Olavo de carvalho explica porque não é evangélico, e (usando fraudes) apenas demonstra porque muitos não são católicos — Parte 1.

BrigadaBrasil
9 min readSep 12, 2018

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Como é do seu metiê, Olavo de carvalho vive de fazer provocações aos protestantes na forma de “questionamentos sinceros e cheios de boas intenções”. Já demonstramos aqui mesmo nesse blog, como ele defende revisionismo da inquisição baseado em besteiras como : “teoria da conspiração protestante”.

Neste artigo iremos demonstrar as fraudes de Olavo usadas no texto: “Por que não sou ‘evangélico’”. Não que o motivo de Olavo para ser ou não ser qualquer coisa, seja do nosso interesse, mas evidentemente faz o interesse de uma massa de ‘evangélicos’ (protestantes) que estupidamente ainda o seguem, porque são desprovidos de senso crítico ou vergonha na cara.

Vamos começar?

A técnica aqui é a seguinte: Olavo já começa com uma ad ignoratiam (falácia da ignorância) prévia, referindo “não ser autoridade” — exatamente pra se blindar de análise crítica, ou ainda se travestir de uma autoridade que alegadamente não possui — mas que lhe será atribuída pelo leitor, talvez considerando: “Ora, Olavo não é teólogo mas ele leu bastante, logo deve estar com a razão”.
É bem simples o conceito, é como se dizer:

👉“Olha eu não sou padre, MAS aprendi a rezaré assim que se faz, deixa eu te ensinar”.
👉“Olha, eu não sou médico, MAS conheço um santo remedinho, deixa eu te falar”.

Para entender melhor analise o parágrafo:
Olavo diz que “não é autoridade, mas sabe ler e compreender”. Desta forma se alguém refutá-lo (sendo uma autoridade ou não), ele pode usar três variações argumentativas: (1) alegar que a pessoa “não leu e não compreendeu direito” como ele, (2) alegar que errou nisso ou naquilo por desconhecimento já que ele “não é uma autoridade”, (3) acusar o adversário de “ad verecudiam” (falácia de autoridade), e assim usando qualquer uma das variações ele tentaria se safar da refutação.

A seguir, Olavo vai elencar pontos em que ele vai demonstrar sua sábia ignorância e provar que “evangélicos” (protestantes) são hereges:

Isso é claramente uma falácia do espantalho. Nenhum evangélico afirma que “está salvo porque acredita, ou leu a bíblia”. Isso porque qualquer evangélico que tenha lido a bíblia, sabe que a salvação é um conjunto de coisas, que vão além da mera leitura, ou crença no livro. Por outro lado, evangélicos também sabem que as palavras e ações de Deus ESTÃO REGISTRADAS NA ESCRITURA. Isso já era reconhecido pelo próprio Cristo, quando ele mesmo as lia (Lucas 4:18–21), quando citava o velho testamento (Marcos 11:17) e depois pelos seus apóstolos quando referiam qualidades especiais às escritura (2 Timóteo 3:16) tais como:

A) — Divinamente inspirada.
B) — Proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
C) — Confere PERFEIÇÃO ou “plenitude”.
D) — Confere competência para TODA boa obra.

Se a escritura não fosse digna de ser acreditada como inspirada por Deus, Cristo não a teria lido, citado e tão pouco se importaria com ela sendo cumprida NELE ( João 5:39) e pouco se importaria se ela fosse ou não desprezada ( João 10:35). Os Bereanos não a usariam como “medida da verdade” ao confrontar as afirmações de Paulo em pregação (Atos 17:11)

Se a escritura fosse irrelevante, Olavo não a citaria em parte alguma do seu texto (mas ele cita), embora infira não ser necessário “acreditar na bíblia”… interessante é que a igreja católica romana acreditava tanto nela, que a “guardou” durante séculos, e até condenava à morte quem ousasse traduzi-la para outros idiomas, ou simplesmente a ler “sem autorização” (um artigo somente sobre isso será publicado futuramente).
O que Olavo pretende?, que se ignore a escritura pra se ouvir o que padres, bispos regionais e o papa dizem? Qual diferença daquele evangélico que só ouve o “pastô”?

