bolsonaro, parte 2

>>> O PT criou Bolsonaro, parte 3

Sabe aquela história que você sempre escuta no almoço de família que o Brasil precisa de pessoas boas, que precisa mudar as atitudes, que o povo brasileiro isso, que o povo brasileiro aquilo? Isso é a cultura. Como essa mudança acontece? É preciso ocupar espaços e colocar o seu lado da história para ser ouvido. Aos adeptos do método diáletico, é preciso colocar a tese frente à antítese e ambos, passando por um processo de discussão, formam a síntese. Mas para quem inventou o mensalão, convencimento e retórica não são necessários: basta pagar.

À exemplo do que fez com a política e com a economia, o Partido dos Trabalhadores quis monopolizar o discurso cultural brasileiro. Se só existe um lado da história, o próprio, o partido nunca estaria errado nas suas deciões, nunca seria contrariado em suas declarações e massacraria a oposição que, de tão pequena e isolada, morreria. Se as músicas pregam revolução, as escolas subordinação e os jornais o catastrofismo, quem poderá nos salvar se não o único dono das boas intenções no país, o Estado esquerdista?

O ENSINO

A ocupação das escolas e universidades pelo espectro esquerdista é antiga e, também por isso, expressiva. Em época de ditadura militar, os centros de ensino, já antigos rincões dos partidos comunistas, tornaram-se de vez o quartel general dos movimentos revolucionários em época de Guerra Fria.

A disputa entre Estados Unidos e União Soviética acabou. Acabou? Não para os professores, diretores e reitores, que ainda dão aulas com sentimento de revanche para seus alunos, exacerbando o nós contra eles e apontando o neoliberalismo e o imperalismo americano como os principais culpados pela desgraça econômica dos países governados pela extrema-esquerda.

Como não há pluralidade de ideias, muitos alunos saem do ensino regular sem sequer saber da existência de correntes como a de Pikkety, à esquerda, Burke, o conservadorismo, Keynes, no centro ou Smith e o liberalismo. Talvez assuntos muito profundos para serem abordados com quem tem seus catorze, quinze ou dezesseis anos? Talvez. Contudo, nada disso faz parte do currículo, nem como conteúdo interseccional. Experimente perguntar quem é o culpado pela crise de 29 e de 2008. A resposta será uníssona.

Da porta da escola pra fora, tudo que o professor não ensina é fascismo. Compreensível, afinal não se conhece outra ideologia se não a marxista em seus termos gerais, o que dá margem, inclusive, para youtubers tirarem onda com essa idolatria cega.

É por isso que o PT fez questão de encher as cidades de faculdades públicas, distribuindo dinheiro para o funcionalismo estatal via criação de cargos e aumentos de salários. Este, por sua vez, viu seu padrão de vida subir quando o Partido dos Trabalhadores esteve no poder, ou seja, criou-se uma relação de dependência e submissão ao governo. Isso se reflete na sala de aula: privatizações são rechaçadas, o estado mínimo é o espantalho preferido e a universidade não só precisa se manter, mas ser expandida — mesmo que isso signifique greves intermináveis.

Os alunos também se beneficiaram com o aumento do número de universidades públicas, finalmente submetendo-se à vontade do governo, não importa o quanto isso custe ou se a família pode pagar pelo seu ensino. Mesmo quem entra com um pé atrás, é bombardeado diariamente com o ensino esquerdista, os amigos socialistas e as manifestações pela “democracia”. Para não viver quatro anos sozinho naquela que muitos dizem ser “a melhor fase da vida”, é necessário se aliar com essas pessoas que, sendo maioria, pensa-se, devem ter razão.

A ARTE

Tente se lembrar das músicas anti-ditadura militar, aquelas dos anos 60 e 70. Letras lindas, versam sobre liberdade política, de expressão e civil. Econômicamente não havia problema nenhum, afinal foi a época em que o estado mais se aparelhou. “Pena que não era a minha ditadura”, diriam alguns.

Trecho da entrevista em que Eduardo Jorge confessa que a guerrilha esquerdista não era por liberdade, mas por uma ditadura amiga.

Se o cidadão que está hoje na faculdade quiser ouvir algo que contrarie seu professor para se sentir parte de algo, o que ele escuta? Os tão ditos clássicos são Caetano Veloso, Chico Buarque e Racionais MC’s. É fácil achar músicas sobre feminismo, racismo e opressão econômica. Nada disso chega perto de direita, conservadorismo, liberalismo ou individualismo, para citar algumas correntes contrárias às predominantes nas universidades.

A televisão e o cinema não são nada diferentes. Além das novelas repetirem o senso comum em algumas pautas, como o empresário e o político bandido, fizeram questão de incutar outras agendas não tão queridas pelo cidadão médio brasileiro, como a homossexualidade. O programa que se tornou símbolo desse progessismo da classe artística é o Encontro com Fátima Bernardes — que deu ainda mais munição para a oposição quando anunciou seu namoro com um esquerdista de mão cheia.

Como já é ponto pacífico entre a população nacional que o cinema brasileiro está falido, os influenciadores do ramo deixaram de ter voz e até mesmo de incomodar a opinião pública há algum tempo. Demonstrando o cansaço com os temas já tão recorrentes e debatidos na produção tupiniquim, o último filme que fez sucesso estrondoso foi a sequência deTropa de Elite, de José Padilha — um filme que exalta o “bandido bom é bandido morto”.

Para fechar essa conta, no governo petista a Lei Rouanet ganhou força e com ela uma polêmica gigante envolvendo favorecimentos, mesmo que grande parte seja apenas gritaria e mentira.

A MÍDIA

“O que existe no mundo e que pode existir no Brasil é regulação da mídia.” — José Dirceu no Roda Viva, 2010

Por fim o mais importante, o controle da mídia. À parte das ameaças de “controle social da mídia”, “regulação da mídia” e todo tipo de intervenção à liberdade de imprensa que foi ventilada pelo PT, o que houve durante os anos petistas foi um favorecimento declarado e sem precedentes dos jornais e blogs amigos.

Em prática hoje muito conhecida por conta das atitudes de Jair Bolsonaro, o encampamento virtual torna um factóide, uma meia verdade ou uma narrativa em verdade absoluta. Realizando replicações de notícias, matérias e reportagens no mesmo tom e com o mesmo posicionamento, todos irrigados à dinheiro de impostos, o Partido dos Trabalhadores tornou quase impossível encontrar a verdade no meio do lamaçal do disse-me-disse.

Os “jornalistas” de rabo preso praticaram durante todos os anos da esquerda no poder, principalmente nos últimos anos, devido ao crescimento da internet no Brasil, um grande Lulazord. Já que a sobrevivência dos blogs, sites e influenciadores dependia da verba governamental, evidente que não existia crítica ao governo, só flores, o que povoava as timelines de todo o Brasil com versões da história que, acima de tudo, representavam desonestidade intelecutal, uma afronta ao leitor, que pensava estar lendo um texto imparcial e isento, já que essa era a roupagem desses textos.

A escola, a música e o jornal. O PT tentou ter tudo e chegou muito perto de tê-lo. A história de como o Brasil tenta sair desse buraco, da maneira errada, é o último capítulo da série “O PT criou Bolsonaro”.

>> CAPÍTULO 5: A CAPTURA DE MENTES

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Ariel Paiva
A Dissidência

Senior administrative on VC-X Solutions. Addicted to podcasts and strategy games.