Aqui a tática é a seguinte: No item 2, Olavo joga uma definição de “rito”, pra de acordo com esta definição... alegar (no item 3) que Cristo fundamentou um “rito” e não “um memorial”, e que este “rito é a chave da salvação”. Só que exitem 3 FRAUDES nestas alegações:

1º) Ele ignora que em Lucas 22:19 Cristo disse: FAZEI ISTO EM MEMÓRIA (Note que Olavo dá ênfase APENAS à frase “fazei isto”, e traduz ela do grego com o intuito de destacá-la e separá-la da palavra que vem em seguida). Cristo disse “FAZEI ISSO EM MEMÓRIA” e não “Fazei disto um rito”, “fazei disto uma tradição’, “fazei disto um costume”. Já existiam vários rituais realizados pelos Judeus, alguns até condenados por Jesus como “tradição de homens” (Marcos 7:8,9,13). Não haveria motivo para Jesus não usar a palavra “rito”, “costume”, ou “tradição” palavras bem usadas à época. Mas Cristo escolheu especificamente A PALAVRA MEMÓRIA portanto se tratava de um MEMORIAL. O fato de ser memorial não tira a importância do evento.

Ainda que se entenda que um memorial seja feito com certa frequência, há de se notar que Jesus, não à toa, escolheu a data da ceia em plena comemoração da páscoa judaica (Mateus 26:1,2) e esta ocorria somente 1 vez por ano.
O entendimento posterior dos apóstolos ao chamar cristo de “nossa páscoa” (1 Corínthios 5:7,8) evidencia que Cristo instituiu ali um memorial anual para que se recordasse do SIGNIFICADO ESPIRITUAL de sua morte sacrificial, e não simplesmente repeti-la todo domingo em sentido físico/material/literal (afinal Cristo “morreu uma vez por todas” — 1 Pedro 3:18, Hebreus 7:27)

2º) Quando Cristo tratou de pão e vinho, ele os fez SIMBOLICAMENTE.
É evidente que Cristo NÃO SE TRANSFORMOU LITERALMENTE EM PÃO NEM EM VINHO, principalmente na primeira celebração da ceia, em que ele não havia morrido. A linguagem utilizada por Cristo nessa ocasião é semelhante àquela que utilizou quando ele referiu a si mesmo como o “TEMPLO que seria derrubado em três dias” (João 2:19–21). A mesma linguagem é usada em apocalipse, quando se afirma sobre “aqueles que lavaram sua vestes e alvejaram no sangue do cordeiro” (Apocalipse 7:14). A mesma linguagem quando Cristo afirma ser “o pão da vida” (João 6:48), “a porta”(João 10:9), “fonte de água da vida”(João 4:14).
Como se sabe: sangue não lava roupas, Cristo não se “transformou” em porta para pessoas passarem, templo para adorarem, pão para comerem, nem água para beberem, e muito menos pastava como cordeiro… esses são termos figurados usados para se passar UM SIGNIFICADO - foram símbolos usados para que pessoas leigas pudessem entender a importância de Cristo através de coisas comuns de seu próprio cotidiano. CRISTO É TODAS ESSAS COISAS, mas EM SENTIDO ESPIRITUAL, não em literalidade material. Alguém que se julga “filósofo” deveria saber esta singela diferença.

3º) A alegação de que “O rito” da eucaristia “Transforma” (transubstancia) MATERIALMENTE (e portanto fisicamente) o corpo e sangue de Cristo, é puramente um dogma CATÓLICO ROMANO, que transformou isso em um “milagre” de sua igreja. Esse “milagre” tem por objetivo investir o simbolo de materialidade, e então afirmar que somente a igreja que arroga possuir o milagre “é a verdadeira”. Mas quando católicos afirmam que o pão e vinho se “transformam” materialmente no corpo e sangue de Cristo, o qual eles consomem materialmente, o ônus da prova cabe a eles — e a escritura não colabora com a tese, ao contrário, tendo Cristo morrido “uma vez por todas” (Hebreus 7:27) e ressuscitado em um corpo glorificado, incorruptível, espiritual e imutável, não existe qualquer razão para se transmutar em matéria corruptível (pão e vinho).
O cristianismo não tem qualquer vínculo com tal ritual pagão defendido pelos “pais da igreja”, em uma época em que todos os discípulos diretos de Cristo jaziam mortos. Não é fazendo drama sobre o que dizem os ‘evangélicos’ (protestantes) que os católicos vão provar alguma coisa.

Não há qualquer descrição ou registro dos discípulos e apóstolos de Cristo referindo “transubstanciação” — menos ainda, que por meio desta, pão se tornava materialmente carne, e vinho materialmente sangue — Até porque o consumo de sangue ainda era relacionado à idolatria de nações pagãs (Atos 15:29). Pra colocar a ultima pá de cal: Também não existe qualquer apóstolo DIRETO de Cristo que infira que a “eucaristia” (nome dado ao rito católico romano) seja “o ponto culminante da revelação cristã, a chave da salvação”. A salvação prevista no evangelho é um conjunto de coisas complementares:

1 — Graça (Efésios 2:8)
2 — Conhecimento (João 17:3, 2 Timóteo 3:16, Atos 8:31)
3 — Fé e Batismo (Atos 16:30–33),
4 — Obras (Thiago 2:17, Apocalipse 20:12)
5 — Perseverança (Mateus 24:13)

Incluí-se nestes 5 pontos, o memorial como: originado pela graça, transmitido pelo conhecimento, admitido por fé e batismo, e realizado ano a ano como uma obra de perseverança.

No memorial, no batismo, assim como em outras ações e obras (em matéria de fé), o ESPÍRITO SANTO está presente, e desta forma admite-se A PRESENÇA ESPIRITUAL do Cristo, exemplos na escritura não faltam nesse sentido (João 14:16,17 / Atos 2:1–6 / Atos 2:38 / Efésio 5:18–20 / Atos 19:6).

Portando a alegação de Olavo, de que para “não católicos” o memorial seria desprovido de poder, de importância e espiritualidade, é FALSA. Os espantalhos que Olavo usa (Lutero e Calvino), para nós do Brigada SÃO IRRELEVANTES, aqui tratamos das ações praticadas pelos APÓSTOLOS DIRETOS de Cristo, registradas na escritura. Se algum “papa”, ou até mesmo algum reformador tenha alterado esse entendimento (e conduziram pessoas ao erro), eles se entenderão com o Altíssimo.

Já é fato consumado, o objetivo de Olavo é instigar reações emocionais de protestantes e depois se fazer de vítima (nada muito diferente do que fazem os esquerdistas que ele acusa), só que diferente daquilo que Olavo sempre exige dos incautos que humilha — ELE NUNCA IRÁ SE RETRATAR. Em próximo artigo vamos demonstrar como ele usa essas reações emocionais que provoca com um objetivo bem específico.

A maioria dos evangélicos e protestantes, como são INOCENTES (essa inocência não é aquela salutar, mas baseada em ignorância mesmo)…apesar de argumentarem de forma excelente, se enganam quando acham que isso é um debate:

Mas eis que quando Olavo é refutado e passa vergonha pública, tem sempre um seguidor de sua seita pra tentar fazer a “contenção de dano”:

Notaram? O Olavete pede “respeito” (mas o Olavo não precisa respeitar), depois ele diz que o debate “precisa ser justo” (que interessante, é “injustiça” refutar o Olavo com base na ADMITIDA ignorância com a qual ele mesmo inicia seu texto?) e por último invoca UM TERCEIRO (o qual nem participava do debate original, ou seja, a tentativa é fazer parecer que o Olavo “não era o adversário adequado” e por isso estaria sendo “alvo de injustiça”). É uma inversão de valores abjeta — ao mesmo tempo que Olavetes usaram o texto em rede social como se fosse o suprassumo da teologia (“porque Olavo tem sempre razão” né?).
Sabe porque todo Olavete pede um “debate ao vivo”? PRA IGNORAR QUE OLAVO NUNCA ACEITA DEBATES AO VIVO (somente por escrito) e ao mesmo tempo EVITAR QUE O ADVERSÁRIO TENHA ACESSO à bibliografia — sendo assim quem “lacrar mais na openeaum” durante o debate ficaria com a razão.

Essa parte da direita é mesmo mais baixa que a escória.

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